sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

A ENCRUZILHADA DE SIMONE TEBET

Se Simone Tebet está decidida a ser candidata a Presidente em 2026 não deve assumir um ministério; caso contrário, deve aceitar o convite de Lula.

A razão é simples: ao aceitar o convite para participar do governo lhe pesará o compromisso tácito de participar de um projeto em que o PT não abrirá mão de indicar o sucessor de Lula. Em primeiro lugar, porque o próprio Lula tem direito à reeleição; em segundo, porque se Lula não concorrer o PT já tem os seus candidatos preferenciais, como, p.ex., o Fernando Haddad ou o Wellington Dias. E não se pode atribuir à Simone ingenuidade quanto a isto.


Diriam: - “mas é muito cedo para afirmar isso!”. De fato esta questão não está no prelo dos debates públicos, mas está na lógica de como opera na realidade o poder político! E de como opera o PT.

Lembremo-nos de que Ciro, que fora candidato a presidente em 1998 e 2002, porque aceitou ser ministro de Lula no seu primeiro governo, não pôde ser candidato em 1996, em 2000 e em 2014. E somente sentiu-se descompromissado para voltar a sê-lo em 2018 e 2022.

Decididamente, esta é uma difícil decisão para Simone, que ficará sem mandato até 2026, pois terminou os seus oito anos como senadora. Conservadoramente, diante disso, muitos a aconselhariam a ir para o governo e fazer um excelente trabalho para aumentar ainda mais o seu grau de conhecimento pela população e servir ao país após o desastre bolsonarista.

Se ela aceitar compor o governo deve descartar liminarmente o Ministério do Planejamento, que ela tanto defendeu em sua campanha. Ela tinha razão nisso, pois o país precisa de uma visão estratégica do seu desenvolvimento; mas, neste cargo, sem poder operativo, apenas normativo, ela ficará reduzida, sem visibilidade, às prateleiras e gavetas em que, por tradição, vão parar os planos necessários.

Lhe restaria a alternativa de um ministério como o do Meio Ambiente, que terá imensa importância, desde que se sinta em condições de fazer uma parceria com Marina devido à indiscutível legitimidade desta na defesa das causas ambientais.

Mas as coisas para Simone não serão realmente fáceis se persistir, com a dignidade que a caracteriza, em seu projeto de candidatar-se a presidente em 2026. Simplesmente, terá que nos próximos quatro anos construir sua candidatura, embora sem mandato e com a resistência de alguns dos principais caciques do seu partido, o MDB. Tudo é possível, embora difícil.

Se escolher a candidatura, teremos um fato novo. Será a mulher corajosa e preparada que, sem medo das dificuldades, saiu, em 2022, apresentando uma candidatura moderna do campo democrático. Todos sabem que sua presença no 2º turno das eleições garantiu a Lula os votos de que precisou para eleger-se, e, com isso, ajudou a afastar os perigosos riscos de retrocesso democrático ligados à reeleição de Bolsonaro. Muitos se prontificariam a apoiá-la, pois o Brasil precisa disso.

Claro, respeitaremos qualquer que seja a sua decisão, que deverá sair a qualquer instante!

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