terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

O prestígio e resiliência de Moro

A pesquisa XP/IPESPE publicada em 8/02/21 mostra o incrível divórcio dos políticos e do sistema partidário com a realidade. Pior, com a sociedade.

Ela demonstra, não necessariamente que Moro virá a ser um candidato em 2022, mas o seu imenso prestígio e resiliência, pois, sem ser político e sem ser filiado a qualquer partido, figura como o único que derrotaria o capitão cloroquina no 2º turno das eleições.


Entretanto, qual o plano desse sistema político atrasado e conservador?
  1. Liquidar com a Lava-Jato;
  2. Anular as condenações prolatadas por Moro, com dois objetivos, restaurar plenamente os direitos políticos dos já condenados e revogar a lei da ficha-limpa;
  3. E, principalmente, inviabilizar que haja candidato, em 2022, que assuma a bandeira da luta contra a corrupção.
Este último ponto, o três, como revela a pesquisa, é estratégico, pois a sociedade continua apoiando o combate à corrupção ao dar a vitória a Moro na pesquisa. Exatamente por isso, se conseguirem impedir que haja candidato que defenda com credibilidade essa bandeira, nem Bolsonaro, nem Lula e nem qualquer outro ficha suja terão suas candidaturas confrontadas ou julgadas sob esse critério! Ou seja, o eleitor não terá alternativa senão escolher, por outros critérios, o menos pior!

Dirão alguns com razão: mas essa pesquisa não é para valer, até mesmo porque Moro sequer é candidato! Mas não podemos fechar os olhos ao que ela nos diz! Ela nos diz, mesmo Moro não tendo o perfil e a trajetória de um político, que a sociedade continua valorizando o que ele representa, ou seja, o necessário e indispensável combate à corrupção para que o país possa sair da crise e progredir!

Os políticos, majoritariamente, adotaram a ideologia do antilavajatismo como estratégia para liquidar com a Lava-Jato. Estão acumulando vitórias no seu intento, particularmente depois que o presidente da república assumiu a liderança inconteste da “santa aliança” antilavajatista. E, mesmo, até para impedir que Moro possa concorrer, já discutem, desavergonhadamente, uma “lei-anti-candidatura-do-Moro”.

E os fatos não podem ser escondidos: quando, recentemente, Huck encontrou-se com Moro para conversar, e isto veio à público, recebeu de Rodrigo Maia, um antilavajatista da linha de frente, a advertência pública de que poderia ser descartado como possível candidato! A parte triste do evento foi Huck ter baixado a cabeça e feito, em seguida, uma mea culpa pública!

É sobre isso que devemos conversar. Se, na Câmara e no Senado, a maioria parlamentar se une para dar sobrevida ao capitão cloroquina, precisamos estar atentos ao que sente e pensa a sociedade e os eleitores, para não errarmos, mais uma vez, tragicamente! 

Carlos Alberto Torres

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