É necessário enfrentarmos, nós, os que apoiamos a candidatura de Simone Tebet, a questão da presença de Moro em seu palanque.
O espaço do antilavajatismo já está ocupado. Essa bandeira pertence a Lula e a Bolsonaro pelo mais legítimo merecimento. Não existe espaço para o antilavajatismo no palanque da 3ª Via!
E, também, não existe espaço para o antimorismo, pois a presença destacada de Moro neste palanque irá fortalecê-lo, e será essencial para levar a candidatura da terceira via à vitória. Sem isso, a 3ª Via não se viabilizará enquanto projeto político e necessidade histórica.
Moro é um cidadão íntegro e competente, prestou grande contribuição ao Brasil com sua participação na operação Lava-Jato e demonstrou imensa coragem e compromisso com o Estado Democrático de Direito ao julgar e condenar alguns dos criminosos de colarinho branco mais poderosos, inclusive ao próprio Lula.
Trata-se de uma questão estratégica, pois não terá qualquer chance o candidato da 3ª Via que queira derrotar a Lula e a Bolsonaro sem assumir, com nitidez, o caráter democrático do combate à corrupção e para acabar com a impunidade.
Trata-se da luta do mundo da decência, que se orgulha de viver do seu trabalho, contra o mundo do crime, de assaltantes e de aproveitadores das riquezas geradas pelo trabalho dos que trabalham e empreendem com seriedade! Não podemos continuar assim; estes últimos chegaram ao poder politico e os seus candidatos são, exatamente, os que estão nos primeiros lugares das pesquisas eleitorais.
Simplesmente, o desenvolvimento da nossa democracia e da justiça social, bem como o aumento da prosperidade econômica, estão bloqueados pela corrupção exacerbada: tanto pela corrupção estratégica, de vertente lulopetista, como pela miliciana, de vertente bolsonarista que amedronta, pelas armas, às nossas comunidades mais humildes. Ambas são formas de assalto ao Estado, fazem escoar os recursos públicos para mãos criminosas, desorganizam a sociedade e degradam os seus padrões morais; isto resulta em desemprego, fome, miséria, assassinatos, desmatamento, degradação do meio ambiente e exploração ilegal de nossas terras públicas e recursos minerais, como estamos vendo na Amazônia.
Esta não é uma questão acessória: ela deve ter a sua tradução no texto do programa da candidatura de Simone Tebet e no seu discurso ativo e claro de campanha para denunciar e romper com os desvios éticos cometidos por Bolsonaro e por Lula. Esta, pois, deve ser uma marca inequívoca do compromisso democrático e histórico da campanha de Simone Tebet.
Com todas as letras, Moro, como um democrata, não precisa pedir licença para estar no palanque da 3ª Via, pois já faz parte dele, e busca, como nós, uma alternativa ao lulopetismo e ao bolsonarismo. Mesmo tendo lhe sido vetada a possibilidade de ser candidato a Presidente pelo seu partido, o União Brasil, sua influência e votos poderá ser, exatamente, o necessário para Simone chegar ao 2º turno e vencer a eleição.
Voltando, agora, ao início. Óbvio, seria falso dizer, ao mesmo tempo, que não existe espaço para o antilavajatismo no palanque da 3ª Via e, em seguida, vetar a presença de Moro neste mesmo palanque. Ninguém acreditaria na seriedade disso!
Tal palanque fake seria o sonho de seus adversários; e seria, ou uma arrogância delirante, ou uma malandra artimanha, com o objetivo de impedir que a 3ª Via realmente ganhe, pois seria o mesmo que dizer que a influência de Moro e os seus milhões de votos não são necessários à vitória.
Escrevo este texto porque acredito que um candidato da 3ª Via possa ganhar. E luto por isso.
Finalmente, se não é proibido sonhar: que Simone Tebet seja bem sucedida em suas iniciativas para pactuar a convergência dos candidatos da 3ª Via em torno de um compromisso histórico-democrático para derrotar a nefasta polarização. O Brasil precisa de estadistas.
Teremos todos nós sabedoria e grandeza para apoiá-la? Acho que vale a pena tentar!