quarta-feira, 27 de março de 2024

A ANÁLISE CONCRETA DA REALIDADE OBJETIVA

Em 27/03/21 escrevi o artigo “Três hipóteses para analisar as perspectivas políticas” (*), que publiquei no blog “Decisões Interativas”.

O texto foi baseado nas seguintes hipóteses:

A intenção claramente golpista de Bolsonaro, já  nesta data, de implantar uma nova ditadura militar com inspiração fascista passou a dominar as suas ações e a ocupar espaço importante no debate e na análise política.

Aos cidadãos democratas isso era assustador, até em perplexidade, pois, passados mais de 30 anos da promulgação da Constituição de 1988, era impensável que pudessem vingar ainda correntes políticas extremistas que preferissem ditaduras e sem apreço por viver em um Estado Democrático de Direito.

Mas, apesar de todos os riscos por que passou, a Democracia brasileira demonstrou capacidade de resistência e imensa resiliência para enfrentar a tentativa de golpe que efetivamente foi tramado e intentado por Bolsonaro.

Não se podia mais fechar os olhos à realidade: a eleição de Bolsonaro em 2018 catalisou o afloramento, com força, de um pensamento extremista na sociedade e nos quartéis aderentes à proposta de retorno a uma ditadura militar. E deixar isso claro: essa era a proposta de Bolsonaro, pois, embora expulso do Exército, cercou-se de militares e de generais de quatro estrelas, de extrema direita, dispostos a apoia-lo nesta aventura.

Portanto, a pergunta clara a se fazer era se as Forças Armadas em sua íntegra cadeia de comando o acompanhariam. Fui dos que claramente apostei que não. Debrucei-me sobre o assunto em diversos artigos que publiquei (**)

Quando se faz análise sobre perspectivas de futuro entra-se no mundo das incertezas. Jamais se tem a informação necessária para que responsavelmente se possa fazer análises categóricas ou determinísticas. Optei pela análise dedutiva, baseada na lógica.

E ela me pareceu necessária como proposta política para fugir e romper com os termos da polarização lulopetismo versus bolsonarismo, que tentava reduzir a disputa que se travaria nas eleições de 2022 como sendo a luta entre o fascismo e o comunismo, conduzindo a opinião pública para uma luta contra fantasmas ilusórios.

Continuo acreditando que, se a sociedade não se tivesse assustado com essa luta olímpica entre espectros fantasmagóricos, poderíamos ter dado passagem a uma candidatura forte e viável de terceira via, e Bolsonaro não teria chegado ao segundo turno. E de que, pela mesma lógica, seria vitoriosa no segundo turno, rompendo com o círculo vicioso do populismo e do atraso tanto de esquerda quanto de direita.

Bem, em 2022 o medo predominou e não conseguimos nos livrar desses grilhões. Espero que em 2026, esses fantasmas sejam derrotados, o que é indispensável para desbloquear o desenvolvimento de nossa democracia.

E os fatos que se seguiram ao 8/01/23 mostraram que a cadeia de comando das forças armadas permaneceu legalista e que o golpe intentado por Bolsonaro foi frustrado.

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