quarta-feira, 30 de junho de 2021

A falácia de que Haddad foi derrotado pelos votos nulos e brancos

 Até hoje alguns eleitores de Haddad repetem a falácia de que foram os votos nulos e brancos que o levaram à derrota. Este texto destina-se aos que, de boa fé, até hoje acreditaram nisso.

Mas as pessoas que tenham se detido sobre os números da votação no 2º turno das eleições presidenciais de 2018 sabem que isso não é verdade. Abaixo, o quadro com as apurações oficiais divulgadas pelo TSE:


Do quadro, vê-se que a diferença da votação de Bolsonaro e de Haddad foi de 10.756.941 (57.797.847 - 47.040.906) votos.

Do quadro, também, observa-se que o total de votos nulos e brancos foi de 11.094.698 votos.

Pessoalmente, desconheço qualquer pesquisa posterior à eleição que pudesse identificar, dentre os que votaram nulo ou branco, qual o percentual desses eleitores que consideravam Haddad o candidato “menos pior”, e que, portanto, poderiam ter votado nele. De resto desenhar uma pesquisa deste tipo é, no mínimo, de quase impossível formatação, por ser quase impossível identificar quem votou nulo ou branco com o voto secreto.

Não se podendo obter esse percentual, a melhor hipótese é a de que desses eleitores 50% julgavam Haddad o menos pior e que 50% julgavam a Bolsonaro o menos pior. Portanto, Haddad, se todos os que o consideravam o menos pior votassem nele, ele receberia, além dos votos que recebeu, mais 50% de 11.094.698, ou seja, 5.547.349. Estes votos, evidentemente, não seriam suficientes para lhe dar a vitória!

Mas, talvez, essa análise não seja suficiente para convencer aos que até agora acreditaram nessa falácia. Consideremos, então, que 90% dos votos nulos e brancos tivessem sido dados a Haddad; ou seja, 90% de 11.094.698, o que resultaria em 9.985.228 votos. Mas ele precisaria de pelo menos mais 10.756.941 para pelo menos empatar com Bolsonaro!

Não me é prazeroso destruir ilusões. Mas defendo que somente derrotaremos o obscurantismo bolsonarista com os fatos e sem obscurantismos ou negacionismos de qualquer outra natureza.

Sei que apesar dessa prova muitos ainda continuarão a repetir essa falácia. Mas aqui o caso já será outro, os de construtores conscientes de narrativas falaciosas, que chamamos de FakeNews. A estes eu combato e convido todos a combatê-los!

Um comentário:

  1. Perfeito. E na mesma linha e se utilizando da mesmo exercício se demonstra também a falácia de que se Ciro Gomes tivesse apoiado Haddad, ele derrotaria Bolsonaro. Basta raciocinar que Ciro Gomes obteve 13.344.366 no 1o turno. Seria necessária uma transferência de mais de 80% de seus votos para Haddad poder vencer Bolsonaro. Ora, qq pessoa de bom senso sabe que dentre os votos obtidos por Ciro Gomes, com muito boa vontade, a metade são votos seus e a outra metade foram votos para evitar Bolsonaro e o PT.No fundo, como diz uma amigo meu, ai da Roda, o pessoal está com dificuldade de entender por que "a mudança mudou de lado em 2018?". Rs

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