quarta-feira, 12 de abril de 2017

A lista de Fachin

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, em 83 decisões, a abertura de inquérito contra oito ministros do governo Temer, 24 senadores e 39 deputados federais, dentre eles os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados.

 

Nós, os brasileiros, podemos fazer disso uma oportunidade para prosseguirmos no aperfeiçoamento de nossa democracia. Mas, muitos temem que seja o contrário.

A extensão da lista, a importância dos políticos denunciados pelos cargos que ocupam e por suas biografias, a sua natureza suprapartidária, varrendo todo o espectro político e ideológico, demonstra a profunda crise do sistema político brasileiro. Mas, porque temem a Lava-Jato como um inimigo comum, eles formam uma poderosa "santa aliança" tácita para combate-la. Historicamente, estão derrotados, mas, cegos, olhando apenas para os seus umbigos, ainda podem prejudicar muito o país!

A lista de Fachin demonstra, como desnudado pelas investigações, delações, provas e evidências colhidas, que a conquista e a manutenção do poder político no Brasil são financiadas pela corrupção. Isto vale para os poderes executivo e legislativo federal, mas vale, também, para alguns dos maiores estados brasileiros, como o Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. E contamina, endemicamente, a vida política dos maiores e mais importantes municípios brasileiros.

Os denunciados e seus aliados reagirão, e se defenderão, protegidos pelo Estado Democrático de Direito, e garantidos pela consciência cidadã e republicana dos brasileiros. Mas, não adiantará alegar, mesmo nos casos mais leves, cinicamente, que os volumes recebidos foram pequenos, ou aplicados apenas nas eleições, ou apelar para os aspectos positivos de suas biografias ou de suas lutas passadas. Aliás, é de se prever, que todos invocarão variações do mantra "não existe ninguém, neste país, que seja mais honesto do que eu!".

Mas é necessário ter em mente: (1) que qualquer que seja o enquadramento a que tenham sido submetidos por Fachin, que todos sabiam da probabilíssima natureza ilícita dos recursos recebidos; (2) que mesmo quando esses recursos são declarados à justiça eleitoral, ainda assim, pesa sobre eles uma probabilíssima natureza ilícita; (3) que as empreiteiras, ao usarem o estratagema de lavar dinheiro da corrupção no processo eleitoral, encontraram uma forma de manter os mais notórios políticos brasileiros gratos à sua imensa generosidade, e os manterem atrelados aos seus interesses; (4) que, nesta área não existem ingênuos.

O que podemos e queremos?
  • Que os processos judiciais prossigam celeremente, sem interrupções, para expurgar da vida política os condenados por corrupção aplicando a lei da "ficha-limpa".
  • Que se inaugure uma nova etapa da cultura democrática brasileira, onde não haja espaço para a impunidade dos crimes de colarinho branco.
  • que seja feita uma profunda reforma política e eleitoral  para garantir competitividade eleitoral a cidadãos honestos e comprometidos com o bem comum, justamente a imensa maioria dos que não são eleitos, pois só querem e sabem contar em suas campanhas eleitorais com os recursos financeiros lícitos arrecadados por seus correligionários.


quinta-feira, 23 de março de 2017

A que serve o destempero do Gilmar Mendes?

Lamentável, enquanto espetáculo público, a troca de farpas entre o ministro Gilmar Mendes, do STF, e Rodrigo Janot, o Procurador Geral da República.


Não podemos deixar de nos posicionar diante do afloramento de mais esse ingrediente da crise ética em que vivemos. Eu, como cidadão, estou com Janot.

Gilmar, com sua conhecida irresponsabilidade verbal, já notabilizou-se pela forma descortês e desrespeitosa de atacar e criticar de público aos seus próprios pares.

Entretanto, o mais importante é compreender o significado da divergência que ele trouxe a público. Com sua ação Gilmar tenta tornar o STF refém de uma nova ofensiva conservadora que passa pela aprovação da lei do Abuso de Autoridade. O objetivo, em primeiro lugar, é conter os jovens profissionais da justiça que desnudaram perante o país como a corrupção vem sustentando a conquista e a manutenção do poder político. No limite, paralisar a própria Lava-Jato.

Gilmar converteu-se na linha de frente, dentro do STF, da "santa aliança" dos que temem e combatem a Lava-Jato. E isto ocorre exatamente agora, quando, com o acúmulo de provas e evidências já colhidas, e com as delações premiadas da Odebrecht, as instituições republicanas estão dando um combate exemplar à corrupção e criando a oportunidade histórica de acabar com a impunidade dos crimes de colarinho branco!

O objetivo de Gilmar é inviabilizar o trabalho, e colocar na defensiva, de todos os que, institucionalmente, estão envolvidos na luta contra a impunidade, os procuradores da república, particularmente os da força tarefa da Lava-Jato, os policiais federais e os juízes de 1ª e de 2ª instância, dentre eles o próprio juiz Sergio Moro.

Não podemos aceitar que impeçam este tão ansiado e necessário avanço da democracia brasileira! Estejamos atentos, mais uma vez, para não perdermos tudo o que já tão dura e generosamente conquistamos!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Um reforço ao baixo clero do STF?

Há muitos anos li um livro cujo título era: "Todo mundo é incompetente, inclusive você!", de Lawrence Peter. Uma das suas teses centrais, é a de que cada um tem um nível máximo de competência, a partir do qual, em apenas um limiar acima, passa a ser incompetente. Naturalmente, esse livro acabou sendo considerado um livro de humor, mas fez enorme sucesso à época!


Pois bem, se alguém é elevado ao seu nível de incompetência, começa a fazer merda. Mas, muitas vezes o seu superior ainda quer contar com o ex-competente, e o "promove" a assessor ou a alguma coisa em que pareça ainda poderá ser útil! O autor denominou a isso de "promoção percuciente". Naturalmente, essa avaliação é feita pelo seu superior, que pode ele mesmo ser o verdadeiro incompetente.

Lembrei-me do livro agora, pois parece aplicar-se a essa situação do Alexandre de Moraes. Temer já decidiu promovê-lo a ministro do STF.

O meu temor ainda fica maior quando penso quem virá para ocupar o seu lugar como ministro da Justiça. Perdoem-me os otimistas, mas será para (tentar) articular a grande anistia aos que estão enrolados na Lava-Jato! Com isso, o Temer terá o apoio garantido do PT, do Renan e de toda a "santa aliança" que a combate!

Quanto ao Alexandre de Moraes, no STF será decepção garantida para os brasileiros! Mas, existencialmente, ele não se sentirá só: terá lugar garantido no baixo clero (*) da casa ao lado de Toffoli e Lewandowisk (e de outros, que omito para não causar muita polêmica).

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(*) Gostaria de esclarecer a concepção com que faço a dura classificação de baixo clero a um ou outro ministro do STF. Como minha formação não é jurídica, jamais me daria o direito de classificar ministros do STF por uma avaliação quanto à sua competência jurídica. Mas, como cidadão vivido, posso e me sinto em condições de avalia-los por seu comportamento e postura pessoal e política.

Classifico um juiz do STF como parte do baixo clero quando o vejo sistemática e consistentemente dando votos com coloração politico-partidária.

Ao agirem assim, deixam de cumprir a Constituição, que juraram defender. Considero que o STF deve ser instrumento fundamental para fazer avançar a democracia brasileira, particularmente, em uma conjuntura em que o sistema político-partidário está em crise e com baixa credibilidade pública, devido ao papel da corrupção no financiamento e manutenção do poder político.

Sem um poder judiciário isento não será possível que o próprio poder legislativo aprove as leis necessárias para acabar com a impunidade do crime de colarinho branco!

Juizes não isentos e partidários serão fatores de entrave para o julgamento justo dos indiciados na Lava-Jato, pois se acostumaram a dar votos de gratidão aos que os indicaram. 

Já citei alguns cuja ação não isenta os têm desqualificado. Acho que o Alexandre Moraes tem grande probabilidade de vir a ser mais um, não só por sua filiação partidária ao PSDB, um direito legítimo seu, mas porque julgo que a sua condição de ministro da justiça do governo Temer o impedirá de ter a isenção indispensável em votos que afetem os interesses do governo ou de seus correligionários.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Íntegra do discurso de Lula no velório de D. Marisa

Multidão se despede de Marisa Letícia durante velório no ABC Paulista (*)

Amigos, parentes e políticos participaram da cerimônia. No discurso de despedida, Lula disse que Dona Marisa morreu triste, se referindo à Lava Jato.

Matéria G1 - 04/02/2017

"Queridos companheiros, queridas companheiras que vieram prestar sua última mensagem e homenagem à companheira Marisa. Eu tinha dito que não falaria porque a preocupação de não falar e chorar é muito grande. Mas eu acho que já chorei a quantidade de lágrimas que daria para recuperar a represa Cantareira por dois anos.


Eu queria dar uma palavra de agradecimento a cada mulher, cada homem, cada companheiro, cada companheira - cada parente da Marisa, cada parente meu - e dizer ao companheiro Rafael, presidente desse sindicato, que minha vida não seria um décimo do que é se não fosse esse sindicato. Se não fosse esse salão.

Vocês não têm dimensão da representatividade desse espaço que nós estamos tem na minha vida; Aqui eu aprendi a falar. Aqui eu perdi o medo do microfone. Aqui nós decidimos combater a ditadura militar. Aqui nós criamos um novo sindicalismo. Aqui nós pensamos em criar a CUT. Aqui nós pensamos em criar o PT - aqui nós pensamos em fazer todas as greves feitas nessa categoria.

Aqui saiu inspiração para que muitos sindicatos se transformassem num sindicato combativo. Aqui eu conheci a Marisa. Aqui eu casei com a Marisa. Na minha posse, em 24 de abril de 1969, a Marisa tinha casado comigo. Nos casamos em 1975 - conheci Marisa em 73 e aqui nós criamos nossos filhos. Aqui a Marisa sustentou a barra para que eu me transformasse no que eu me transformei.

Eu sou o resultado da consciência política dos trabalhadores brasileiros. Na hora que ele evolui, eu evoluo. Eu sou resultado das greves, mas também sou resultado de uma menina que parecia frágil e que me deu a garantia que eu poderia viajar para ajudar candidatura, para ajudar criar sindicalismos combativos. Que ela segurava a barra. E nunca reclamou.

O meu primeiro filho, que é o Fábio, do meu casamento com ela, porque, quando eu casei ela já tinha o Marcos - que já tinha uns dois anos e pouco quando eu casei. Porque eu não sei se vocês sabem, a Marisa ficou viúva novinha, porque assassinaram o marido dela que estava dirigindo um táxi. Logo veio o Fábio, depois veio o Sandro, depois veio o Luiz Cláudio. E eu nunca estive presente. Por causa do PT, por causa da CUT, por causa das greves.

Eu lembro que quando o Fabio nasceu a gente estava pescando aqui na represa Billings, lá no montanhão. Aqui estava a Maria, o Antônio, a Inês. E era mais ou menos 18h, ela estava com água no pé do umbigo tentando pegar uma tilápia de uns 10 centímetros, para a gente comer. A gente assava e comia na beira da represa.

Era um domingo e nós fomos embora para casa. Fomos tomar banho. quando foi umas 6h30 manhã estourou a bolsa. Ela me chamou para levar ela no médico. Eu levei no PS de São Bernardo. Só que eu tinha uma reunião da diretoria do sindicato. Deixei a Marisa lá, e só fui lembrar Rui, as 11 horas da manhã. Quando cheguei em casa, já tinha nascido o Fábio.

O Sandro eu fui para Bahia no congresso do sindicato dos químicos. Ele adiantou um mês, um mês em pouco. Houve uma antecipação no parto. Eu estava no congresso dos petroleiros, na Bahia, quando em 1978 , dia 15 de julho, eu recebo a notícia que a Marisa tinha tido o Sandro. Ele foi antecipado alguns dias e eu não tinha como comemorar.

Era 9h eu fui no bar, no hotel da Bahia. Tomei um conhaque sozinho e comemorei o nascimento do Sandro. Aí nós combinamos que no próximo filho eu ia cuidar de ver o parto. Eu estava com ela em Cuba, o Sandro era pequeno. E a gente foi visitar um show lá em Cuba, no Tropicana. E não pudemos entrar por causa do Sandro.

Aí, então, nós voltamos e, por obra de deus, nós fizemos o companheiro Luis Claudio, que está aqui. Aí foi muito engraçado, porque lá em cuba eu descobri que o Sandro tinha um problema no coração. E, por conta dessa descoberta, nós viemos aqui em SP, e o Dr. Jatene operou a aorta dele. Ele tem até hoje, um cano, que está funcionando bem.

Mas o que é importante é que eu tinha assumido o compromisso com ela que eu ia assistir o parto do Luiz Cláudio. Apareceu uma companheira, que eu nem sei se está aqui no meio. Uma companheira, ex-militante do partidão, Albertina de Souza. Uma médica excepcional que falou para Marisa: eu quero fazer o seu parto gratuitamente. É um presente meu para você e para o Lula.

Aí eu fui na clínica São Luís. Era mais ou menos 17h30. Quando estou na clínica São Luis, Rui, eu recebo um telefonema do Djalma Boca - não sei se ele está aqui também. Ele era presidente do PT estadual e falou: Lula, o PMDB quer uma reunião urgente, porque quer discutir a aliança com o Losca (sic), aqui em São Paulo.

Eu, mais uma vez, pedi desculpa a Marisa. falei: Meu amor, ainda não é dessa vez. E fui fazer a reunião. Quando cheguei à meia noite no hospital, já tinha nascido o companheiro Luís Cláudio. Então, depois disso, Dom angélico, às vezes eu tenho culpa, às vezes eu acho que assim mesmo. Ela, praticamente, criou os filhos sozinha. Porque era ela que ia na escola.

Na verdade eu acho que ela foi mãe. Ela foi pai, ela foi tia, foi avó, foi tudo. Porque ela cuidou de todos e nunca reclamou da vida. A Marisa começou a trabalho com 11 anos de idade como empregada doméstica. Era babá. 11 anos de idade. Depois foi trabalhar na Dulcora. depois casou. Perdeu o marido, ficou viúva e conheceu esse ser humano bonito - que sou eu - e casou.

Eu brinco com a Marisa. Faz 43 anos que eu brinco com ela, todo ano, que ela acaba de ser eleita, todo o ano, que ela acaba de ser eleita a mulher mais bem casada do mundo.

Nós tivemos uma vida extraordinária. Uma vida de muita compreensão porque eu tenho em mente, que o casamento é o maior exercício de democracia que um ser humano pode fazer. É no casamento que você aprende a ceder. E tem que ceder todo o dia. E tem que brigar todo o dia para conquistar alguma coisa.

Você cede pra mulher. Você cede para o filho. Eles cedem para vc. E se você não tiver a paciência de exercer essa lógica de ceder um para o outro, o casamento não dura muito tempo. É por isso que gente casa e se separa muito rapidamente. É porque não tem o exercício da democracia.

Eu e a Marisa nunca brigamos. Eu já brigava muito no PT, muito no sindicato. Quando eu chegava em casa, às vezes ela queria brigar comigo, mas eu falava, Marisa, não adianta que eu não quero brigar. E não brigava, Rui. Eu aprendi, de uma mãe analfabeta, que dizia: nunca levante a voz pra sua mulher. Ela é a sua parceira e se não levantar a voz, nunca levante a mão para sua mulher. Eu não aprendi na universidade. Eu aprendi com uma mãe analfabeta ensinando um filho como se trata a parceira da gente.

Pois bem, a Marisa se foi. Eu, certamente, Dom Angélico, sofro menos do que as pessoas que não acreditam em deus. E do que as pessoas que não acreditam em outro mundo. Porque eu acredito em outra vida. E eu acho que ela vai encontrar. Ela deixou aqui muita gente que ela gosta. Muita gente. Sobretudo os filhos delas, os netos. Eu já estou bisavô. E ela, certamente, vai encontrar figuras extraordinárias lá em cima. Vai encontrar a mãe dela. Que é uma baixinha, chamada Regineta, que morava comigo um tempo. De uma doçura. Era muito parecida com a Marisa.

A dona Regineta levantava às 5h da manhã e ela começava a trabalhar. A Marisa, Rui, não há nada nesse mundo que faça a Marisa levantar depois das cinco. Ela pode dormir as duas da manhã que as cinco horas a Marisa está de pé fazendo alguma coisa. É a Regineta fiel. E eu penso que nós vivemos esse tempo todo vendo uma companheira humilde.

Quando eu fui eleito presidente, a Marisa era vítima de chacota. A direita ‘dizia será que ela vai conseguir limpar aquele vidro do palácio da alvorada? Será que ela vai ser ministra? Ela vai dar conta do recado? E eu dizia pra Marisa: Você não vai ser ministra, Marisa. Porque a obra mais importante que a mulher de um presidente pode fazer é dar segurança para o presidente da república não fazer as bobagens que os presidentes fazem nesse país.

Porque, no fundo no fundo, ela era mais do que uma ministra. Eu ficava pensando: eu coloco a Marisa para ser ministra de alguma coisa, aí a imprensa começa a bater nela. Bate nela num canto e bate no Lula, no outro. Bate nela num canto...não! Ela em casa, a gente sentava, conversava, discutia. E ela tinha muito mais importância que os ministros. A Marisa sempre dizia para mim. ‘Oh lula você não esqueça nunca de onde você veio e para onde você vai voltar’.

Uma vez, e eu vou contar isso, para terminar. Uma vez, a gente estava jantando no Palácio da Alvorada, a Marisa começou a rir, começou a rir e eu não sabia porque a Marisa estava rindo. Mas sabe quando uma pessoa ri e parece que vai morrer de rir? E ela disse, sabe porque eu estou rindo, Lula? É porque esses companheiros que trabalham na cozinha e esses garçons nunca imaginaram que esse palácio fosse ter uma presidenta, uma mulher de um presidente que pedisse para eles cozinhar pé de frango para ela comer.

Isso mostrava a diferença de quem estava dentro do Palácio da Alvorada. E ela dizia para mim. ‘Lula, a gente não pode fazer nada, nada mais importante do que a gente fez quando a gente não era presidente. Porque a gente não pode, por ser presidente, tentar utilizar porque pretexto para ter um padrão de vida superior àquele que a gente tinha quando você era simplesmente presidente do sindicato de São Bernardo do Campo.

Eu tenho orgulho, tenho orgulho, que a Marisa viajou comigo esse mundo inteiro. Acho que nunca uma primeira dama viajou 10% do que Marisa viajou, e a Marisa nunca me pediu $10 para comprar nada lá fora. Nada. A Marisa, desde 1975, a minha conta bancaria é no nome da Marisa. Porque eu nunca aceitei que a mulher ficasse mendigando R$ 10 para o marido para ir à feira. Ela ia e gastava o que precisasse.

Então, Marisa nunca me pediu um anel. Marisa nunca me pediu um vestido. Nunca pediu nada. A única coisa que ela queria era me ver cuidar dos filhos. Ela se foi... os filhos não precisam mais desse cuidado porque agora eles vêm aqui cuidar de mim. Eu estou véinho (sic). Eles tem que cuidar. Mas eu quero dizer que eu sou grato por vocês, pelo carinho que vocês tiveram comigo. Não é pouco tempo que eu estou aqui, gente. Eu estou aqui desde 24 de abril de 1969. Sou presidente. Fui presidente desde 24 de abril de 1975. A maioria nunca nasceu. Sabe? Eu tenho consciência que eu sou resultado de vocês. Eu tenho consciência. E tenho consciência que junto com vocês essa galeguinha que parecia frágil, mas quando ficava vermelha e falava grosso colocava medo em muita gente, Dona Maria.

Então, de coração, muito obrigado a cada mulher e a cada homem sabe que veio a esse ato aqui hoje. E eu vou. Eu vou continuar agradecendo a Marisa até o dia que eu não puder mais agradecer. O dia que eu morrer. E espero encontrar com ela, com esse mesmo vestido, que eu escolhi para colocar nela, vermelho, para mostrar que a gente não tinha medo de vermelho quando era vivo, não tem medo de vermelho quando morre.

Ela está com uma estrelinha do PT no seu vestido e eu tenho orgulho dessa mulher junto comigo e outros milhares, muitas vezes essa molecada dormia no chão, da praça da matriz, e a Marisa e outras companheiras vendendo bandeira, vendendo camiseta, para gente construir um partido que a direita quer destruir.

Na verdade, Marisa morreu triste, Rogério (sic). Porque a canalhice que fizeram com ela e a imbecilidade e a maldade que fizeram com ela, eu vou dedicar. Eu tenho 71 anos. Não sei se Deus me levará em curto prazo. Eu acho que vou viver muito porque eu quero, eu quero provar que os facínoras que levantaram leviandades com a Marisa tenham um dia a humildade de pedir desculpas a ela.

Eu digo todo dia. Se alguém tem medo nesse país. Se alguém praticou corrupção nesse país. Se alguém tem medo de ser preso, eu quero dizer o seguinte: esse que está enterrando a sua mulher hoje, não tem.

Porque eu tenho a consciência tranquila. Tenho certeza da consciência e do trabalho da minha mulher. E não sou eu que tenho que provar que eu sou inocente. Eles é que precisam provar que as mentiras que eles estão contando são verdadeiras. Portanto, querida companheira Marisa, descanse em paz porque o seu Lulinha paz e amor vai continuar brigando muito para defender a sua honra e a sua imagem.

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(*) http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/comeca-o-velorio-do-corpo-de-dona-marisa-no-sindicato-dos-metalurgicos-em-sao-bernardo.ghtml

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Um relator da Lava-Jato contrário à Lava-Jato?

Pois bem, precisamos encarar a realidade! Age, planejada e estrategicamente, a "santa aliança" dos que temem e combatem a Lava-Jato.

A 2ª turma do STF há algum tempo já está infiltrada por dois juízes claramente serviçais do PT, Lewandowisk e Toffoli; e por Gilmar Mendes, pronto a servir aos interesses do PSDB, sendo adversário declarado de Moro. Todos são adversários da lava-Jato, e sabemos disso!


Resta, como esperança de digna isenção, o decano Celso de Mello, ao qual se agregaria um quinto juiz vindo da 1ª turma.

Mas, se houver sorteio (*) do novo relator para substituir ao ministro Teori Zavascki, a probabilidade de que um juiz contrário à Lava-Jato seja escolhido será de pelo menos 3/5, ou 60%.


Não podemos brincar com isso! Creio que essa solução não interessa de forma alguma ao Brasil. Os brasileiros esperam que os ministros do STF, nesta etapa de nossa história, estejam alinhados na compreensão de que a tarefa mais importante para o aperfeiçoamento da democracia brasileira seja acabar com a impunidade dos crimes de colarinho banco!

O que o Brasil espera, e precisa, são juizes isentos. O que a sociedade espera é integridade e coragem na defesa do Estado Democrático de Direito e na aplicação dos devidos processos legais, em respeito à Constituição e às leis. Antes, esses critérios fundamentais eram apenas slogans de agitação na boca de bons e caros advogados criminalistas especializados em manter impunes seus clientes corruptos. Agora, passaram a ser, na medida em que estão sendo aplicados, particularmente depois da Lava-Jato, fonte de desespero para os criminosos de colarinho branco!

A vontade clara do povo brasileiro, revelada, inclusive nas ruas, está levando ao aperfeiçoamento gradativo da legislação anticorrupção. Particularmente, agora, com a prisão do condenado após o julgamento em 2ª instancia, a aplicação desses critérios fundamentais, se antes eram apenas slogans vazios de advogados de defesa, agora são instrumentos poderosos da sociedade para processar, condenar e punir criminosos, mesmo que sejam brancos, ricos, políticos, ou empresários.

Portanto, é preciso que se diga, se uma personalidade como Lewandowisk, por exemplo, for o escolhido, será uma vitória estratégica da "santa aliança" dos que querem impedir que os processos contra os criminosos de colarinho branco sigam o seu curso!

Ficaremos passivos diante deste risco? Esta possibilidade, contra a democracia brasileira, infelizmente, poderá consumar-se nos próximos dias! Deixaremos acontecer e, depois, ficar chorando sobre o leite derramado?


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(*) Sorteios cujos resultados possíveis, de igual probabilidade, são previamente conhecidos, são dispositivos criados pelos humanos quando se pretende imparcialidade na escolha.

Se você tem uma única e pequena bala para distribuir por duas crianças, você pode adotar um sorteio para não demonstrar preferência; se você quer distribuir um prêmio, como na loteria, você pode adotar esse método para garantir a imparcialidade!

Mas, na escolha do novo relator da Lava-Jato no STF, estamos diante de uma situação totalmente diferente! O sorteio do relator será um equívoco monumental!

Sabidamente, três dos cinco ministros possíveis de serem escolhidos não são isentos! Se um desses três for o sorteado, a Lava-Jato estará em risco, e a credibilidade do STF ficará abalada!

Em um quadro de baixa credibilidade dos poderes legislativo e executivo, se o poder judiciário entrar nesta vala comum, correremos o risco de grave crise institucional!

Pós comentário (02/02/2017):

O escolhido por sorteio foi o ministro Edson Fachin.

Quanto ao método de escolha aleatória de relatores no STF, segundo o que agora está sendo divulgado, são consideradas duas variáveis: (1) o número de ministros que participam do sorteio; (2) o número de processos que cada um já está relatando.

Esse método é rodado eletronicamente, e atribui maior probabilidade de ser escolhido ao ministro que esteja relatando menos processos. O seu algoritmo, entretanto, não é divulgado pelo STF.

O que se sabe é que o sorteio simula uma escolha aleatória, como retirar de um saco com bolas coloridas de cinco cores uma única bola, onde o ministro com o menor número de processos corresponde à cor com o maior número de bolas. Portanto, o ministro com o menor número de processos é o com a maior probabilidade individual de ser escolhido.

Isso pode ter ocorrido com o ministro Fachin, mas  resta uma pergunta: a probabilidade conjunta de ter sido sorteado um dos três ministros contrários à Lava-Jato, ainda não seria maior do que a do ministro representado pela cor com o maior número de bolas?

Tudo o que se pode dizer neste instante é que Fachin ganhou na loteria! E, até prova em contrário, também o povo brasileiro!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Eike, o empresário "padrão"

Ontem vi as imagens de Eike Batista, no aeroporto de Nova York (*), um homem que criou uma das maiores bolhas conhecidas, as empresas "X", um conglomerado campeão nacional, artificial, como ele próprio!

Essas empresas foram tratadas midiaticamente para serem orgulho do Brasil e símbolo da era petista. Filho dos "reality show", e das "pós-verdades", como o é Trump, chegou a ser indicado pela revista Forbes como um dos 10 bilionários mais ricos do mundo!


Estava falando ao celular, talvez um dos últimos bens que realmente seja seu, sem assessores, sem acompanhantes, sem amigos, melancolicamente, incógnito, sentado ao lado de cadeiras-de-engraxate vazias, sem clientes, sem engraxates.

Há poucos dias ele era um dos homens mais badalados do Brasil. Amigo íntimo do ex-governador Sergio Cabral, agora preso, e incensado pelos ex-presidentes Lula e Dilma. Tratado a pão-de-ló pelo BNDES, parceiro-cúmplice, e pelos políticos, e pelos próprios empresários!

Uma dolorosa solidão flagrada pelas lentes jornalísticas e, também, certamente, pelos olhos atentos da polícia! Volta para ser processado e preso! A imagem simbólica de um Brasil que começa a ficar para trás, para dar espaço a um outro, que tem pressa para nascer, e que precisa nascer, onde não haja espaço para a impunidade dos crimes de colarinho branco!


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(*) JFK, 29/01/2017.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Íntegra do discurso de posse de Donald Trump

Donald Trump tomou posse como 45º presidente dos EUA sexta-feira, dia 20/01/2017

Ele prestou juramento diante do Capitólio, em Washington, e discursou na presença de quatro de seus antecessores - um deles republicano.

G1 - 20/01/2017. No pé da página (I), reportagem e vídeo completo sobre o seu discurso.




Íntegra do discurso em português (em tradução não-oficial)

"Chefe de Justiça Roberts, presidente Carter, presidente Clinton, presidente Bush, presidente Obama, colegas americanos e pessoas do mundo: obrigado.

Nós, os cidadãos da América, estamos agora unidos em um grande esforço nacional para construir nosso país e restaurar sua promessa para todo o nosso povo.

Juntos, iremos determinar o curso da América e do mundo por muitos, muitos anos. Ver (II).

Enfrentaremos desafios, confrontaremos dificuldades. Mas faremos o serviço.

A cada quatro anos nos reunimos nesta escadaria para conduzir a ordeira e pacífica transferência de poder. E somos gratos ao presidente Obama e à primeira-dama Michelle Obama por sua graciosa ajuda durante essa transição. Eles foram magníficos. Obrigado.

A cerimônia de hoje, no entanto, tem um significado muito especial porque hoje não estamos apenas transmitindo o poder de uma administração a outra ou de um partido ao outro, mas estamos transferindo o poder de Washington, D.C., e o devolvendo a vocês, o povo.

Por muito tempo, um pequeno grupo na capital de nossa nação colheu as recompensas do governo enquanto o povo assumiu o custo.

Washington floresceu, mas o povo não compartilhou sua riqueza.

Políticos prosperaram mas os empregos foram embora e as fábricas fecharam.

O sistema se protegeu, mas não aos cidadãos de nosso país.

As vitórias deles não foram suas vitórias. O triunfo deles não foi o de vocês. E enquanto eles celebravam em nossa capital, havia pouco para celebrar para famílias em dificuldade ao redor de todo o país.

Tudo isso muda, começando aqui e agora, porque este momento é seu momento: ele pertence a vocês.

Ele pertence a todos reunidos aqui hoje e todos assistindo em todos os Estados Unidos.

Este é seu dia. Esta é sua celebração.

E este, os Estados Unidos da América, é seu país.

O que realmente importa não é qual partido controla nosso governo, mas se nosso governo é controlado pelo povo.

20 de janeiro de 2017 será lembrado como dia em que o povo se tornou o comandante desta nação novamente.

Os homens e mulheres esquecidos de nosso país não serão mais esquecidos.

Todos estão ouvindo vocês agora.

Vocês vieram aos milhões para se tornar parte de um movimento histórico, do tipo que o mundo nunca viu antes.

Ao centro deste movimento está uma convicção crucial de que uma nação existe para servir aos seus cidadãos.

Americanos querem ótimas escolas para seus filhos, vizinhanças seguras para suas famílias e bons empregos para si.

Essas são demandas justas e razoáveis de pessoas direitas e de um público direito.

Mas, para muitos de nossos cidadãos, uma realidade diferente existe. Mães e crianças presas na pobreza das zonas carentes de nossas cidades, fábricas enferrujadas espalhadas como lápides pela paisagem de nosso país. Um sistema educacional cheio de dinheiro, mas que deixa nossos jovens e belos estudantes desprovidos de conhecimento. E o crime as gangues e as drogas que roubaram tantas vidas e roubaram tanto potencial não realizado de nosso país.

Essa carnificina americana acaba aqui e acaba agora.

Somos uma única nação - e a dor deles é nossa dor. Os sonhos deles são nossos sonhos, e o sucesso deles será nosso sucesso. Dividimos um único coração, um lar e um glorioso destino.

O juramento do cargo que faço hoje é um juramento de lealdade a todos os americanos.

Por muitas décadas enriquecemos a indústria estrangeira às custas da indústria americana;

Subsidiamos os exércitos de outros países enquanto permitíamos ao muito triste esgotamento de nosso poder militar;

Nós defendemos as fronteiras de outros países enquanto nos recusamos a defender as nossas próprias;

E gastamos trilhões e trilhões de dólares além mar, enquanto a infraestrutura dos Estados Unidos caiu em degradação e deterioração.

Nós tornamos outros países ricos enquanto a riqueza, a força e a confiança do nosso país se dissipou no horizonte.

Uma por uma, as fábricas fecharam e deixaram nosso solo sem nem pensar nos milhões e milhões de trabalhadores americanos que foram deixados para trás.

A riqueza da nossa classe média foi arrancada de suas casas e depois redistribuída ao redor do mundo.

Mas isso é o passado, e agora nós estamos olhando só para o futuro.

Nós reunidos aqui hoje estamos emitindo um novo decreto a ser ouvido em todas as cidades, em todas as capitais estrangeiras e em todos os corredores do poder.

Deste dia em diante, uma nova visão vai governar nossa terra.

Deste momento em diante, será a América primeiro. Nota no pé da página em (III).

Todas as decisões sobre comércio, sobre taxas, sobre imigração, sobre relações exteriores serão feitas para beneficiar os trabalhadores americanos e as famílias americanas.

Devemos proteger nossas fronteiras das devastações dos outros países fazendo nossos produtos, roubando nossas empresas e destruindo nossos empregos. A proteção vai levar a grande prosperidade e força.

Vou lutar por vocês com todo o fôlego do meu corpo, e nunca vou decepcionar vocês.

A América vai começar a vencer de novo, vencer como nunca antes.

Vamos trazer de volta nossos empregos. Vamos trazer de volta nossas fronteiras. Vamos trazer de volta nossa riqueza, e vamos trazer de volta nossos sonhos.

Vamos construir novas estradas e rodovias e pontes e aeroportos e túneis e ferrovias ao redor da nossa nação maravilhosa.

Vamos tirar nosso povo do seguro-desemprego e colocá-los de volta ao trabalho, reconstruindo nosso país com mãos americanas e trabalho americano.

Vamos seguir duas regras simples: Comprar [produtos] americanos e contratar americanos.

Vamos procurar amizade e boa vontade com as nações do mundo - mas vamos fazer isso com o entendimento de que é o direito de todas as nações colocar seus próprios interesses em primeiro lugar.

Nós não buscamos impor nossa maneira de viver sobre ninguém, mas, em vez disso, deixar que ela brilhe como um exemplo a ser seguido.

Nós vamos reforçar alianças antigas e formar novas - e unir o mundo civilizado contra o terrorismo radical islâmico, que vamos erradicar completamente da face da Terra.

No alicerce das nossas políticas haverá uma lealdade total aos Estados Unidos da América, e através de nossa lealdade ao nosso país nós vamos redescobrir nossa lealdade um ao outro.

Quando você abre seu coração ao patriotismo, não há lugar ao preconceito.

A Bíblia nos diz "quão bom e agradável é quando o povo de Deus vive junto em unidade".

Devemos falar abertamente, debater nossos desentendimentos honestamente, mas sempre buscar a solidariedade.

Quando a América está unida, a América é totalmente invencível.

Não deve haver medo - estamos protegidos e sempre estaremos protegidos.

Seremos protegidos pelos grandes homens e mulheres de nossas forças armadas e da aplicação da lei. E mais importante, sempre seremos protegidos por Deus.

Finalmente, devemos pensar grande e sonhar ainda maior.

Na América, entendemos que uma nação só vive enquanto estiver se esforçando.

Não iremos mais aceitar políticos que são apenas discurso e nenhuma ação - constantemente reclamando, mas nunca fazendo nada a respeito.

O tempo para conversas vazias acabou.

Agora chega a hora da ação.

Não permitam que ninguém diga a vocês que isso não pode ser feita. Nenhum desafio pode equivaler ao coração, e à luta e ao espírito da América.

Não iremos falhar. Nosso país irá crescer e prosperar novamente.

Estamos perante o nascimento de um novo milênio, prontos para desbloquear os mistérios do espaço, para libertar a terra das misérias da doença, e controlar as energias, indústrias e tecnologias de amanhã.

Um novo orgulho nacional irá nos agitar, elevar nossas vistas e curar nossas divisões.

É hora de lembrar daquele ditado que nossos soldados nunca esquecerão, de que não importa se somos, negros, de outra cor ou brancos, todo sangramos o mesmo sangue vermelho dos patriotas. Todos desfrutamos das mesmas gloriosas liberdades e saudamos a mesma grande bandeira americana.

E se uma criança nasce num subúrbio de Detroit ou nas planícies varridas pelo vento de Nebraska, elas olham para o mesmo céu à noite, elas enchem seus corações com os mesmos sonhos e são insufladas com a brisa da vida pelo mesmo poderoso Criador.

Então a todos os americanos, em todas as cidades próximas e distantes, de montanha a montanha, de oceano a oceano, ouçam estas palavras:

Vocês nunca serão ignorados novamente.

Sua voz, suas esperanças e sonhos irão definir nosso destino americano. E sua coragem, bondade e amor irão para sempre nos guiar pelo caminho.

Juntos iremos tornar a América forte novamente.

Tornaremos a América rica novamente.

Faremos a América orgulhosa novamente.

Faremos a América segura novamente.

E, sim, juntos iremos tornar a América grande novamente. Obrigado. Deus abençoe vocês. E Deus abençoe a América."


A íntegra do discurso em inglês está no pé da página, em (IV).


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(II) Os parágrafos em negrito são os destacados na edição da reportagem original.

(III) Este destaque constitui o único não feito na reportagem original do G1. Ele realça o tom nacionalista do discurso, e vem sendo registrado pelos analistas como o centro da visão e da retórica trumpeana. Uma série de vídeos originados de países da comunidade européia, como o a seguir, satirizam com humor essa concepção; como exemplo, o de Portugal e os de outros países:
https://www.youtube.com/watch?v=4L7DWcktUxM.

(IV) Discurso em inglês:
"Chief Justice Roberts, President Carter, President Clinton, President Bush, President Obama, fellow Americans, and people of the world: thank you.

We, the citizens of America, are now joined in a great national effort to rebuild our country and to restore its promise for all of our people.

Together, we will determine the course of America and the world for years to come.

We will face challenges. We will confront hardships. But we will get the job done.

Every four years, we gather on these steps to carry out the orderly and peaceful transfer of power, and we are grateful to President Obama and First Lady Michelle Obama for their gracious aid throughout this transition. They have been magnificent.

Today’s ceremony, however, has very special meaning. Because today we are not merely transferring power from one Administration to another, or from one party to another – but we are transferring power from Washington, D.C. and giving it back to you, the American People.

For too long, a small group in our nation’s Capital has reaped the rewards of government while the people have borne the cost.

Washington flourished – but the people did not share in its wealth.

Politicians prospered – but the jobs left, and the factories closed.

The establishment protected itself, but not the citizens of our country.

Their victories have not been your victories; their triumphs have not been your triumphs; and while they celebrated in our nation’s Capital, there was little to celebrate for struggling families all across our land.

That all changes – starting right here, and right now, because this moment is your moment: it belongs to you.

It belongs to everyone gathered here today and everyone watching all across America.

This is your day. This is your celebration.

And this, the United States of America, is your country.

What truly matters is not which party controls our government, but whether our government is controlled by the people.

January 20th 2017, will be remembered as the day the people became the rulers of this nation again.

The forgotten men and women of our country will be forgotten no longer.

Everyone is listening to you now.

You came by the tens of millions to become part of a historic movement the likes of which the world has never seen before.

At the center of this movement is a crucial conviction: that a nation exists to serve its citizens.

Americans want great schools for their children, safe neighborhoods for their families, and good jobs for themselves.

These are the just and reasonable demands of a righteous public.

But for too many of our citizens, a different reality exists: Mothers and children trapped in poverty in our inner cities; rusted-out factories scattered like tombstones across the landscape of our nation; an education system, flush with cash, but which leaves our young and beautiful students deprived of knowledge; and the crime and gangs and drugs that have stolen too many lives and robbed our country of so much unrealized potential.

This American carnage stops right here and stops right now.

We are one nation – and their pain is our pain. Their dreams are our dreams; and their success will be our success. We share one heart, one home, and one glorious destiny.

The oath of office I take today is an oath of allegiance to all Americans.

For many decades, we’ve enriched foreign industry at the expense of American industry;

Subsidized the armies of other countries while allowing for the very sad depletion of our military;

We've defended other nation’s borders while refusing to defend our own;

And spent trillions of dollars overseas while America's infrastructure has fallen into disrepair and decay.

We’ve made other countries rich while the wealth, strength, and confidence of our country has disappeared over the horizon.

One by one, the factories shuttered and left our shores, with not even a thought about the millions upon millions of American workers left behind.

The wealth of our middle class has been ripped from their homes and then redistributed across the entire world.

But that is the past. And now we are looking only to the future.

We assembled here today are issuing a new decree to be heard in every city, in every foreign capital, and in every hall of power.

From this day forward, a new vision will govern our land.

From this moment on, it’s going to be America First.

Every decision on trade, on taxes, on immigration, on foreign affairs, will be made to benefit American workers and American families.

We must protect our borders from the ravages of other countries making our products, stealing our companies, and destroying our jobs. Protection will lead to great prosperity and strength.

I will fight for you with every breath in my body – and I will never, ever let you down.

America will start winning again, winning like never before.

We will bring back our jobs. We will bring back our borders. We will bring back our wealth. And we will bring back our dreams.

We will build new roads, and highways, and bridges, and airports, and tunnels, and railways all across our wonderful nation.

We will get our people off of welfare and back to work – rebuilding our country with American hands and American labor.

We will follow two simple rules: Buy American and Hire American.

We will seek friendship and goodwill with the nations of the world – but we do so with the understanding that it is the right of all nations to put their own interests first.

We do not seek to impose our way of life on anyone, but rather to let it shine as an example for everyone to follow.

We will reinforce old alliances and form new ones – and unite the civilized world against Radical Islamic Terrorism, which we will eradicate completely from the face of the Earth.

At the bedrock of our politics will be a total allegiance to the United States of America, and through our loyalty to our country, we will rediscover our loyalty to each other.

When you open your heart to patriotism, there is no room for prejudice.

The Bible tells us, “how good and pleasant it is when God’s people live together in unity.”

We must speak our minds openly, debate our disagreements honestly, but always pursue solidarity.

When America is united, America is totally unstoppable.

There should be no fear – we are protected, and we will always be protected.

We will be protected by the great men and women of our military and law enforcement and, most importantly, we are protected by God.

Finally, we must think big and dream even bigger.

In America, we understand that a nation is only living as long as it is striving.

We will no longer accept politicians who are all talk and no action – constantly complaining but never doing anything about it.

The time for empty talk is over.

Now arrives the hour of action.

Do not let anyone tell you it cannot be done. No challenge can match the heart and fight and spirit of America.

We will not fail. Our country will thrive and prosper again.

We stand at the birth of a new millennium, ready to unlock the mysteries of space, to free the Earth from the miseries of disease, and to harness the energies, industries and technologies of tomorrow.

A new national pride will stir our souls, lift our sights, and heal our divisions.

It is time to remember that old wisdom our soldiers will never forget: that whether we are black or brown or white, we all bleed the same red blood of patriots, we all enjoy the same glorious freedoms, and we all salute the same great American Flag.

And whether a child is born in the urban sprawl of Detroit or the windswept plains of Nebraska, they look up at the same night sky, they fill their heart with the same dreams, and they are infused with the breath of life by the same almighty Creator.

So to all Americans, in every city near and far, small and large, from mountain to mountain, and from ocean to ocean, hear these words:

You will never be ignored again.

Your voice, your hopes, and your dreams, will define our American destiny. And your courage and goodness and love will forever guide us along the way.

Together, We Will Make America Strong Again.

We Will Make America Wealthy Again.

We Will Make America Proud Again.

We Will Make America Safe Again.

And, Yes, Together, We Will Make America Great Again. Thank you, God Bless You, And God Bless America."