sexta-feira, 4 de março de 2016

A XIII Internacional (*)

De Carlos Alberto Torres

O dia 04/03/2016, ficará marcado como o da condução coercitiva de Lula para prestar depoimento, na 24a fase da Operação Lava-Jato, que investiga a relação do ex-presidente com empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras.

A condução coercitiva de Lula e a prisão de João Santana inspiram o esboço de uma novela com todos os seus ingredientes. Ela nos permite uma reflexão coletiva; particularmente, os que, pelo menos uma vez, já votamos em Lula. A arte talvez nos permita o distanciamento para pensarmos sobre a sua personalidade complexa, e cheia de imensas qualidades e defeitos.


Um enredo envolvendo a articulação de uma grande empreiteira global com um ex-presidente, transformado em seu maior criador de negócios - grandes obras - preferencialmente em países que lutam para superar a pobreza e a miséria. Uma estranha aliança, em que as partes não exigem uma da outra unidade ideológica, mas apenas convergência de interesses!

No mundo pós guerra-fria, onde a democracia política se impõe, as eleições passaram a ser a forma de se chegar ao poder; porém, elas são muito caras em toda parte!

O ex-presidente, baseado em seu prestígio internacional, se coloca o objetivo político de ajudar a eleger governos populares na América Latina e na África. Convenceu-se, entretanto, do caráter estratégico e revolucionário da corrupção para realizar esse projeto de poder além-fronteiras; ou seja, de que a corrupção restaria plena e moralmente justificada se fosse para levar a boa e justa causa popular à vitória eleitoral, e derrotar as "elites conservadoras”!

Transformado em projeto internacional, seria necessário constituir fundos, com muito dinheiro, baseados nas obras superfaturadas da Odebrecht, e de suas associadas, em vários países (**). No Brasil, a empreiteira já ganhara experiência com essas associações, como revelado pela Lava-Jato, ao participar de um cartel de empreiteiras criado para vencer licitações fraudulentas, e para superfaturar obras de várias estatais, como a Petrobras; para isso, utilizavam-se de funcionários  dessas empresas, e de operadores externos especializados na arte de lavar dinheiro!

A adesão a esse projeto seria reforçada com a abertura de linhas de crédito do BNDES para financiar, em vários países, certas obras consideradas estratégicas. Uma audaciosa política de estado, porém conduzida discretamente para não sofrer entraves políticos internos. E a Odebrecht tocaria essas obras!

Todo o dinheiro arrecadado pela empreiteira seria gerenciado no exterior, mantendo-o, para a sua proteção, em contas diversificadas situadas em paraísos fiscais. Uma intrincada e arriscada operação, mas os retornos valeriam a pena, pois esses recursos permitiriam a eleição de governos "populares", que seriam seguidos de mais obras e mais lucros!

Aos candidatos "amigos" seriam oferecidos os serviços do marqueteiro João Santana. Qual candidato "popular" não o aceitaria, particularmente se tudo já estivesse incluído no preço? A empreiteira, usando a sua estrutura internacional, faria os pagamentos dos seus serviços diretamente em suas contas no Brasil ou no exterior!

Esse enredo é apenas o esboço de uma novela, uma obra da imaginação; portanto, limitada em seus detalhes, pois se sabe que a complexidade da vida real costuma superar a arte!

Trata-se de um enredo ficcional constrangedor para uma certa esquerda que se consome em ultrapassadas e atrapalhadas teses. Entretanto, os fatos insistem em dar a esse enredo cores de realidade, que, por sua natureza criminosa, não pode ser assumido e precisa ser negado a plenos pulmões. Esta é a razão porque esse projeto está desabando!

Mas, negando sua natureza, muitos continuam a defendê-lo! Ora, porque, ingenuamente, creiam ser um projeto "socialista" e se identifiquem com ele; ora, porque proclamem que a luta contra a corrupção é apenas parte do discurso conveniente da "direita golpista" para atingi-los, da qual, a Lava-Jato, não seria mais do que seu instrumento; ora, porque, apegados, não querem ver desabar, dolorosamente, sonhos e projetos nos quais empenharam suas vidas. Com isso, desmoralizam e levam para o mesmo saco toda a esquerda democrática, que, duramente, teve papel fundamental para conquistar a democracia!

Não percebem, tragicamente, que a luta contra a corrupção é, sobretudo, uma tarefa histórica e estratégica para o aperfeiçoamento da democracia brasileira, e para a própria saída da crise; e que, portanto, não existe, para a cidadania, tarefa mais radicalmente democrática e republicana!

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(*) Um texto em construção, pois a vida, vertiginosamente, empenha-se em trazer novos fatos para alimentar esse esboço ficcional. Versão dia 04/03/2016.
(**) Sobre essas obras, melhor ir direto ao site da Odebrecht: http://odebrecht.com/pt-br/organizacao-odebrecht/odebrecht-no-mundo

sábado, 27 de fevereiro de 2016

"A X Internacional (*)

A prisão de João Santana inspira o estofo de uma boa novela! Para fazer sucesso no mercado americano só faltam os tiros e as mortes!


Um enredo envolvendo a articulação de uma grande empreiteira global com um ex-presidente, transformado em seu maior criador de negócios - grandes obras - preferencialmente em países que lutam para superar a pobreza e a miséria. Uma estranha aliança, em que as partes não exigem uma da outra unidade ideológica, mas apenas convergência de interesses!

No mundo pós guerra-fria, onde a democracia política se impõe, as eleições passaram a ser a forma de se chegar ao poder; porém, elas são muito caras em toda parte!

O ex-presidente, baseado em seu prestígio internacional, se coloca o objetivo político de ajudar a eleger governos populares na América Latina e na África. Convenceu-se, entretanto, do caráter estratégico da corrupção para realizar esse projeto de poder além-fronteiras; ou seja, de que a corrupção restaria plena e moralmente justificada se fosse para levar a boa e justa causa popular à vitória eleitoral, e derrotar as "elites conservadoras”!

Transformado em projeto internacional, seria necessário constituir fundos, com muito dinheiro, baseados nas obras superfaturadas da Odebrecht, e de suas associadas, em vários países (**). No Brasil, a empreiteira já ganhara experiência com essas associações, como revelado pela Lava-Jato, ao participar de um cartel de empreiteiras criado para vencer licitações fraudulentas, e para superfaturar obras de várias estatais, como a Petrobras; para isso, utilizavam-se de funcionários  dessas empresas, e de operadores externos especializados na arte de lavar dinheiro!

A adesão a esse projeto seria reforçada com a abertura de linhas de crédito do BNDES para financiar, em vários países, certas obras consideradas estratégicas. Uma audaciosa política de estado, porém conduzida discretamente para não sofrer entraves políticos internos. E a Odebrecht tocaria essas obras!

Todo o dinheiro arrecadado pela empreiteira seria gerenciado no exterior, mantendo-o, para a sua proteção, em contas diversificadas situadas em paraísos fiscais. Uma intrincada e arriscada operação, mas os retornos valeriam a pena, pois esses recursos permitiriam a eleição de governos "populares", que seriam seguidos de mais obras e mais lucros!

Aos candidatos "amigos" seriam oferecidos os serviços do marqueteiro João Santana. Qual candidato "popular" não o aceitaria, particularmente se tudo já estivesse incluído no preço? A empreiteira, usando a sua estrutura internacional, faria os pagamentos dos seus serviços diretamente em suas contas no Brasil ou no exterior!

Esse enredo é apenas o esboço de uma novela, uma obra da imaginação; portanto, limitada em seus detalhes, pois se sabe que a complexidade da vida real costuma superar a arte!

Mas, trata-se de um enredo ficcional constrangedor para uma certa esquerda que se consome em ultrapassadas e atrapalhadas teses: ora porque, ingenuamente, se identifiquem com o seu tema; ora porque, proclamem, a luta contra a corrupção é apenas parte do discurso conveniente da "direita golpista"; ora porque vêm desabar, dolorosamente, sonhos e projetos nos quais empenharam suas vidas.

Não percebem, tragicamente, que a luta contra a corrupção é, sobretudo, uma tarefa histórica e estratégica para o aperfeiçoamento da democracia brasileira e para a saída da crise; e que, portanto, para a cidadania, não existe tarefa mais radicalmente democrática e republicana!

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(*) Um texto em construção, pois a vida, vertiginosamente, empenha-se em alimentar a imaginação do seu autor.
(**) Sobre essas obras, melhor ir direto ao site da Odebrecht: http://odebrecht.com/pt-br/organizacao-odebrecht/odebrecht-no-mundo

domingo, 7 de fevereiro de 2016

A crise e as mudanças de rumo do bolsa família

“A crise corroeu os avanços. Teremos de refazer 15 anos”

Entrevista de José Márcio Camargo, que teve um papel destacado na implantação do bolsa família, a  Samantha Lima, na revista Época, edição de 8/02/2016.

(referência enviada pelo amigo Amauri Marques da Cunha, professor da UFRJ).

domingo, 31 de janeiro de 2016

Por que lutamos contra os fatos? A ilusão irá ajudar a construir um Brasil mais democrático e justo?

São notícia, irrecusável, os fatos trazidos à luz pela Operação Lava-Jato sobre o possível e não declarado patrimônio de Lula!


O jornalista Luiz Carlos Azedo, como é de seu dever e prazer, nos traz uma brilhante análise sobre isso em seu artigo de hoje, 31/01/16, na coluna "Nas entrelinhas" do Correio Braziliense.

Mostra-nos que está quebrado o monopólio estrito dos políticos e dos poderosos econômica e socialmente sobre os acontecimentos políticos. Os modernos meios de comunicação de massas e as redes sociais, deram, definitivamente, espaço para a influência do cidadão comum. E isso tem sido, frequentemente, determinante!

Soma-se, a isso, o brilhante protagonismo independente da justiça brasileira na luta contra a impunidade! Imaginem se vivêssemos sob a justiça amordaçada da Venezuela!

Certamente, Azedo alinha-se, com independência e lucidez, entre os críticos. Mas, diante dessa conjuntura a que fomos conduzidos pelo oportunismo sectário dos que dirigem o país, inclusive empobrecendo-o intelectualmente, como poderíamos os cidadãos melhor refletir sobre essa complexa realidade?

Com sua coragem assume o risco até de errar! Mas, prefiro mil vezes isso - a voz da inteligência crítica necessária -, do que o texto dos jornalistas chapa-branca, que a tudo justificam! O que os brasileiros buscam é uma saída para o Brasil, e não para as velhas e novas oligarquias patrimonialistas que assaltam o patrimônio público do país!

sábado, 30 de janeiro de 2016

O PT tem futuro sem Lula?

Muitos, no PT, já se perguntaram se o partido sequer teria existido se não tivesse podido contar com Lula em suas fileiras.


Uma pergunta de difícil ou impossível resposta nas ciências sociais. Agora se fazem uma pergunta mais concreta: qual será o futuro do PT se Lula não puder candidatar-se em 2018. Uma pergunta desesperante!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Um político sério

A César o que é de César! Excelente entrevista concedida por Flavio Dino, governador do Maranhão, ao jornalista Mário Sérgio Conti, no seu programa de entrevistas no Globo News desta noite (28/01/16).


Jurista respeitável, defendeu com equilíbrio e ênfase a Operação Lava Jato e ao Juiz Sérgio Moro, bem como considera, em sua essência, positiva a chamada judicialização da política, fazendo uma defesa fundamentada da luta contra a impunidade.

Foi brilhante na sua defesa do resgate da política como instância própria para implementar e estabelecer as pautas e os programas necessários para enfrentar as grandes questões sociais.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Conselhos para dar e vender

A reunião do "conselhão", o Conselho de Desenvolvimento Econômico, com 90 membros, que agora Dilma lembrou existir, tem por objetivo ampliar a base social e política do governo via as artes e o poder da caneta.


Pensemos e lembremos, Dilma em sua arrogância e auto-suficiência, nunca achou que precisava aconselhar-se. Duvida-se, mesmo, que ela julgasse necessário ter ministro da fazenda. Ela bastava-se a si mesma. Hoje, sabe-se, esse comportamento era menos por capacitação, mas por uma trágica manifestação da conhecida audácia e coragem dos ignorantes!

Assessorias cidadãs, como essa, sempre bem vindas em condições normais, dão certo se os seus participantes se sentem realmente importantes e necessários! Mas, se for, apenas, para produzir um fato midiático, não passará de uma farsa, como tem grande possibilidade de ser. Breve ficaremos sabendo!

Torço por uma solução rápida para a crise e não aceito alternativa a não ser pela via democrática. Mas, estou, já, escaldado!