Se, aqui, o presidente está sendo referido duramente, é para ressaltar o ridículo de sua insistência no chamado “tratamento precoce” com drogas como a cloroquina, e outras, que são ineficazes contra o coronavírus, de acordo com as autoridades de saúde e científicas nacionais e internacionais mais respeitáveis. E para ressaltar, de forma justa e precisa, as consequências de todos os seus erros trágicos.
sábado, 20 de março de 2021
#InterdiçãoJá!
Se, aqui, o presidente está sendo referido duramente, é para ressaltar o ridículo de sua insistência no chamado “tratamento precoce” com drogas como a cloroquina, e outras, que são ineficazes contra o coronavírus, de acordo com as autoridades de saúde e científicas nacionais e internacionais mais respeitáveis. E para ressaltar, de forma justa e precisa, as consequências de todos os seus erros trágicos.
sábado, 13 de março de 2021
Antilavajatismo: a aliança conservadora e reacionária para manter o país no atraso
O manifesto, ou carta aberta (*), de politicos, artistas e intelectuais, endereçada ao STF, pedindo que o tribunal julgue e aprove a suspeição do ex-juiz Sergio Moro expressa um posicionamento claro dos seus subscritores, personalidades conhecidas e respeitáveis.
Mas esse manifesto marca, com nitidez, pelo seu significado político, um divisor de águas na definição da candidatura do campo democrático que fará frente à nefasta polarização bolsonarismo x lulopetismo. Ambos os lados desta polarização estão no campo do antilavajatismo.
Entretanto, a luta contra a corrupção e para acabar com a impunidade tem um caráter democrático e estratégico. Ela corresponde a uma necessidade histórica pois, tendo a corrupção contaminado todo o sistema político, tornou-se incompatível com a democracia e com uma justiça em que não hajam brasileiros acima da lei; sobretudo, coloca-se como barreira para a erradicação da pobreza e bloqueia a mobilização das forças produtivas para o desenvolvimento econômico.
O antilavajatismo, unindo políticos tão díspares quanto Bolsonaro e Lula, expressa, contraditoriamente, uma aliança trágica entre contrários para manter o país no atraso. Ele converteu-se em uma força política e social; uma “santa aliança” estranha, unindo, suprapartidariamente, em um amplo espectro, da esquerda à direita, políticos atingidos pela Lava-Jato, juristas especializados em defender acusados de corrupção, militantes dos partidos atingidos e juízes, inclusive do STF, que nitidamente adotaram a narrativa de que a Lava-Jato teria cometido ilegalidades.
Portanto, o antilavajatismo já tem os seus candidatos naturais a presidente da república: o capitão, por mérito, dado aos seus feitos para líquidar com a Lava-Jato; e Lula, que se apresenta como a vítima injustiçada dela, com a sua narrativa de processos politicamente forjados.
Não há hipótese de se viabilizar uma candidatura do campo democrático da 3ª Via, para chegar ao 2º turno, e que se oponha à essa nefasta polarização, se se quiser fazê-lo com o mesmo discurso do antilavajatismo e, sordidamente, o de transformar Moro em réu. O candidato que o fizer não chegará lá, porque estará se colocando contra a necessidade histórica e contra a sociedade, e porque este campo já tem os seus líderes naturais.
Não temos mais o direito de errar perante a história!
Dou um exemplo: Ciro, ou Dino, ou Maia, ao assinarem o manifesto mostraram ter abandonado o projeto de uma candidatura do campo democrático da 3ª Via, e demonstram não compreender a necessidade histórica de quebrar a trágica polarização. É mais provável que, ao assinarem o manifesto, tenham colocado os seus nomes na disputa para ser o Vice de Lula.
É este o projeto que defendemos para o Brasil?
_______
(*) Carta ao STF pedindo que seja aprovada a suspeição de Moro
terça-feira, 9 de março de 2021
Fachin: da defesa para o ataque
sábado, 6 de março de 2021
Os perigos que nos rondam
sexta-feira, 5 de março de 2021
O Efeito Bolsovírus
_______
quinta-feira, 4 de março de 2021
COMO EVOLUIRÃO AS CIDADES APÓS A PANDEMIA?
segunda-feira, 1 de março de 2021
Um ano depois, a dúvida é sobre nós
Por Míriam Leitão
O Globo, 28/02/2021 • 04:30
Não cabe mais perguntar que governo é este. A resposta está dada. O Brasil chega ao seu pior número diário de vidas perdidas, em um ano de pandemia, com o colapso se espalhando pelos estados, e o presidente Bolsonaro dizendo que a máscara é que é o risco. O que cabe agora é tentar saber que país é este. Quem somos nós? De que matéria somos feitos? O futuro perguntará aos contemporâneos dessa tragédia o que fizemos. Enquanto os brasileiros morriam, o inimigo avançava impiedosamente e o governo era sócio da morte.
Bolsonaro nós sabemos quem é. Ele quer que haja armas e munições, quando precisamos de leitos e vacinas. Ele exibe desprezo pela vida, quando precisamos de empatia e conforto diante desse luto vasto e irremediável. O luto dos enterros sem flores, sem abraços, sem consolo. Contamos nossos mortos numa rotina fúnebre e interminável. O presidente conta as armas com as quais os seus seguidores vão nos ameaçar se eventualmente reagirmos.
Quem somos nós? O futuro nos perguntará e é preciso que o país saiba que terá que responder que, mais uma vez, fomos o povo que tolerou o intolerável. Como na escravidão, no genocídio dos índios, na ditadura, na desigualdade temos aceitado a afronta, a vilania, a infâmia. Castro Alves pode fazer de novo a pergunta: que bandeira é esta?
Essa é a nossa contemporaneidade. Lembra os nossos piores passados. É tão longo o suplício que perdemos as palavras. Não há palavras fortes o suficiente para definir o que vivemos. O presidente comete crimes diariamente. A cada crime sem punição ele se fortalece, porque sabe que pode avançar um pouco mais. Como o vírus que domina o corpo fraco. A cada dia fica mais difícil contê-lo.
De outros países, nos olham com espanto e desprezo. Nenhum povo suportaria tal opróbrio. Eles sabem o que temos feito aqui e o que temos aceitado. E não entendem. Caminhamos para o risco de colapso nacional, de falência múltipla dos órgãos de saúde do país. Só agora, alguns estados falam em lockdown. Antes, havia no máximo uma restrição de circulação à noite, como se o vírus fosse noturno e dormisse de dia. Vários países começam a comemorar queda dos contágios, internações e mortes. Comprovam vantagens do distanciamento social, das vacinas e do uso de equipamentos de proteção. O presidente diariamente passeia, diletante, pelo país, com seu séquito de homens brancos sem máscaras, com os quais exerce o poder, oferecendo-lhes migalhas do seu mandonismo. São os invertebrados de Bolsonaro.
O médico Ricardo Cruz escreveu para Denise, sua mulher, “prepare-se para o pior”. O pior chegou para a sua família e para o país. Ricardo Cruz era amado por seus colegas e pacientes. Organizou um centro de reflexão sobre as angústias que vivemos neste século e o batizou de “humanidades”. O último recado digitado por ele, mostrado por este jornal em brilhante reportagem, é um alerta vivo. Estamos no pior momento. Despreparados.
O presidente da República mente diariamente e as mentiras estão nos matando. Bolsonaro não se interessa por pessoas, mas por perfis das redes, inúmeros deles falsos. Em colunas passadas, fiz a lista dos crimes cometidos por Bolsonaro e apontei artigos e incisos das leis que ele afrontou. Mas isso o país já sabe. Alguém sempre diz que não existem as condições políticas para um impeachment. E os milhares de mortos que enterramos? Quantos deles teriam sido poupados se fosse outro o governo do Brasil? Não cabe mais perguntar que presidente é este. O país não pode alegar desconhecimento.
Cabe fazer uma pergunta mais dura. Quem somos nós?