segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Em defesa da democracia e da Lava-Jato.

Digladiam-se duas teses, no que concerne ao combate à corrupção, no campo dos que defendem a democracia.

A primeira, dos que defendem o caráter democrático de acabar com a impunidade dos crimes de colarinho branco como uma condição para construir as premissas de um país em que não haja brasileiros acima da lei. Querem aperfeiçoar os mecanismos institucionais para o combate à corrupção e ao crime organizado, repudiam qualquer tipo de ditadura e somente querem viver sob a égide de um Estado Democrático de Direito.
Os dados, fatos e provas (e restituição de dinheiro) trazidos pela Operação Lava-Jato mostraram a gravidade da corrupção sistêmica envolvendo uma aliança tácita entre os caciques de poderosos setores econômicos, os caciques partidários (à esquerda e à direita do espectro político), representando as velhas e novas oligarquias da política, e a cúpula do poder judiciário, neste último caso, solidamente implantada no STF. Torna-se impossível a qualquer pessoa de bem recusar as graves consequências sociais, econômicas e morais trazidas à sociedade, pois a corrupção tornou-se, por si só, uma barreira ao nosso desenvolvimento sustentável!

A segunda tese, defendida pelos "garantistas", é de que o combate à corrupção tem que respeitar o princípio da garantia do direito de defesa, que é um dos pilares fundamentais da justiça e do Estado Democrático de Direito. Mas quem pode ser contra esta tese? Ela deve ser defendida por todos os democratas!

Então, onde está o problema? É que os defensores desta segunda tese estão a ponto de anular todos os processos e condenações conduzidos no âmbito da Lava-Jato, reconhecidamente baseados no cumprimento do devido processo legal, sob o argumento de que o "réu-delatado" não teria sido ouvido depois do "réu-delator". Uma conveniente inovação jurídica, decidida pelo STF no dia 26/09/19, que poderá anular dezenas de condenações já sentenciadas em várias instâncias. 

Suponhamos que essa norma seja necessária e justa. Mas ela poderia prevalecer, retroativamente, para os julgamentos e sentenças já proferidas quando essa norma ainda não existia? Não, não parece razoável, a não ser que se pretenda liquidar com os imensos avanços que já alcançamos no combate ao crime de colarinho branco!

O que é intrigante é que os defensores desta segunda tese, para fortalece-la, lançam mão, e se apoiam, em argumentos que, sabem, jamais poderão ser usados nos tribunais, garantistas que são, por não constituírem provas legais. Trata-se da divulgação pela Intercept dos diálogos entre Moro e Dallagnol que, supostamente, teriam feito combinações “ilegais” para conduzir os processos que dirigiam em uma atentatória aliança criminosa entre o acusador e o juiz para, ao final, proferir sentenças condenatórias previamente decididas.

Sou dos que discorda de que o juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol tivessem cometido ilegalidades intencionalmente. Mas, porque tiveram a ousadia de produzir tão relevantes resultados no combate à corrupção atuando nos limites da lei, isto incomoda a muita gente em um sistema jurídico e político aparelhado para garantir a impunidade dos poderosos! O que devemos é valorizar a competência, o compromisso público e a coragem incomum que revelaram, junto com os jovens policiais federais, para enfrentar tantos bandidos poderosos!

Os democratas têm uma proposta clara. Querem combater a corrupção, ao mesmo tempo em que não abrem mão do respeito ao princípio do devido processo legal, particularmente do respeito ao direito de defesa, sem o qual rui um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito. Mas não abrem mão de aperfeiçoar os mecanismos jurídico-institucionais para combater à corrupção e ao crime organizado! Tampouco aceitam retrocessos!

Do Ministro do STF Luís Roberto Barroso, trecho do prefácio que ele escreveu ao livro “Crime.gov - Quando corrupção e governo se misturam”, dos delegados federais Jorge Pontes e Márcio Anselmo; Ed. Objetiva, 2019; pp. 12 e 13.
“O enfrentamento à corrupção não precisa de punitivismo ou de vingadores mascarados. Nem Robespierre nem Savonarola. Basta aplicar a lei com seriedade, sem o compadrio tradicional da formação nacional, que acredita que alguns estão fora e acima da lei. Mas é preciso derrotar os parceiros dissimulados da corrupção, que se ocultam por trás de um estranho fenômeno: o garantismo à brasileira. Em outras partes do mundo, garantismo significa direito de defesa, devido processo legal, julgamento justo e, em alguns lugares - mas não todos -, direito a recurso para o segundo grau de jurisdição.
Entre nós, todavia, há os que sustentam uma versão distorcida de garantismo, significando direito garantido à impunidade, com um processo penal que não funcione, não termine e que jamais alcance qualquer pessoa que ganhe mais do que alguns salários mínimos. Os garantistas tupiniquins prendem, sem piedade, jovens pobres e primários com qualquer quantidade de drogas, mas liberam, com discursos libertários e tonitruantes, corruptos que sequer devolveram o dinheiro desviado e mantêm suas contas clandestinas no exterior.”
Não podemos nos deixar enganar! O que não podem esconder é que essa “inovação conveniente” na decisão proferida pelo Supremo tem como objetivo anular condenações, como já anulou a de Bendine, particularmente as de Lula e de outros condenados poderosos em fase de cumprimento de pena, e facilitar a vida, com as postergações que inevitavelmente virão, de outros que estão na fila para serem julgados.

Novamente, não podemos nos deixar enganar e deixar de ver e reconhecer que os três chefes de poderes da república, Bolsonaro, Dias Toffoli e Rodrigo Maia se uniram em um “acordão” para dar um fim à Lava-Jato. Bolsonaro nesta articulação? Sim, mesquinhamente, traindo aos seus eleitores, particularmente depois que o COAF flagrou o seu filho envolvido em operações financeiras ilegais!

Se poderia imaginar força mais poderosa? Mas se pensarmos, historicamente, isto não é nada surpreendente. A única surpresa, conjuntural, é a de Bolsonaro logo ter aderido a ela depois de ter convencido aos seus eleitores de que seria um presidente contra a corrupção e o toma lá dá cá. O deslumbramento e a desenvoltura atuais dos “garantistas” no poder legislativo e no STF, entretanto, jamais estaria ocorrendo, se não estivessem recebendo este apoio “inesperado” de Bolsonaro!

Cabe reconhecer que os que querem acabar com a Lava-Jato, conservadora e reacionariamente, com a sua visão particular de democracia e do Estado Democrático de Direito, jamais estiveram tão próximos de atingir os seus objetivos!

Mas desconhecem a força do povo que, agora, nas ruas e nas redes, passou a ter face, nome e perfil. Eles não estão mais dispostos a aceitar uma versão qualquer do Estado Democrático de Direito que tenta mantê-los passivos e explorados, pois não são nem se sentem mais, apenas, coadjuvantes anônimos dissolvidos nas massas agregadas dos “mercados” ou das “classes”. 

Cada indivíduo passou a ter consciência da sua liberdade e do seu valor. Agora eles querem ser protagonistas do seu destino!

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Íntegra do discurso de Bolsonaro na ONU.

O discurso de Bolsonaro na ONU, na manhã desta quarta-feira, dia 24/09/2019, foi o mais do mesmo. Faça-se, entretanto, justiça, ele foi fiel a si mesmo.

Mas não convenceu nem à comunidade internacional nem aos democratas brasileiros, em particular aos que nele votaram, pois foi um discurso repleto de meias verdades e de mentiras.

Todos terão tempo suficiente para analisá-lo e estudá-lo. Por ser o discurso do Presidente do Brasil, que foi eleito democraticamente, ele se constitui em uma peça política importante, por isso está aqui reproduzido na íntegra para estudo detido e fácil referência.


Falou para os Bolsonaristas de raiz, os que são afins com o seu pensamento ideológico conservador, que são os seus eleitores radicais ou desinformados, já que sabia que nada poderia oferecer de novo a essa audiência de chefes de Estado. Serviu, certamente, para reafirmar perante a comunidade internacional o seu ideário e alinhamento a um projeto de direita.

O seu núcleo radical de apoio deve ter entrado em júbilo, pois fez o seu discurso mais estruturado e longo unificando o seu pensamento, mas não interrompeu o inexorável afastamento da maioria dos seus eleitores, democratas que nele votaram para impedir a volta do PT ao governo.


Finalmente, demonstrou, claramente, a sua situação de refém ao prestígio de Moro, nacional e internacionalmente, quando o elogia, exatamente no momento em que lhe retira instrumentos essenciais para que realize com êxito a missão de combate à corrupção e ao crime para a qual o convocou.





Leia abaixo o discurso na íntegra (*); vídeo(**):


"Senhor Presidente da Assembleia Geral, Tijjani Muhammad-Bande,

Senhor Secretário-Geral da ONU, António Guterres, Chefes de Estado, de Governo e de Delegação, Senhoras e Senhores,

Apresento aos senhores um novo Brasil, que ressurge depois de estar à beira do socialismo. 

Um Brasil que está sendo reconstruído a partir dos anseios e dos ideais de seu povo. 

No meu governo, o Brasil vem trabalhando para reconquistar a confiança do mundo, diminuindo o desemprego, a violência e o risco para os negócios, por meio da desburocratização, da desregulamentação e, em especial, pelo exemplo. 

Meu país esteve muito próximo do socialismo, o que nos colocou numa situação de corrupção generalizada, grave recessão econômica, altas taxas de criminalidade e de ataques ininterruptos aos valores familiares e religiosos que formam nossas tradições. 

Em 2013, um acordo entre o governo petista e a ditadura cubana trouxe ao Brasil 10 mil médicos sem nenhuma comprovação profissional. Foram impedidos de trazer cônjuges e filhos, tiveram 75% de seus salários confiscados pelo regime e foram impedidos de usufruir de direitos fundamentais, como o de ir e vir. 

Um verdadeiro trabalho escravo, acreditem...

Respaldado por entidades de direitos humanos do Brasil e da ONU! 

Antes mesmo de eu assumir o governo, quase 90% deles deixaram o Brasil, por ação unilateral do regime cubano. Os que decidiram ficar, se submeterão à qualificação médica para exercer sua profissão. 

Deste modo, nosso país deixou de contribuir com a ditadura cubana, não mais enviando para Havana 300 milhões de dólares todos os anos. 

A história nos mostra que, já nos anos 60, agentes cubanos foram enviados a diversos países para colaborar com a implementação de ditaduras. 

Há poucas décadas tentaram mudar o regime brasileiro e de outros países da América Latina. Foram derrotados! 

Civis e militares brasileiros foram mortos e outros tantos tiveram suas reputações destruídas, mas vencemos aquela guerra e resguardamos nossa liberdade. 

Na Venezuela, esses agentes do regime cubano, levados por Hugo Chávez, também chegaram e hoje são aproximadamente 60 mil, que controlam e interferem em todas as áreas da sociedade local, principalmente na Inteligência e na Defesa. 

A Venezuela, outrora um país pujante e democrático, hoje experimenta a crueldade do socialismo. 

O socialismo está dando certo na Venezuela! Todos estão pobres e sem liberdade! 

O Brasil também sente os impactos da ditadura venezuelana. Dos mais de 4 milhões que fugiram do país, uma parte migrou para o Brasil, fugindo da fome e da violência. Temos feito a nossa parte para ajudá-los, através da Operação Acolhida, realizada pelo Exército Brasileiro e elogiada mundialmente. 

Trabalhamos com outros países, entre eles os EUA, para que a democracia seja restabelecida na Venezuela, mas também nos empenhamos duramente para que outros países da América do Sul não experimentem esse nefasto regime. 

O Foro de São Paulo, organização criminosa criada em 1990 por Fidel Castro, Lula e Hugo Chávez para difundir e implementar o socialismo na América Latina, ainda continua vivo e tem que ser combatido.

Senhoras e Senhores, 

Em busca de prosperidade, estamos adotando políticas que nos aproximem de países outros que se desenvolveram e consolidaram suas democracias. 

Não pode haver liberdade política sem que haja também liberdade econômica. E vice-versa. O livre mercado, as concessões e as privatizações já se fazem presentes hoje no Brasil. 

A economia está reagindo, ao romper os vícios e amarras de quase duas décadas de irresponsabilidade fiscal, aparelhamento do Estado e corrupção generalizada. A abertura, a gestão competente e os ganhos de produtividade são objetivos imediatos do nosso governo. 

Estamos abrindo a economia e nos integrando às cadeias globais de valor. Em apenas oito meses, concluímos os dois maiores acordos comerciais da história do país, aqueles firmados entre o Mercosul e a União Europeia e entre o Mercosul e a Área Europeia de Livre Comércio, o EFTA. Pretendemos seguir adiante com vários outros acordos nos próximos meses. 

Estamos prontos também para iniciar nosso processo de adesão à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Já estamos adiantados, adotando as práticas mundiais mais elevadas em todo os terrenos, desde a regulação financeira até a proteção ambiental. 

Senhorita YSANY KALAPALO, agora vamos falar de Amazônia. 

Em primeiro lugar, meu governo tem um compromisso solene com a preservação do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável em benefício do Brasil e do mundo. 

O Brasil é um dos países mais ricos em biodiversidade e riquezas minerais. 

Nossa Amazônia é maior que toda a Europa Ocidental e permanece praticamente intocada. Prova de que somos um dos países que mais protegem o meio ambiente. 

Nesta época do ano, o clima seco e os ventos favorecem queimadas espontâneas e criminosas. Vale ressaltar que existem também queimadas praticadas por índios e populações locais, como parte de sua respectiva cultura e forma de sobrevivência. 

Problemas qualquer país os tem. Contudo, os ataques sensacionalistas que sofremos por grande parte da mídia internacional devido aos focos de incêndio na Amazônia despertaram nosso sentimento patriótico. 

É uma falácia dizer que a Amazônia é patrimônio da humanidade e um equívoco, como atestam os cientistas, afirmar que a nossa floresta é o pulmão do mundo. 

Valendo-se dessas falácias, um ou outro país, em vez de ajudar, embarcou nas mentiras da mídia e se portou de forma desrespeitosa, com espírito colonialista. 

Questionaram aquilo que nos é mais sagrado: a nossa soberania! 

Um deles por ocasião do encontro do G7 ousou sugerir aplicar sanções ao Brasil, sem sequer nos ouvir. Agradeço àqueles que não aceitaram levar adiante essa absurda proposta. 

Em especial, ao Presidente Donald Trump, que bem sintetizou o espírito que deve reinar entre os países da ONU: respeito à liberdade e à soberania de cada um de nós. 

Hoje, 14% do território brasileiro está demarcado como terra indígena, mas é preciso entender que nossos nativos são seres humanos, exatamente como qualquer um de nós. Eles querem e merecem usufruir dos mesmos direitos de que todos nós. 

Quero deixar claro: o Brasil não vai aumentar para 20% sua área já demarcada como terra indígena, como alguns chefes de Estados gostariam que acontecesse. 

Existem, no Brasil, 225 povos indígenas, além de referências de 70 tribos vivendo em locais isolados. Cada povo ou tribo com seu cacique, sua cultura, suas tradições, seus costumes e principalmente sua forma de ver o mundo. 

A visão de um líder indígena não representa a de todos os índios brasileiros. Muitas vezes alguns desses líderes, como o Cacique Raoni, são usados como peça de manobra por governos estrangeiros na sua guerra informacional para avançar seus interesses na Amazônia. 

Infelizmente, algumas pessoas, de dentro e de fora do Brasil, apoiadas em ONGs, teimam em tratar e manter nossos índios como verdadeiros homens das cavernas. 

O Brasil agora tem um presidente que se preocupa com aqueles que lá estavam antes da chegada dos portugueses. O índio não quer ser latifundiário pobre em cima de terras ricas. Especialmente das terras mais ricas do mundo. É o caso das reservas Ianomâmi e Raposa Serra do Sol. Nessas reservas, existe grande abundância de ouro, diamante, urânio, nióbio e terras raras, entre outros. 

E esses territórios são enormes. A reserva Ianomâmi, sozinha, conta com aproximadamente 95 mil km2, o equivalente ao tamanho de Portugal ou da Hungria, embora apenas 15 mil índios vivam nessa área. 

Isso demonstra que os que nos atacam não estão preocupados com o ser humano índio, mas sim com as riquezas minerais e a biodiversidade existentes nessas áreas. 

CARTA 

A Organização das Nações Unidas teve papel fundamental na superação do colonialismo e não pode aceitar que essa mentalidade regresse a estas salas e corredores, sob qualquer pretexto. 

Não podemos esquecer que o mundo necessita ser alimentado. A França e a Alemanha, por exemplo, usam mais de 50% de seus territórios para a agricultura, já o Brasil usa apenas 8% de terras para a produção de alimentos. 

61% do nosso território é preservado! 

Nossa política é de tolerância zero para com a criminalidade, aí incluídos os crimes ambientais.

Quero reafirmar minha posição de que qualquer iniciativa de ajuda ou apoio à preservação da Floresta Amazônica, ou de outros biomas, deve ser tratada em pleno respeito à soberania brasileira. 

Também rechaçamos as tentativas de instrumentalizar a questão ambiental ou a política indigenista, em prol de interesses políticos e econômicos externos, em especial os disfarçados de boas intenções. 

Estamos prontos para, em parcerias, e agregando valor, aproveitar de forma sustentável todo nosso potencial.

O Brasil reafirma seu compromisso intransigente com os mais altos padrões de direitos humanos, com a defesa da democracia e da liberdade, de expressão, religiosa e de imprensa. É um compromisso que caminha junto com o combate à corrupção e à criminalidade, demandas urgentes da sociedade brasileira. 

Seguiremos contribuindo, dentro e fora das Nações Unidas, para a construção de um mundo onde não haja impunidade, esconderijo ou abrigo para criminosos e corruptos. 

Em meu governo, o terrorista italiano Cesare Battisti fugiu do Brasil, foi preso na Bolívia e extraditado para a Itália. Outros três terroristas paraguaios e um chileno, que viviam no Brasil como refugiados políticos, também foram devolvidos a seus países. 

Terroristas sob o disfarce de perseguidos políticos não mais encontrarão refúgio no Brasil. 

Há pouco, presidentes socialistas que me antecederam desviaram centenas de bilhões de dólares comprando parte da mídia e do parlamento, tudo por um projeto de poder absoluto. 

Foram julgados e punidos graças ao patriotismo, perseverança e coragem de um juiz que é símbolo no meu país, o Dr. Sérgio Moro, nosso atual Ministro da Justiça e Segurança Pública. 

Esses presidentes também transferiram boa parte desses recursos para outros países, com a finalidade de promover e implementar projetos semelhantes em toda a região. Essa fonte de recursos secou. 

Esses mesmos governantes vinham aqui todos os anos e faziam descompromissados discursos com temas que nunca atenderam aos reais interesses do Brasil nem contribuíram para a estabilidade mundial. Mesmo assim, eram aplaudidos. 

Em meu país, tínhamos que fazer algo a respeito dos quase 70 mil homicídios e dos incontáveis crimes violentos que, anualmente, massacravam a população brasileira. A vida é o mais básico dos direitos humanos. Nossos policiais militares eram o alvo preferencial do crime. Só em 2017, cerca de 400 policiais militares foram cruelmente assassinados. Isso está mudando. 

Medidas foram tomadas e conseguimos reduzir em mais de 20% o número de homicídios nos seis primeiros meses de meu governo. 

As apreensões de cocaína e outras drogas atingiram níveis recorde. 

Hoje o Brasil está mais seguro e ainda mais hospitaleiro. Acabamos de estender a isenção de vistos para países como Estados Unidos, Japão, Austrália e Canadá, e estamos estudando adotar medidas similares para China e Índia, dentre outros. 

Com mais segurança e com essas facilidades, queremos que todos possam conhecer o Brasil, e em especial, a nossa Amazônia, com toda sua vastidão e beleza natural. 

Ela não está sendo devastada e nem consumida pelo fogo, como diz mentirosamente a mídia. Cada um de vocês pode comprovar o que estou falando agora. 

Não deixem de conhecer o Brasil, ele é muito diferente daquele estampado em muitos jornais e televisões! 

A perseguição religiosa é um flagelo que devemos combater incansavelmente. 

Nos últimos anos, testemunhamos, em diferentes regiões, ataques covardes que vitimaram fiéis congregados em igrejas, sinagogas e mesquitas. 

O Brasil condena, energicamente, todos esses atos e está pronto a colaborar, com outros países, para a proteção daqueles que se veem oprimidos por causa de sua fé. 

Preocupam o povo brasileiro, em particular, a crescente perseguição, a discriminação e a violência contra missionários e minorias religiosas, em diferentes regiões do mundo. 

Por isso, apoiamos a criação do 'Dia Internacional em Memória das Vítimas de Atos de Violência baseados em Religião ou Crença'. 

Nessa data, recordaremos anualmente aqueles que sofrem as consequências nefastas da perseguição religiosa. 

É inadmissível que, em pleno Século XXI, com tantos instrumentos, tratados e organismos com a finalidade de resguardar direitos de todo tipo e de toda sorte, ainda haja milhões de cristãos e pessoas de outras religiões que perdem sua vida ou sua liberdade em razão de sua fé. 

A devoção do Brasil à causa da paz se comprova pelo sólido histórico de contribuições para as missões da ONU. 

Há 70 anos, o Brasil tem dado contribuição efetiva para as operações de manutenção da paz das Nações Unidas. 

Apoiamos todos os esforços para que essas missões se tornem mais efetivas e tragam benefícios reais e concretos para os países que as recebem. 

Nas circunstâncias mais variadas – no Haiti, no Líbano, na República Democrática do Congo –, os contingentes brasileiros são reconhecidos pela qualidade de seu trabalho e pelo respeito à população, aos direitos humanos e aos princípios que norteiam as operações de manutenção de paz. 

Reafirmo nossa disposição de manter contribuição concreta às missões da ONU, inclusive no que diz respeito ao treinamento e à capacitação de tropas, área em que temos reconhecida experiência.

Ao longo deste ano, estabelecemos uma ampla agenda internacional com intuito de resgatar o papel do Brasil no cenário mundial e retomar as relações com importantes parceiros. 

Em janeiro, estivemos em Davos, onde apresentamos nosso ambicioso programa de reformas para investidores de todo o mundo. 

Em março, visitamos Washington onde lançamos uma parceria abrangente e ousada com o governo dos Estados Unidos em todas as áreas, com destaque para a coordenação política e para a cooperação econômica e militar. 

Ainda em março, estivemos no Chile, onde foi lançado o PROSUL, importante iniciativa para garantir que a América do Sul se consolide como um espaço de democracia e de liberdade. 

Na sequência, visitamos Israel, onde identificamos inúmeras oportunidades de cooperação em especial na área de tecnologia e segurança. Agradeço a Israel o apoio no combate aos recentes desastres ocorridos em meu país. 

Visitamos também um de nossos grandes parceiros no Cone Sul, a Argentina. Com o Presidente Mauricio Macri e nossos sócios do Uruguai e do Paraguai, afastamos do Mercosul a ideologia e conquistamos importantes vitórias comerciais, ao concluir negociações que já se arrastavam por décadas. 

Ainda este ano, visitaremos importantes parceiros asiáticos, tanto no Extremo Oriente quanto no Oriente Médio. Essas visitas reforçarão a amizade e o aprofundamento das relações com Japão, China, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar. Pretendemos seguir o mesmo caminho com todo o mundo árabe e a Ásia. 

Também estamos ansiosos para visitar nossos parceiros, e amigos, na África, na Oceania e na Europa. 

Como os senhores podem ver, o Brasil é um país aberto ao mundo, em busca de parcerias com todos os que tenham interesse de trabalhar pela prosperidade, pela paz e pela liberdade.

Senhoras e Senhores, 

O Brasil que represento é um país que está se reerguendo, revigorando parcerias e reconquistando sua confiança política e economicamente. 

Estamos preparados para assumir as responsabilidades que nos cabem no sistema internacional. 

Durante as últimas décadas, nos deixamos seduzir, sem perceber, por sistemas ideológicos de pensamento que não buscavam a verdade, mas o poder absoluto. 

A ideologia se instalou no terreno da cultura, da educação e da mídia, dominando meios de comunicação, universidades e escolas. 

A ideologia invadiu nossos lares para investir contra a célula mater de qualquer sociedade saudável, a família. 

Tentam ainda destruir a inocência de nossas crianças, pervertendo até mesmo sua identidade mais básica e elementar, a biológica. 

O politicamente correto passou a dominar o debate público para expulsar a racionalidade e substituí-la pela manipulação, pela repetição de clichês e pelas palavras de ordem. 

A ideologia invadiu a própria alma humana para dela expulsar Deus e a dignidade com que Ele nos revestiu. 

E, com esses métodos, essa ideologia sempre deixou um rastro de morte, ignorância e miséria por onde passou. 

Sou prova viva disso. Fui covardemente esfaqueado por um militante de esquerda e só sobrevivi por um milagre de Deus. Mais uma vez agradeço a Deus pela minha vida. 

A ONU pode ajudar a derrotar o ambiente materialista e ideológico que compromete alguns princípios básicos da dignidade humana. Essa organização foi criada para promover a paz entre nações soberanas e o progresso social com liberdade, conforme o preâmbulo de sua Carta. 

Nas questões do clima, da democracia, dos direitos humanos, da igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres, e em tantas outras, tudo o que precisamos é isto: contemplar a verdade, seguindo João 8,32: 

- “E conheceis a verdade, e a verdade vos libertarás”. 

Todos os nossos instrumentos, nacionais e internacionais, devem estar direcionados, em última instância, para esse objetivo. 

Não estamos aqui para apagar nacionalidades e soberanias em nome de um “interesse global” abstrato. 

Esta não é a Organização do Interesse Global! 

É a Organização das Nações Unidas. Assim deve permanecer! 

Com humildade e confiante no poder libertador da verdade, estejam certos de que poderão contar com este novo Brasil que aqui apresento aos senhores e senhoras. 

Agradeço a todos pela graça e glória de Deus! Meu muito obrigado".

_________

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Bolsonaro: o novo líder da “santa aliança” contra a Lava-Jato

Todos os democratas precisam saber que a Lava-Jato recuperou 11,9 bilhões (*), e precisam ter esses números na cabeça.

Mas existe uma “rapaziadinha” que gosta de pousar de democrata sem sê-lo. Inicialmente, eram apenas uma “santa aliança” tácita, suprapartidária e supra-ideológica dos que temiam a Lava-Jato. Agora, estão organizados e articulados para combatê-la. O seu no líder é Bolsonaro.

Não querem muito, apenas a cabeça do Moro e acabar com a Lava-Jato. Os partidos que dela participam são principalmente o PT e os do “Centrão”, mas os seus tentáculos e metástases estão estão em toda parte, no executivo, legislativo e judiciário.

A “santa aliança”, neste momento, atingiu o seu máximo poder e possui os seus intelectuais orgânicos. A entrada em cena da Intercept demonstra a audácia de sua ação visando desmoralizar a Lava-Jato e anular processos.

Jamais os seus articuladores ocuparam posições tão destacadas nos três poderes da república. Não é difícil saber quem são: no executivo, Jair Bolsonaro; no judiciário, Dias Toffoli; no legislativo, Rodrigo Maia. Surpreendidos? Claro que não!

Mas a luta contra a impunidade tem um caráter democrático, e a maioria dos brasileiros compreendeu que o Brasil, para ser mais desenvolvido e justo, não pode mais conviver com a roubalheira e com o assalto ao Estado! Isto muda todo o jogo. Eles serão derrotados!

______

(*) Números atualizados: Os bilhões recuperados pela Lava-Jato

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

A resistência de Moro à traição de Bolsonaro

Diante de todas as decisões e dubiedades de Bolsonaro, que fragilizam a Lava-Jato e atentam contra a sua própria continuidade, alguns amigos que sempre apoiaram a Moro se fazem o questionamento, absolutamente necessário e legítimo, sobre o que Moro ainda está fazendo neste governo.


Claro, para os que sempre foram contra Moro e a Lava-Jato existe um argumento pronto e na ponta da língua, o de que ele e Bolsonaro formam uma identidade política e ideológica. Alguns ousariam mesmo dizer que, para Moro, depois de ter condenado e prendido Lula e o tirado da campanha eleitoral, tanto faz quanto fez que a Lava-Jato termine, pois o objetivo pretendido já teria sido alcançado. Julgo essa narrativa totalmente equivocada. Convenientemente, não podem reconhecer que hajam contradições entre estes personagens, pois isso daria credibilidade a Moro e fragilizaria a sua narrativa.

Faço parte de um imenso time de democratas que cultiva a análise lógica das informações disponíveis nas redes sociais. Este time não possui informações privilegiadas nem está no governo; tampouco é prisioneiro de antolhos partidários; mas possui o privilégio de se apoiar em um grande número de amigos informados; muitos são cientistas sociais e jornalistas extraordinários, que se debruçam com responsabilidade sobre os fatos, libertos que são de polarizações irracionais e meramente ideológicas.

Ao julgar Moro não podemos deixar de partir de fatos objetivos, concretos e comprovados para demonstrar o seu compromisso com o aperfeiçoamento do aparato jurídico para combater a corrupção e o crime organizado. Seria absolutamente desnecessário listar os seus feitos no combate à corrupção. Moro compreende, como poucos, o caráter democrático de acabar com a impunidade dos crimes de colarinho branco para superar a nossa crise moral, ética, política, social e econômica.

Cometeu o erro de deixar a carreira de juiz porque Bolsonaro lhe prometeu o apoio para prosseguir, em melhores condições, na sua missão de aperfeiçoamento institucional. Já não tem como voltar atrás e só lhe resta seguir em frente. Os que propõem, agora, que ele se afaste do governo é porque, basicamente, ou acham que ele empresta um prestígio indevido a um governo autoritário, ou porque temem por sua desmoralização, ou, até, porque, “mui amigos”, temem que, ao final, ele seja bem sucedido em seus objetivos. Esta última hipótese deixa de cabelo em pé aos que, desde sempre, temeram e combateram a sua ação.

Visto dessa forma, resta o que me parece ser um fato, que em termos de compreensão é novo, de que Bolsonaro não tem qualquer compromisso com o objetivo de aperfeiçoamento das instituições jurídicas para o combate ao crime; e de que passou a formar, junto com todos os que temem a Lava-Jato - onde o Toffoli  e o Maia ocupam um lugar de honra -, a “santa aliança” dos que a combatem.

Este é o fato inesperado, o estelionato eleitoral de Bolsonaro, que trai aos seus eleitores, que nele votaram para impedir que o PT voltasse ao governo, e por acreditarem que daria continuidade à Lava-Jato. Se essa é a realidade, penso que o mais provável é que Moro colocou-se em uma posição de resistência! Portanto, sua melhor resposta é não pedir demissão, pois, enquanto o prestígio de Bolsonaro cai, até por sua traição, o dele apenas sobe, mesmo depois dos ataques da “Intercept”.

Em síntese, Moro somente sairá se Bolsonaro o mandar embora, ou se, equivalentemente, lhe retirar os meios de prosseguir na missão a que se propôs! E é o que eu espero que ele faça! Que resista! Se isso acontecer ele demonstrará caráter e compromisso com sua missão e estará preparado para prosseguir a sua luta em outros patamares.

Quanto ao resto, “...os cães ladram e a caravana passa!”.