A questão colocada na ilustração abaixo parece ser um problema apenas da direita.
Mas esta é uma questão de interesse de todos os democratas, sintam-se eles de esquerda, de centro ou de direita.
É importante abrir esta discussão, pois tudo o que se pode dizer do resultado das eleições presidenciais é que a vitória de Lula foi a vitória do desejo majoritário dos brasileiros de viver em uma democracia.
Mas milhões de democratas não votaram em Lula. Simplesmente, votaram também em Bolsonaro, nulo ou branco; ou se abstiveram. Pode-se dizer que milhões desses eleitores sejam conservadores ou de direita; mas são democratas, porque não apoiam ditaduras e têm apreço por viver em um Estado Democrático de Direito.
Quem derrotou Bolsonaro não foi o lulopetismo; ele foi derrotado por si mesmo. Em síntese, as suas ações, posicionamentos, declarações e ameaças, denotando até mesmo a intenção de não aceitar um resultado desfavorável das urnas (*), sob a alegação prévia de que seriam fraudadas, levaram a que muitos democratas críticos ao próprio lulopetismo votassem em Lula.
Imagine, simplesmente, que ele tivesse colocado uma tarja preta na lapela demonstrando verdadeira empatia com a dor das famílias vitimadas pela COVID. Mas não, a par do seu descompromisso com a democracia, pelo seu negacionismo, reacionarismo e terror ao conhecimento, à ciência e à cultura conseguiu ser o primeiro presidente a não ser reeleito!
Para arrematar, resolveu colocar-se contra o mundo e tornou-se o maior pária global da causa ambiental.
Conseguiu o feito de, ao final do seu mandato, nem sequer receber o apoio dos militares, ou do que proclamava ser “o seu Exército”, para o seu objetivo golpista de desrespeitar o resultado das urnas. E os militares foram firmes nisto, em que pese as manifestações extremistas nas portas dos quartéis e o fato de terem votado majoritariamente nele em 2018.
Bolsonaro termina melancolicamente o seu mandato cuja marca foi a destruição das instituições do Estado. Por seu descompromisso com o Estado Democrático de Direito, os militares não puderam mais deixar de lembrar-se, embora respeitosamente, daquele tenente que no passado tiveram que expulsar do Exército.
Óbvio, somente fanáticos de extrema-direita ainda o apoiarão. Mas provavelmente ele não conseguirá sair do seu buraco e dificilmente superará a choradeira. Bolsonaro foi um acidente. Acabou, e a direita sabe disso.
Por que é importante tratar disso? Nesses próximos quatro anos passaremos a presenciar um debate político aceso que colocará em contraposição aos que se poderia denominar, respectivamente, de “democratas-radicais” e de “democratas-conservadores”. O importante é que este debate se dará no campo dos democratas, envolvendo todo o espectro de posições políticas, desde a esquerda, passando pelo centro até a direita.
Na tipificação de democratas que faço acima, estão excluídas as correntes políticas de extrema-esquerda e de extrema-direita, que defendem ditaduras e não têm apreço pelo Estado Democrático de Direito (**).
Qual projeto preponderará? Difícil saber, mas já existe uma tendência: o bolsonarismo e o lulopetismo, já derrotados em 2022, embora de formas diferentes, não serão mais as referências políticas hegemônicas em 2026.
Um Brasil moderno anseia por nascer!
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(*) e esta foi a razão pela qual o TSE decidiu por sua inelegibilidade https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2023/Junho/por-maioria-de-votos-tse-declara-bolsonaro-inelegivel-por-8-anos
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