Quanto mais Bolsonaro ameaça dar um golpe (à la Trump), caso perca a eleição, mais perde apoio dos seus eleitores democratas. E o eleitor, em sua sabedoria, já identifica nestas ameaças o discurso de quem já se sabe derrotado pelo voto democrático.
Caminha para o fundo do poço, onde encontrará apenas os seus eleitores radicais e ideológicos de extrema direita, que cultuam as ditaduras, as armas e a violência; sobretudo, que não são suficientes para levá-lo ao 2º turno.
Por outro lado, já não lhe são suficientes as benesses da PEC eleitoral nem aquelas, indiretas e fisiológicas, advindas do Orçamento Secreto para reverter o aumento de sua rejeição e inevitável queda.
E quanto mais alega fraude nas urnas eletrônicas mais o mundo e as instituições democráticas brasileiras lhe dizem, com total clareza, que repudiam as suas intenções golpistas. E, por mais que tente aprontar alguma confusão, antes ou depois das eleições, o seu intento será derrotado pela resistência democrática nacional e internacional.
Até ontem, alguns, preocupados com essa ameaça de golpe e, para exorcizá-lo, defendiam concentrar o voto em Lula desde o 1º turno. Milhões, embora sem serem lulopetistas, já se propunham a votar em Lula, o mal menor, para evitar o golpe que Bolsonaro quer dar mas que não tem força nem apoio para dar.
Existe, entretanto, um novo quadro, particularmente após a reunião de Bolsonaro com os embaixadores estrangeiros, quando destilou inverdades, sem provas e já respondidas, contra o Sistema Eletrônico de Apuração e Contagem de votos.
Isto chocou a comunidade internacional. O que se verificou após foi a reação generalizada das instituições democráticas em repúdio às nítidas intenções golpistas do Presidente.
E o eleitor começou a mudar o seu posicionamento; em síntese essas são as novas tendências:
1. Ex eleitores democratas de Bolsonaro afastam-se dele e buscam uma candidatura ao centro;
2. E, quanto mais Bolsonaro perde votos, maior é o contingente de democratas dispostos a tirá-lo do 2º turno;
3. E, quanto maior a probabilidade de Bolsonaro não ir ao 2º turno, maior é a chance de que os que votariam em Lula com o dedo no nariz, para afastar o mal maior, decidam votar em um candidato da 3ª via;
4. Confirmada essa tendência, Lula começará a cair os seus índices nas pesquisas eleitorais.
Este delineamento lógico e simples inaugura um novo quadro no qual, simultaneamente à queda provável dos índices de Bolsonaro e de Lula, crescerão os índices das candidaturas da 3ª Via.
Em uma eleição que já parecia estar definida para a vitória de Lula, de repente, mostra-se com outras possibilidades, pois, se um candidato da 3ª Via chegar ao 2º turno, mais provavelmente Simone Tebet, ele poderá ser eleito Presidente da república.
Caminho difícil e árduo, não é? Mas vale a pena apostar, pois nele está a chance de promover uma alternância democrática do poder sem os dois piores candidatos.