sexta-feira, 9 de julho de 2021

Bolsonaro em queda

As pesquisas DataFolha divulgadas na imprensa no dia 8/07/21 mostram um momento de inferno astral do capitão cloroquina.

Naturalmente, os seus apoiadores se apressarão em afirmar que essas pesquisas são forjadas, e que tudo não é mais do que parte de uma conspiração Globo-DataFolha. Sempre a Globo! No passado o PT já disse isso também, mas, agora,  a está levando muito a sério, embora não necessariamente gostando, pois o DataFolha sempre gozou de alta credibilidade dentre os seus analistas.

Existem dados objetivos para justificar uma preocupação real, que já se reflete no precário estado emocional em que o capitão se encontra, o que demonstra com a sua aparência conturbada e falas desconectadas com a realidade: as mais de 530.000 mortes pela COVID-19 em 8/07/21, e o desvendamento da corrupção em seu governo, que já começara com o ministro Salles, do meio Ambiente, e as que, agora, vieram à luz com as negociatas para aquisição de vacinas no ministério da Saúde, inclusive envolvendo militares, como mostrado na CPI da pandemia. E em todos os casos está a marca dos crimes de responsabilidade cometidos pelo presidente.

Mais uma vez, ameaça virar a mesa com a nota que obrigou os chefes militares a redigirem, contra as suas vontades, em defesa de militares corruptos e incompetentes do baixo clero das forças armadas.

Não fosse pouco, o bravo capitão tornou-se prisioneiro do “Centrão”, que continuará cobrando caro, com mais corrupção, a blindagem contra o impeachment. E o seu desespero ainda é maior pela certeza de que o abandonarão logo que perceberem que a direção dos ventos realmente mudou na opinião pública.

Abaixo, os dados da pesquisa data folha divulgados no dia 8/07/21 (*):



Editado pela Globo, com informações adicionais:


Imagem do presidente (**):

                                          Edição de Carlos Alberto Torres

Sem dúvida, uma dura pesquisa, pois nenhum presidente de qualquer país gostaria de vestir a pele do capitão com esta tão completa e triste avaliação pública. Mas é, também, um caso raro de uma desgraça pela qual ele é o único culpado. O que importa são as tendências; muita água ainda irá rolar até as eleições de 2022.

Para desespero do capitão, essas tendências apontam para retirá-lo do 2º turno das eleições de 2022. Neste caso, o desespero não será apenas dele, mas, também, de Lula, que, se disputar no 2º turno com um candidato da 3ª Via será derrotado.
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quinta-feira, 8 de julho de 2021

A tentação autoritária

O desrespeito à Constituição é um problema grave em nosso país.

A nota dos ministros militares divulgada no dia 7/07/21, quarta-feira, colocando-se em defesa corporativa dos seus corruptos no governo, é um grave exemplo.


Mas qualquer brasileiro, seja ele civil ou militar, que se valha das suas funções no Estado para roubar deve ser punido!

A luta contra a impunidade tem um caráter democrático, e quem é contra, seja civil ou militar, atenta contra a democracia!

Alguns dos maiores protagonistas de nossa vida política não têm grande apreço pela Constituição.

O PT, p.ex., torceu o nariz para assiná-la, e, quando no governo, montou o maior esquema de corrupção de nossa história para assaltar o Estado.

No STF, alguns ministros a rasgam, continuamente, quando é necessário ao seu “negócio” de anular condenações e libertar corruptos poderosos.

Esse desrespeito está em toda parte, daí a instabilidade de nossa democracia!


Íntegra da nota (*):

"O Ministro de Estado da Defesa e os Comandantes da Marinha e do Brasil, do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira repudiam veemente as declarações do Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, Senador Omar Aziz, no dia 07 de junho de 2021, desrespeitando as Forças Armadas e generalizando esquemas de corrupção.

Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável.

A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira são instituições pertencentes ao povo brasileiro e que gozam de elevada credibilidade junto à nossa sociedade conquistada ao longo dos séculos.

Por fim, as Forças Armadas do Brasil, ciosas de se constituírem fator essencial da estabilidade do País, pautam-se pela fiel observância da Lei e, acima de tudo, pelo equilíbrio, ponderação e comprometidas, desde o início da pandemia Covid-19, em preservar e salvar vidas.

As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”.

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quarta-feira, 7 de julho de 2021

Por um mar democrático de verde e amarelo!

Permitam-me uma reflexão pessoal.

Dirijo-me, em particular, aos que se preocupam em passar por “bolsonarista”, se forem às manifestações levando o verde e amarelo de nossa bandeira. Essa, sem dúvida, é uma preocupação legítima, principalmente se carregamos no mais íntimo de nossa formação política uma consciência democrática.


No meu caso, somo a isso o de ser um democrata de esquerda, pois essa é a história de minha vida como cidadão.

Mas, falo por mim, não temo isso, como não o temi no último sábado, 3/07, quando sai portando uma imensa bandeira do Brasil, pois ninguém irá tornar-me o que não sou.


Agressões morais, portanto, não me atingiriam, e não ocorreram!

Eu temeria uma agressão física? Eventualmente isso poderia ocorrer, pontualmente, mas fica difícil se eu estiver acompanhado, como estive, e se tiver os mesmos cuidados que tomo, diariamente, quando saio à rua!

Mas não ostentei o meu verde e amarelo como uma provocação aos “vermelhos”! Mas como uma proposta de unidade para lutar contra o projeto totalitário do capitão e no movimento do “Fora Bolsonaro”, pois estou convencido de que quanto mais verde e amarelo o movimento tiver, mais amplo e mais forte ele será para atingir os seus objetivos!

Fui em paz e voltei em paz!

O mais importante, talvez, será o que direi agora. Sim, lá estavam os PCOs e PCBs, que quase não conseguem eleger um vereador, “avermelhando” as ruas. Mas, se parecem muitos hoje, serão meras manchas quando o verde e amarelo tomar as ruas!

Mas lá estavam, principalmente, em sua maioria, os cidadãos que não são filiados a qualquer partido! Me permitam dizer: acho que eles gostaram de ver o verde e amarelo antibolsonarista!


Pois bem, despreocupe-se, por um momento, com quem controla os carros de som, pois, se o verde e amarelo democrático tomar as ruas logo o discurso mudará!

Minha sugestão simples: coloque um tom verde e amarelo, leve a sua bandeira do Brasil, ou, se quiser, apenas um lenço ou uma máscara com esses tons, vá com os seus amigos, também desejosos de participar, e conclua, por si mesmo, que o Brasil está às vésperas de uma mudança política importante.

Depois volte para casa, feliz, aliviado, ileso e convencido, como eu, que esta terá sido uma contribuição mínima, pequena, mas importantíssima, para fazer surgir uma alternativa democrática capaz de quebrar a nefasta polarização bolsonarismo x lulopetismo que tanto prejudica o Brasil!

quarta-feira, 30 de junho de 2021

A falácia de que Haddad foi derrotado pelos votos nulos e brancos

 Até hoje alguns eleitores de Haddad repetem a falácia de que foram os votos nulos e brancos que o levaram à derrota. Este texto destina-se aos que, de boa fé, até hoje acreditaram nisso.

Mas as pessoas que tenham se detido sobre os números da votação no 2º turno das eleições presidenciais de 2018 sabem que isso não é verdade. Abaixo, o quadro com as apurações oficiais divulgadas pelo TSE:


Do quadro, vê-se que a diferença da votação de Bolsonaro e de Haddad foi de 10.756.941 (57.797.847 - 47.040.906) votos.

Do quadro, também, observa-se que o total de votos nulos e brancos foi de 11.094.698 votos.

Pessoalmente, desconheço qualquer pesquisa posterior à eleição que pudesse identificar, dentre os que votaram nulo ou branco, qual o percentual desses eleitores que consideravam Haddad o candidato “menos pior”, e que, portanto, poderiam ter votado nele. De resto desenhar uma pesquisa deste tipo é, no mínimo, de quase impossível formatação, por ser quase impossível identificar quem votou nulo ou branco com o voto secreto.

Não se podendo obter esse percentual, a melhor hipótese é a de que desses eleitores 50% julgavam Haddad o menos pior e que 50% julgavam a Bolsonaro o menos pior. Portanto, Haddad, se todos os que o consideravam o menos pior votassem nele, ele receberia, além dos votos que recebeu, mais 50% de 11.094.698, ou seja, 5.547.349. Estes votos, evidentemente, não seriam suficientes para lhe dar a vitória!

Mas, talvez, essa análise não seja suficiente para convencer aos que até agora acreditaram nessa falácia. Consideremos, então, que 90% dos votos nulos e brancos tivessem sido dados a Haddad; ou seja, 90% de 11.094.698, o que resultaria em 9.985.228 votos. Mas ele precisaria de pelo menos mais 10.756.941 para pelo menos empatar com Bolsonaro!

Não me é prazeroso destruir ilusões. Mas defendo que somente derrotaremos o obscurantismo bolsonarista com os fatos e sem obscurantismos ou negacionismos de qualquer outra natureza.

Sei que apesar dessa prova muitos ainda continuarão a repetir essa falácia. Mas aqui o caso já será outro, os de construtores conscientes de narrativas falaciosas, que chamamos de FakeNews. A estes eu combato e convido todos a combatê-los!

terça-feira, 29 de junho de 2021

Você votaria em Lula? Não e Sim, mais não do que sim!

Precisamos nos dar, em 2022, a oportunidade de uma renovação histórica na política.

Devemos trabalhar com a premissa, e a esperança, de que caminharemos para eleições democráticas como as tivemos desde a promulgação da Constituição de 1988. E de que haverá a continuidade de um dos fundamentos garantidores da idoneidade desse processo, que são as urnas eletrônicas, com apuração eletrônica, sem voto impresso.

Mas não podemos mais ficar adiando a construção de um Brasil mais justo, mais próspero e mais democrático. Nos últimos anos temos até andado para trás. Precisamos votar para superar e romper com a nefasta polarização bolsonarismo x lulopetismo, pois isso corresponde a uma necessidade histórica.

A bandeira da ética, da luta contra a corrupção e para acabar com a impunidade, por seu caráter democrático, voltará a ter em 2022 a mesma importância que teve em 2018. E se o capitão cloroquina for afastado o será por esta mesma razão!

Lula, e o PT, já a tinha perdido em 2018. Bolsonaro a perdeu para 2022.


Por isso, permitam-me passar para a primeira pessoa, para declarar que, na eleição presidencial de 2022, Lula é a minha última opção para nos livrarmos de Bolsonaro.

Os adeptos de Lula usam as pesquisas eleitorais de hoje para tentar provar não existir outra alternativa a Bolsonaro; mas isso não me demoverá, embora, devo reconhecê-lo, elas devam ser levadas a sério e, também, que elas impressionaram a muitos temerosos de que o destino do país seja consequência de manobras eleitorais espertas dos poderosos. Mas não devemos fazer negócio eleitoral com a história, até porque ela gosta de nos surpreender.

Muita água ainda vai rolar até as eleições de 2022, pois o quadro político está mudando rapidamente. Não podemos saber, ainda, neste momento, se Bolsonaro chegará ao 2º turno, ou, mesmo, se será afastado antes e não disputará a eleição. E, mesmo, precisamos ficar atentos de que os polos, como tática, desdenham da possibilidade de que um candidato da 3ª Via possa surgir forte e competitivo a qualquer instante!

Tudo devemos fazer, nos limites éticos impostos aos cidadãos, para levar um candidato do campo democrático ao 2º turno. E saber que, se ele lá estiver, provavelmente será o próximo presidente da república, não importa quem enfrente, seja ele Lula ou Bolsonaro.

Mas se me perguntarem, você votaria em Lula? Respondo com toda a clareza: no primeiro turno não votarei em Lula.

E, no 2º turno, você votaria? Respondo que esta hipótese somente será examinada se Lula lá estiver com Bolsonaro, o que já consideraria uma tragédia histórica. 

Sendo mais preciso, somente se o meu voto e o de tantos outros que pensem como eu, vier a ser imprescindível para a derrota de Bolsonaro. Dou apenas uma razão: Lula jamais atentou contra a democracia, enquanto o sonho azul do capitão é governar ditatorialmente.

E se me perguntarem se eu poderia, nestas circunstâncias - de Lula e Bolsonaro no 2º turno -, ainda assim não votar em Lula? Respondo que eu gostaria de não votar, e que espero não precisar votar.

E não votarei em duas circunstâncias: 1. Se Lula não precisar do meu voto para vencer; 2. Se ele não precisar do meu voto para perder. Para que fique mais claro, se eu estiver convencido que o meu voto, junto com o de todos os que provavelmente votariam nulo ou branco, não modificarão a sua condição de ganhador ou de perdedor (naturalmente, observadas as previsões apresentadas pelos institutos de pesquisa às vésperas da votação), eu, repito, não votarei em Lula. Este foi o caso da eleição de 2018 (*). Nem Bolsonaro precisou dos votos nulos ou brancos para ganhar, nem Haddad precisou deles para perder. Observo que não faço campanha por voto nulo ou branco, mas, nestas circunstâncias, e somente nestas, esse voto me deixaria mais em paz com a minha própria consciência.

Penso em eleições presidenciais como momentos históricos definidores dos rumos do país, afetando a vida de todos os brasileiros. Não podemos, nem devemos, nos envolver em eleições como se apostássemos no mais provável vencedor! Assim age o “Centrão”, que neste momento já discute se abandona ou não o capitão. Mas esse tipo de jogo é prejudicial ao país! Quem o praticou foi o lulopetismo enquanto foi governo, e agora o bolsonarismo; e isto fica ainda mais nítido neste momento em que o capitão já está afundando.

E pior, se praticarmos esse jogo, seremos, mais uma vez, derrotados antes de iniciarmos o jogo que importa, o histórico, que mais uma vez será jogado em 2022.


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Até hoje alguns eleitores de Haddad repetem a falácia de que foram os votos nulos e brancos que o levaram à derrota. Este texto destina-se aos que, de boa fé, até hoje acreditaram nisso.

Mas as pessoas que tenham se detido sobre os números da votação no 2º turno das eleições presidenciais de 2018 sabem que isso não é verdade. Abaixo, o quadro com as apurações oficiais divulgadas pelo TSE:


Do quadro, vê-se que a diferença da votação de Bolsonaro e de Haddad foi de 10.756.941 (57.797.847 - 47.040.906) votos.

Do quadro, também, observa-se que o total de votos nulos e brancos foi de 11.094.698 votos.

Pessoalmente, desconheço qualquer pesquisa posterior à eleição que pudesse identificar, dentre os que votaram nulo ou branco, qual o percentual desses eleitores que consideravam Haddad o candidato “menos pior”, e que, portanto, poderiam ter votado nele. De resto desenhar uma pesquisa deste tipo é, no mínimo, de quase impossível formatação, por ser quase impossível identificar quem votou nulo ou branco com o voto secreto.

Não se podendo obter esse percentual, a melhor hipótese é a de que desses eleitores 50% julgavam Haddad o menos pior e que 50% julgavam a Bolsonaro o menos pior. Portanto, Haddad, se todos os que o consideravam o menos pior votassem nele, ele receberia, além dos votos que recebeu, mais 50% de 11.094.698, ou seja, 5.547.349. Estes votos, evidentemente, não seriam suficientes para lhe dar a vitória!

Mas, talvez, essa análise não seja suficiente para convencer aos que até agora acreditaram nessa falácia. Consideremos, então, que 90% dos votos nulos e brancos tivessem sido dados a Haddad; ou seja, 90% de 11.094.698, o que resultaria em 9.985.228 votos. Mas ele precisaria de pelo menos mais 10.756.941 para pelo menos empatar com Bolsonaro!

Não me é prazeroso destruir ilusões. Mas defendo que somente derrotaremos o obscurantismo bolsonarista com os fatos e sem obscurantismo ou negacionismo de qualquer natureza.

Sei que apesar dessa prova muitos ainda continuarão a repetir essa falácia. Mas aqui o caso já será outro, os de construtores conscientes de narrativas falaciosas, que chamamos de FakeNews. A estes eu combato e convido todos a combatê-los!

segunda-feira, 28 de junho de 2021

O caráter democrático da luta contra a corrupção

 Abro aqui uma discussão sobre o caráter democrático da luta contra a corrupção. Serei sucinto na colocação da questão.


Tudo bem, a anulação das condenações de Lula pelo STF lhe deram condições legais de disputar a presidência.

Mas isso não o inocentou, pois os seus processos, embora tenham grande probabilidade de prescrição, foram remetidos para a Justiça Federal do Distrito Federal.

Os fatos que envolvem o capitão cloroquina com a aquisição irregular e superfaturada da Covaxin, fazem prever a alta probabilidade de surgirem graves casos de corrupção. Este é o preço da sua aliança estratégica com o Centrão para legislar no Congresso e para governar. Ainda é cedo para saber se isso o levará ao afastamento, mas o seu desgaste se aprofundará na sociedade, e revigorará o movimento de oposição nas ruas.

A bandeira da ética, da luta contra a corrupção e para acabar com a impunidade, por seu caráter democrático, voltará a ter em 2022 a mesma importância que teve em 2018. E se o capitão cloroquina for afastado o será por esta mesma razão!

Lula, e o PT, já a tinha perdido em 2018. Bolsonaro a perdeu para 2022.

Em que mãos ficará essa bandeira? Continuaremos a subestima-la sem compreender o seu caráter democrático, ou seja de que ela faz parte, intrinsecamente, do valor estratégico da democracia? E de que não é possível construir uma sociedade mais democrática, justa e próspera se continuarmos lenientes com a corrupção?

Pois bem esta bandeira não é lulopetista e não é bolsonarista. Ela deve ser de todos os democratas, de braços abertos para receber uns aos outros, amplamente articulados, generosamente, sem hegemonismos, para produzir uma alternativa democrática capaz de romper e quebrar com essa nefasta polarização.

Isso corresponde a uma necessidade histórica, um projeto de todos nós, pelo bem dos brasileiros, um projeto de país e de nação.

Concluo este texto na 1ª pessoa, como comecei. Reafirmo minha opinião de que Lula não tem as credenciais necessárias para liderar esse projeto.

Não devemos pensar nas pesquisas eleitorais atuais, sem subestima-las, como determinantes do futuro.

Se não estaremos tratando as eleições de 2022 apenas como um jogo, em que qualquer candidato serve, desde que, pelas pesquisas de hoje (*) tenha maior chance de derrotar o capitão, e pior, seremos, mais uma vez, derrotados antes de iniciarmos o jogo que importa, o histórico, que mais uma vez será jogado em 2022.

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(*) Me permitam fazer um comentário de caráter pessoal, mas que é esclarecedor de minha metodologia.

Não sou filiado a qualquer partido, mas não sou “apartidário”, no sentido de que não me proponho a fazer uma análise “isenta”, equidistante das diversas opções políticas, como se eu fosse um mero consultor cujo único objetivo fosse ser prever os acontecimentos futuros, ou, em termos práticos, como se fosse um instituto de pesquisa eleitoral, cujo trabalho é prever quem vai ganhar as próximas eleições presidenciais.

Se essa fosse a minha metodologia, eu abriria as pesquisas de popularidade de hoje, acerca dos possíveis candidatos, veria qual é o mais forte oponente ao capitão cloroquina e passaria, de imediato, a fazer campanha por ele (mesmo que eu não gostasse dele). Muitos estão cometendo este erro neste momento.

E quero deixar muito claro que levo muito em conta as pesquisas eleitorais sérias feitas às vésperas das eleições!

Mas não é essa a minha perspectiva. Penso em eleições presidenciais como momentos históricos definidores dos rumos do país, afetando a vida de todos os brasileiros.

Considero estarem cometendo erro repetitivo todos o críticos ao lulopetismo que, recentemente, como que se apressaram, prematuramente, a declarar apoio à candidatura de Lula.

Este foi o erro de FHC.

Claro, muitos se apressarão em dizer que “ele não quis dizer isso”, que ele, do alto de sua visão, qualidades e experiência está vendo coisas que nós, os simples mortais, não estamos vendo. Que seja, mas acho que estão errados com esse “seguidismo”.

E óbvio, acho que FHC errou; pois - de forma objetiva - fortaleceu uma candidatura que reproduz a nefasta polarização política que presenciamos em 2018.

Tudo se apresentou como se quem tivesse que fazer autocrítica de suas posições e erros passados não fosse Lula, mas FHC. Tudo se passou como se o trágico erro judicial do STF tivesse sido suficiente para inocentar Lula! Ora, isso não está correto. Não devemos nos calar quanto a isso!

Pois bem, neste momento o resultado das eleições de 2022 ainda não está dado! Até lá os democratas não devem se satisfazer nem com muita nem com pouca porcaria!

Devem se colocar como construtores do futuro!

quinta-feira, 24 de junho de 2021

Os desatinos de Bolsonaro mostram, mais uma vez, o caráter democrático da luta contra a corrupção

Ainda não se sabe se os desatinos do capitão cloroquina, em particular, a corrupção, determinarão o fim do seu governo. Mas é possível, pois as evidências que se acumulam poderão dar forças ao campo democrático - formado pela maioria dos brasileiros, civis ou militares - para reagir, em tempo, em defesa da moralidade, da ética e da democracia.

O comportamento irresponsável do presidente é compatível com isso: a forma como tem agido no enfrentamento à pandemia, que levou à aquisição e produção em massa da cloroquina como uma estratégia para alcançar a imunidade de rebanho; o agora revelado escândalo da Covaxin, de compra superfaturada, enquanto vetava vacinas já reconhecidas internacionalmente; o seu olhar complacente com o desmatamento da Amazônia, com a exportação de madeira ilegal, com a mineração ilegal em terras indígenas e com a invasão e desmatamento de áreas de preservação ambiental por grileiros e fazendeiros para colocar as patas de boi (*); finalmente, a sua aliança tácita com milícias às quais quer armar com leis lenientes, mormente as do Rio de Janeiro, permitindo que áreas urbanas sejam dominadas pelo crime organizado à margem do controle do Estado.


Não satisfeito, ele e o seu clã alimentam propostas golpistas de setores de extrema direita contra a democracia, propondo o fechamento do Congresso e do STF; atua sistematicamente, e pessoalmente, para fragilizar as instituições da república: estimula o rompimento com a hierarquia e com a disciplina nas forças armadas; atua para comprometer a autonomia do MPF, da PF e de outros órgãos de controle para que não investiguem os crimes dos seus afetos e cúmplices; e desenvolve sistemática ação subversiva nas PMs estaduais com o claro objetivo de usá-las como forças políticas armadas a serviço do seu projeto totalitário e de repressão contra as manifestações populares. E esta é uma lista muito resumida.

Embora tenha sido eleito pegando carona na luta contra a corrupção, não foi por acaso que passou a temê-la, pois compreendeu que as suas ações logo ficariam expostas. Começou com o COAF, com a PF e com o MPF, porque, além disso, conduziam investigações que atingiam o seu filho Flávio Bolsonaro. Foi, portanto, emblemático que tenha passado a usar todo o seu poder para liquidar com a Lava-Jato, pois era necessário desmontar os instrumentos institucionais de combate à corrupção que, mais adiante, e inevitavelmente, seriam obstáculo aos seus desmandos rumo à quebra da institucionalidade democrática.

Moro passou a ser indesejável, pois não compactuaria, como não pactuou, com os seus desígnios, e por isso passou a ser necessário descarta-lo.

Não agiu, entretanto, sem senso estratégico, pois, a bem da verdade, juntou-se à aliança previamente existente de todos os processados e investigados que temiam e combatiam a Lava-Jato e odiavam a Moro, formada pelos políticos dos partidos mais comprometidos com a corrupção, incluídos o PT e o PSDB, e com todos os partidos do chamado “Centrão”. Paradoxalmente, passou a lidera-la, pois, observe-se, os rabos presos formaram a aliança política e ideológica mais ampla jamais alcançada na sociedade brasileira, unindo políticos de esquerda, de centro e de direita. Com isso, abriu-se a porteira, na Câmara e no Senado, para a hegemonia do “Centrão”, pois quem poderia operar com mais desfaçatez o desmonte do aparato legal do combate à impunidade?

Naturalmente, este quadro ficaria incompleto se não se destacasse, nessa “santa aliança”, notórios ministros do STF, especializados em libertar e anular sentenças condenatórias de criminosos poderosos de colarinho branco.

Um plano que parecia perfeito, não é?

Essa aliança de rabos presos para liquidar com a Lava-Jato, entretanto, foi a única unanimidade que o capitão cloroquina conseguiu. Algo deu errado. A vida dos indivíduos, e a história, também inclui acidentes; o seu plano não deu inteiramente certo, pois ninguém, por mais poder que tenha, consegue controlar todas as variáveis que afetam a sua vida, muito menos os acontecimentos sociais e políticos.   

Houve uma consequência não intencional de suas ações: Lula, valendo-se delas, como bom surfista, e com a valiosa ajuda de Gilmar Mendes e de seus seguidores no STF, conseguiu a anulação de suas condenações e tornou-se o seu principal adversário em 2022. Todo malandro, de tão malandro, acaba dando pernada em si mesmo. O capitão subestimou o fato de que os ministros do STF indicados por FHC, Lula, Dilma e Temer também tivessem os seus próprios planos.

E aqui se abriria um novo capítulo. Ele consiste no principal paradoxo da vida política e institucional brasileira.

Os ministros do STF que, por um lado, estão fortemente comprometidos com a preservação das instituições da democracia nascidas com a Constituição de 1988, são os mesmos que, em sua maioria, com nobres excessões, estão dando suporte jurídico e legitimidade para o desmonte do aparato legal para o combate à corrupção e à impunidade que se processa no Congresso sob a liderança do “Centrão”.  Pior, a desfaçatez com que anularam as condenações de Lula e com que, em vingança, decidiram pela suspeição de Moro, são um ultraje à justiça e ao povo brasileiro.

Várias são as consequências dessas decisões tomadas por essa maioria eventual do STF: a primeira, politica, a de buscar um caminho fácil, eleitoral, para se combater o projeto autoritário de Bolsonaro, remetendo as eleições de 2022, como as de 2018, para a nefasta polarização bolsonarismo x lulopetismo; a segunda, abriram a porteira para a anulação de todas as condenações da Lava-Jato; p.ex., será devolvido aos corruptos os bilhões ($) que acordaram restituir aos cofres públicos? Com que empenho, doravante, se dedicarão os jovens servidores concursados - PFs, Procuradores Federais e Juízes Federais -, às suas missões de combater os crimes de colarinho branco dos poderosos, e o crime organizado, se o trabalho árduo e competente que realizaram por anos foi anulado pelos caprichos de uns poucos juízes nomeados politicamente?

Voltando a Bolsonaro.

Os fatos relacionados aos seus desmandos, o que já levou à ultrapassagem dos 500.000 mortos na pandemia, fizeram despencar a sua popularidade e alimentaram a sua rejeição, como demonstram as pesquisas de opinião que estão vindo à luz. Por isso, desesperado, reforçou os seus delírios de que possa dar o golpe para que não precise disputar as próximas eleições. O mais trágico de sua situação, e ele sabe disso, é que cresce, vertiginosamente, a probabilidade de não ir sequer ao 2º turno. 

Mas se, ao ajudar a liquidar com a Lava-Jato, fez retroceder conquistas civilizatórias para o combate à corrupção e à impunidade, para beneficiar, antes, a si mesmo, mas tendo beneficiado a todos os corruptos, fragiliza-se em suas bases, e faz revigorar o movimento democrático, inclusive nas ruas.

Terá que amargar ver lá não apenas os oposicionistas de sempre, mas, também, a maioria dos seus eleitores, os democratas que votaram nele para promover uma alternância do poder e impedir que o PT voltasse ao governo. E verá, com desgosto e amargor, as bandeiras brasileiras e o verde e amarelo, que pensara ter tornado de sua propriedade, e do bolsonarismo, hegemonizarem essas manifestações de oposição.

O futuro do capitão cloroquina está marcado por incertezas. As coisas não estão boas para o seu lado. As possibilidades de futuro não o favorecem. Crescerá a pressão pelo seu impeachment. Não está descartada a hipótese de que o seu afastamento seja por interdição, porque pesam sobre ele não apenas acusações morais e éticas, mas a grave suspeita de incapacitação ou doença mental. Restaria, ainda, a hipótese de sua renúncia. Talvez esta seja a sua melhor alternativa, pois isso lhe seria uma saída honrosa, e ajudaria a pacificar o pais.

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(*) Estes desmandos na área ambiental determinaram investigações na PF determinadas pelo STF, que culminaram com o “pedido de demissão” do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles no dia 23/06/21. Registre-se que dois policiais federais, cumprindo zelosamente as suas missões de investigar crimes ambientais foram, antes, demitidos de seus cargos.