domingo, 18 de setembro de 2022

A ARMADILHA DO VOTO ÚTIL

A eleição presidencial polarizada colocou a sociedade, e os eleitores, diante de falsos dilemas que nos dividem. O primeiro, o da disputa democracia versus fascismo; o segundo, o da disputa entre esquerda versus direita. 

Mas o que está em disputa é o desenvolvimento de nossa democracia versus o que a bloqueia.

Estas concepções, que nos dividem, entretanto, são falácias (*) que nos conduziram para um quadro eleitoral em que os dois candidatos colocados em primeiro lugar nas pesquisas - bem à frente dos demais -, se vencedores, manterão bloqueado o desenvolvimento de nossa democracia com a politica aprisionada e regida por valores conservadores e reacionários do passado, nomeadamente, o populismo, o patrimonialismo, o assalto ao Estado e a corrupção sistêmica. 

A consequência disso já o conhecemos: o bloqueio do progresso, o atraso científico e tecnológico e a incapacidade de promover uma justiça inclusiva com a erradicação da pobreza e da miséria.

Um segundo turno com Lula e Bolsonaro, ou mesmo a sua ausência, terá, pois, o conteúdo de uma tragédia histórica que nos manterá nessa prisão. Concretamente, no contexto dessa eleição sumamente polarizada, existe somente um caminho efetivo para a democracia: levar Simone ou Ciro ao 2º turno.


Este texto trata do enfrentamento à estratégia do voto útil, colocada em prática pela campanha de Lula para atrair os votos dos eleitores potenciais de Simone e de Ciro.

Ele dirije-se, em particular, aos democratas que estão dispostos a votar em Lula ou Bolsonaro com o dedo no nariz como estratégia para derrotar ao outro que consideram o mal maior.

Mas esta é uma armadilha baseada na conveniente narrativa de que já está “escrito” que o 2º turno será entre Lula e Bolsonaro.

Portanto, dirijo-me aos democratas que, embora críticos aos erros imensos de cada um, ainda assim, prefiram votar em um contra o outro.

Pois bem, nesta reta final, com lucidez, racionalidade e coragem terão que examinar a hipótese de votar em outros candidatos que considerem melhores, embora não figurem na dianteira das pesquisas eleitorais.

Bolsonaro não vencerá a Lula no 2º turno devido à sua altíssima rejeição. Mas Simone ou Ciro poderão fazê-lo.

Resumindo:
  1. Se votarem em Bolsonaro no 1º turno o levarão para o 2º turno, mas quem vencerá será Lula;
  2. Se votarem em Lula, estarão desviando preciosos votos que poderiam ser essenciais para garantir a presença de Simone ou Ciro no 2º turno; deixemos esses votos para os lulopetistas de raiz que lutam para eleger o seu “pai-pai”;
  3. Mas se, com o seu voto, você levar Simone ou Ciro ao 2º turno, provavelmente Simone ou Ciro será eleito; consequentemente, Lula será derrotado.
Naturalmente, dirijo-me aos democratas que não querem se contentar com o “mal menor” e não querem, por medo, serem capturados pelos argumentos dos que propõem o “voto útil”, que, como vimos, só favorecem a Lula.

Pensem nisso todos os democratas!

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sexta-feira, 9 de setembro de 2022

As duas falácias que nos dividem

A promulgação da Constituição de 1988 demarcou o início do mais longo período republicano de normalidade democrática: foram 34 anos marcados pela vigência do Estado Democrático de Direito. 

A democracia não é como uma obra acabada; ao contrário, é como um projeto sempre em desenvolvimento. E sofre riscos e ataques. Mas a expressa vontade de mais de 70% da população de viver em uma democracia, bem como a resiliência de nossas instituições democráticas, lhe garantem a força para resistir aos ataques.

Após o 7 de setembro de 2022 ficou claro que Bolsonaro não conseguirá dar o golpe que quer dar porque não tem força nem apoio para dar. O que vale é o compromisso manifesto dos brasileiros com a democracia!

A força de nossas instituições democráticas e, em particular, o compromisso das Forças Armadas com a Constituição, com a lei e com a ordem (*), estão aí para barrar o golpe!


A disputa histórica deixou de ser entre a democracia e o fascismo. A história retomou o seu rumo, iniciado com a redemocratização, marcada pela promulgação da Constituição de 1988.

E somente com muita forçação de barra o é entre direita e esquerda! 

A disjuntiva histórica dessas eleições voltou a ser o desenvolvimento de nossa democracia versus o que a bloqueia, ou seja, a corrupção, o populismo, o patrimonialismo e o salvacionismo anticientífico. 

É necessário retomar o projeto da democracia, em nome da liberdade, da justiça, dos direitos humanos e de uma prosperidade inclusiva, com a erradicação da pobreza e da miséria.

A história está sendo pedagógica. Mostrou, com o casamento de Bolsonaro e Lula nessas posturas atrasadas e anti-históricas, que estas são duas faces de uma mesma moeda reacionária e contra o progresso.

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sexta-feira, 29 de julho de 2022

Lutando pelo futuro necessário, desejável e possivel

Tenho um pé bem assentado na realidade. Isto é essencial para andar com firmeza.

Mas o outro pé, o da frente, aponta para onde eu quero chegar. Seres humanos são construtores de futuros desejáveis e possíveis. 


Não luto, no caso da política, como um apostador em corridas de cavalo conservador: ele sempre aposta no favorito, porque provavelmente vai ganhar. Luto pelo futuro que julgo necessário, desejável e possível, mesmo que não seja o mais provável.

De repente, o que parecia difícil ou muito difícil, até improvável, acontece. Mas jamais aconteceria, socialmente, se milhões de brasileiros não tivessem lutado por isso. Sempre fui assim. Gosto de ser assim. Não mudarei aos 77 anos.

Exercito, nestas eleições, esta filosofia. Votarei em Simone Tebet no 1º turno; e espero, no 2º turno, elegê-la Presidente.

Julgo ser este o futuro necessário para o Brasil. Por que eu votaria no pior candidato, Bolsonaro, que atenta contra a democracia e prega o uso de armas e a violência? Por que eu votaria no 2º pior candidato, Lula, por medo do golpe que Bolsonaro quer dar mas que não tem força para dar?

domingo, 24 de julho de 2022

Por que um candidato da 3ª Via poderá ser eleito Presidente?

Quanto mais Bolsonaro ameaça dar um golpe (à la Trump), caso perca a eleição, mais perde apoio dos seus eleitores democratas. E o eleitor, em sua sabedoria, já identifica nestas ameaças o discurso de quem já se sabe derrotado pelo voto democrático.

Caminha para o fundo do poço, onde encontrará apenas os seus eleitores radicais e ideológicos de extrema direita, que cultuam as ditaduras, as armas e a violência; sobretudo, que não são suficientes para levá-lo ao 2º turno.


Por outro lado, já não lhe são suficientes as benesses da PEC eleitoral nem aquelas, indiretas e fisiológicas, advindas do Orçamento Secreto para reverter o aumento de sua rejeição e inevitável queda.

E quanto mais alega fraude nas urnas eletrônicas mais o mundo e as instituições democráticas brasileiras lhe dizem, com total clareza, que repudiam as suas intenções golpistas. E, por mais que tente aprontar alguma confusão, antes ou depois das eleições, o seu intento será derrotado pela resistência democrática nacional e internacional.

Até ontem, alguns, preocupados com essa ameaça de golpe e, para exorcizá-lo, defendiam concentrar o voto em Lula desde o 1º turno. Milhões, embora sem serem lulopetistas, já se propunham a votar em Lula, o mal menor, para evitar o golpe que Bolsonaro quer dar mas que não tem força nem apoio para dar.

Existe, entretanto, um novo quadro, particularmente após a reunião de Bolsonaro com os embaixadores estrangeiros, quando destilou inverdades, sem provas e já respondidas, contra o Sistema Eletrônico de Apuração e Contagem de votos.

Isto chocou a comunidade internacional. O que se verificou após foi a reação generalizada das instituições democráticas em repúdio às nítidas intenções golpistas do Presidente.

E o eleitor começou a mudar o seu posicionamento; em síntese essas são as novas tendências:

1. Ex eleitores democratas de Bolsonaro afastam-se dele e buscam uma candidatura ao centro;

2. E, quanto mais Bolsonaro perde votos, maior é o contingente de democratas dispostos a tirá-lo do 2º turno;

3. E, quanto maior a probabilidade de Bolsonaro não ir ao 2º turno, maior é a chance de que os que votariam em Lula com o dedo no nariz, para afastar o mal maior, decidam votar em um candidato da 3ª via;

4. Confirmada essa tendência, Lula começará a cair os seus índices nas pesquisas eleitorais.


Este delineamento lógico e simples inaugura um novo quadro no qual, simultaneamente à queda provável dos índices de Bolsonaro e de Lula, crescerão os índices das candidaturas da 3ª Via.

Em uma eleição que já parecia estar definida para a vitória de Lula, de repente, mostra-se com outras possibilidades, pois, se um candidato da 3ª Via chegar ao 2º turno, mais provavelmente Simone Tebet, ele poderá ser eleito Presidente da república.

Caminho difícil e árduo, não é? Mas vale a pena apostar, pois nele está a chance de promover uma alternância democrática do poder sem os dois piores candidatos.

quarta-feira, 20 de julho de 2022

A equação certa para os democratas

Nós, os seres humanos, somos construtores de futuros. Aliás, é isso o que nos diferencia.

É verdade que não conseguimos construir qualquer futuro que nos dê na telha! Mas existem alguns que são possíveis e desejáveis.

Um deles, pode ser descrito como abaixo:


Este, o explicitado na equação, diga-se, não é futuro que até agora se esteja dizendo ser o mais provável.

Mas ele tem um mérito: corresponde a uma solução melhor para o Brasil. Portanto, é uma boa causa e um chamamento à luta!

Até agora está vencendo a tese do medo, de que devemos nos contentar com o mal menor, o Lula, para nos livrar do Bozo.

Mas esse raciocínio “amedrontado” adota a premissa da inevitabilidade do Bozo no 2º turno. Esta ideia somente serve ao Bozo e, principalmente, a Lula. E reforça a adesão até da maioria dos democratas, que não são lulopetistas, a votarem nele desde o 1º turno.

Mas tudo muda se começarmos a trabalhar com a possibilidade de tirar o Bozo do 2º turno. Neste caso, a lógica muda: passa a ter como objetivo derrotar os piores candidatos a Presidente. Para não deixar dúvidas: a Bozo no 1º turno e a Lula no 2º turno.

Alguns democratas se referem a Lula como o mal menor, um conceito ético-religioso. Mas, se esse é o argumento, suponho que, melhor ainda, é nos livrarmos de todo o mal.


Estou nesta campanha. Isto mudará tudo. E para melhor! Teremos a possibilidade de derrotar a polarização que aprisiona o Brasil em valores do passado!

quinta-feira, 14 de julho de 2022

O jogo sujo das alianças eleitorais que empurra o Brasil para o abismo!

A elite corrompida já escolheu seus candidatos a Presidente: Lula ou Bolsonaro.

O seu critério de decisão para apoiar um ou outro candidato não é o bem do povo ou um projeto para o país, mas a sua proximidade momentânea com um ou outro, e os negócios prévios que fazem antes da eleição em seu próprio benefício em troca desse apoio.


Não existe lealdade; como decidem como em um jogo de azar, estão sempre atentos para não depositarem suas fichas no candidato errado!

Por isso, como bons jogadores, inventaram o jogo sem riscos: recebem antes, independente do resultado das urnas, pois já se locupletaram com as verbas públicas escoadas via o orçamento secreto, e os fundos partidário e eleitoral. 

Se já não fosse pouco, ainda inventaram a PEC - Kamikaze, rompendo com toda a legalidade, para dar chance à reeleição do Bozo. Uma verdadeira “bomba institucional” que traz graves riscos à democracia. Mas os parlamentares da campanha de Lula, espertos, já a naturalizaram, votaram a favor! Ela não é mais só do Bozo, é de todos! Viva! Salve a rapaziada! 

E, com uma imensa desfaçatez, a PEC valerá até o dia 31/12/22, apenas para o curto período eleitoral! Depois, o que restará será a bagunça orçamentária, a inflação, o desemprego e o desespero da população mais pobre, que, expulsa de suas casas, engrossa rapidamente o contigente dos moradores de rua para viverem de esmolas como última estratégia de sobrevivência!

Teremos tempo de, enquanto nação, escolhermos outros rumos? Existiria um bloco político, orientado por um projeto de nação, capaz de romper com as práticas populistas e irresponsáveis de Lula e do Bozo? O tempo se escoa e as chances para a democracia diminuem!

Se as pesquisas estiverem certas, os eleitores, iludidos, preferem os piores candidatos, uma armadilha histórica na qual estamos andando para trás e regredindo em termos civilizatórios.

Será que teremos sabedoria para interromper essa queda livre no abismo que parece não ter fundo?

sexta-feira, 8 de julho de 2022

O mais trágico erro do STF

O STF, em minha opinião, cometeu grave erro ao anular as condenações de Lula.

Mas, hoje, com este anti-post, abro espaço a opiniões divergentes da minha. Julgo que o exercício da liberdade do contraditório seja uma das principais qualidades da democracia. 


Abaixo, registro algumas das diferentes reações negativas à minha opinião:
  1. É verdade, o STF errou, mas, em defesa da democracia, não é conveniente dizê-lo;
  2. É verdade, o STF errou, mas isto é fato consumado, nada mais se pode fazer quanto a isso;
  3. É verdade, o STF errou, mas não se pode ficar dizendo isso, pois dá força para o Bozo;
  4. O STF errou, mas Lula é um estadista;
  5. O STF errou, mas Lula é do tipo que rouba mas faz;
  6. O STF errou, mas Lula é o mal menor para afastar o fascista;
  7. O STF não errou, pois Lula foi injustamente condenado porque foi perseguido por Moro e pela Lava-Jato;
  8. O STF não errou pois Lula não poderia ter sido julgado no Foro de Curitiba;
  9. O STF não errou pois os processos que condenaram Lula foram eivados de ilegalidades;
  10. O STF errou, mas não só nisso, devemos fechá-lo (esta é a versão dos que estão dispostos a apoiar o Bozo para dar o golpe de Estado que ele quer dar).
Todas essas opiniões, humildemente, estão erradas, quer porque preferem jogar para debaixo do tapete este grave erro do STF, quer porque não atribuem um caráter democrático ao combate à corrupção, quer porque acreditem, iludidos, na inocência de Lula, ou porque, finalmente, não atribuem qualquer valor à democracia ou apreço pelo Estado Democrático de Direito.