segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Para o PT a bandeira do impeachment é mero jogo de cena

Permitam-me começar com um desabafo. Até o dia 2/10, como simples cidadão, estive empenhado na convocação de todas as manifestações #ForaBolsonaro! Mas o quadro mudou.

Não existem mais bandeiras unitárias: o risco do golpe está afastado depois do 7/09, o que é muito bom; e o Centrão e o PT estão empenhados em não deixar passar o processo de impeachment de Bolsonaro na Câmara Federal, o que é muito mal.


Afastado que está o risco do golpe, a última bandeira de caráter democrático capaz de motivar grandes mobilizações unitárias, seria a do impeachment, apoiado por 56% da população, como mostrado na última pesquisa DataFolha.

Mas ao PT não interessa o impeachment, porque pretende manter a configuração de 2º turno mais adequada para a vitória de Lula, quando derrotará com conforto a Bolsonaro. Ao contrário, seria uma disputa de Lula com um candidato da 3ª Via, onde poderá perder no novo quadro incerto que se configurará.

Por isso, para o PT, o impeachment é apenas uma bandeira de agitação. Não passa de um mero jogo de cena, de que são useiros e vezeiros. O que pretendem ao levantarem essa bandeira de forma fake? Como sabem da sua inequívoca adesão popular, atrair para suas manifestações e palanques não unitários um público que vá além dos seus próprios militantes e dos de seus partidos aliados. Claro, se o impeachment nao passar, a culpa será do “Centrão”! Mas mal conseguem esconder que o único objetivo que perseguem passou a ser o de transformar as manifestações em palanques eleitorais para Lula.

Não se pode pedir ao PT que não adote a estratégia que julgue melhor para si! Como sempre, não estão interessados na unidade das forças democráticas, e Lula não quer dividir o palanque quando já figura como um potencial vencedor das eleições. Todos os que não estão no projeto do PT precisam ver isto com clareza.

O que se pretende, desta análise, é demonstrar que dificilmente se imporão razões político-estratégicas que levem os vários seguimentos do campo democrático a investirem em novas e massivas manifestações, sabendo-se de antemão que não serão unitárias. E é impossível fazê-las com o PT, a não ser se for para aderir à candidatura de Lula.

Doravante os projetos programáticos dos diferentes seguimentos políticos começarão a ser levados em palanques múltiplos. Está inaugurada a temporada em que os palanques das manifestações passarão a estar carimbados com as cores dos diferentes projetos eleitorais que se apresentarão para 2022. A 3ª Via acertaria politicamente se montasse um único palanque; isto é possível, e demonstraria sabedoria histórico-estratégica se conseguisse convergir para uma única candidatura a presidente.


Como devem agir os democratas empenhados em levar à vitória, em 2022, um candidato da 3ª Via para realizar a missão histórica de quebrar e derrotar a trágica polarização bolsonarismo versus lulopetismo? Devem fazer suas próprias mobilizações, unidos em torno do único pacto unitário real e objetivo nesta conjuntura: a Democracia e a defesa do Estado Democrático de Direito. O povo quer feijão, trabalho, democracia e paz! E, engajar-se em um projeto político em que a luta contra a corrupção ou, mesmo, o impeachment, não sejam jogos de cena, pois reconhecem nelas um profundo caráter democrático!

Conseguirá a maioria dos democratas, exatamente os que já estão cansados de Bolsonaro e do PT, montar palanques massivos, amplos e representativos? Se sim, passará no teste que a história exige de quem pretenda ser alternativa de poder!

3 comentários:

  1. Perfeito. Um único palanque seria o ideal, embora me pareça no momento bem difícil, dadas as conhecidas ambições eleitorais. Difícil muitos com a grandeza de um Tasso Jereissati.

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  2. Apenas para dar mais clareza, faço a distinção entre “manifestações” e “palanques”. A primeira, são mobilizações unitárias ou não para defender uma bandeira política; a segunda, eu a reservo para comícios eleitorais.

    O PT, espertamente, não quer manifestações unitárias para transformá-las em palanques eleitorais para Lula (e ele não precisa estar presente nos palanques), bastam os símbolos, como o vermelho, etc..

    Mas em meus últimos textos comecei a abrir outra discussão: a de que provavelmente não haverão mais manifestações unitárias porque não existem mais bandeiras unitárias, como resistir ao golpe que Bolsonaro quer dar, ou a campanha pelo impeachment de Bolsonaro. Essas bandeiras não existem mais porque: (1) não vai haver golpe; (2) o PT e o Centrão não querem o impeachment.

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  3. Apenas para dar mais clareza, faço a distinção entre “manifestações” e “palanques”. A primeira, são mobilizações unitárias ou não para defender uma bandeira política; a segunda, eu a reservo para comícios eleitorais.

    O PT, espertamente, não quer manifestações unitárias para transformá-las em palanques eleitorais para Lula (e ele não precisa estar presente nos palanques), bastam os símbolos, como o vermelho, etc..

    Mas em meus últimos textos comecei a abrir outra discussão: a de que provavelmente não haverão mais manifestações unitárias porque não existem mais bandeiras unitárias, como resistir ao golpe que Bolsonaro quer dar, ou a campanha pelo impeachment de Bolsonaro. Essas bandeiras não existem mais porque: (1) não vai haver golpe; (2) o PT e o Centrão não querem o impeachment.

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