sábado, 2 de outubro de 2021

Um primeiro balanço sobre as manifestações antibolsonaro de 2/10/21

As manifestações do dia 2/10/21 estiveram longe de serem representativas de todos os democratas, pois somente se viabilizam atos unitários se existirem bandeiras unitárias.

Somente se uniriam, nas ruas, todos os democratas se:
  1. Estivéssemos lutando contra a ditadura, como nos unimos em 1984 na campanha das “diretas já”, que simbolizava a luta pela liberdade de eleger o presidente da república pelo voto direto;
  2. Se estivéssemos lutando contra o risco iminente de um golpe de estado;
  3. Se existisse a bandeira democrática político-moralizadora do impeachment, como foram os de Collor e de Dilma.
Mas nenhum dos cenários acima corresponde à realidade.

Não estamos no cenário (1). Depois do 7/09 ficou evidente que não haverá um golpe de estado; portanto, um diagnóstico de que estejamos no cenário (2) corresponde a um erro de análise. 

Bolsonaro usa o cenário (2) como blefe para amedrontar e ameaçar os democratas e mantê-los na defensiva; e, mais uma vez, o usa como blefe com os seus próprios radicais, para unifica-los e mobiliza-los, como o fez em 7/09, quando vieram às ruas na expectativa de serem protagonistas ativos e nostálgicos de um novo golpe militar restaurador da ditadura inaugurada em 1964.

Esse erro de análise, a persistir, levará a novas manifestações não unitárias, como foram as do dia 2/10, que politicamente se transformaram em palanque eleitoral para Lula.



Os democratas que delas participaram, e que defendem uma candidatura da 3ª Via, fizeram bem de lá estar, mas para aprenderem que esse tipo de manifestações está esgotado enquanto necessidade estratégica da democracia para barrar um golpe iminente, e saíram com o sabor amargo de que estiveram na manifestação errada, pois participaram de comícios eleitorais de Lula.

Quanto ao cenário (3) o seu tempo político de viabilidade está quase se esgotando, pois o impeachment de Bolsonaro não é do interesse do Centrão e, tampouco, do PT, apesar do jogo de cena da Gleisi Hoffman dos quais são useiros e vezeiros. A sua chance é pequena e os democratas, que buscam alternativas ao lulopetismo e ao bolsonarismo, não devem se deixar imobilizar ou confundir por esse cenário fugidio.

Minha modesta proposta: as correntes políticas que buscam uma alternativa a Bolsonaro e a Lula devem investir em se unir e montar os seus próprios palanques. Não temos mais tempo para ficarmos cometendo erros.

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