Todo o debate político que se seguirá nos próximos quatro anos se dará no campo dos que defendem a democracia como valor universal. E acho que devamos iniciá-lo imediatamente.
Pode-se distinguir, basicamente, dois campos neste debate: o dos “democratas-radicais” e o dos “democratas-conservadores”, embora a diversidade seja bem maior. O que os distingue é defenderem a democracia; portanto, repudiam todo tipo de ditadura e defendem o Estado Democrático de Direito. Antecipo que situo-me no primeiro campo.
A derrota de Bolsonaro foi a derrota da extrema-direita, que defende uma ditadura inspirada no fascismo. Ele está fora e à direita do campo dos democratas-conservadores, pois, embora a maioria dos seus eleitores sejam conservadores, eles são democratas e não defendem ditaduras. Enquanto liderança está acabado, pois nada tem a oferecer para enfrentar as tarefas da construção de um Brasil moderno.
Lula está no campo dos democratas-radicais, embora exista entre os seus apoiadores grupos minoritários que são de extrema-esquerda e que, também, não têm apreço pela democracia. Pessoalmente, sou dos que não considera Lula inocente, não o absolvi e não esqueci o que ele e o PT andaram aprontando. Mas, eleito e empossado, torço pelo seu sucesso, pois torço pelo Brasil.
Acredito que a democracia é o valor mais importante na hierarquia de valores políticos fundamentais, e que este também seja o pensamento da imensa maioria dos brasileiros.
Bolsonaro, em nome do seu projeto anti-iluminista, anti-positivista, anti-ciência e inspirado no fascismo, incentivou, planejou e torceu, até o último instante, para que as Forças Armadas o apoiassem no golpe militar que queria dar.
Os militares brasileiros, embora constrangidos e pressionados, disseram não ao golpe! Não porque não sejam conservadores, mas porque foram formados para analisar e considerar estarmos geopoliticamente no mundo ocidental, capitalista e democrático. E orgulham-se de na 2ª Guerra Mundial terem lutado contra o fascismo.
Os militares, majoritariamente, estão no campo democrático-conservador, o mesmo de Tarcísio de Freitas. Bolsonaro tentou empurrá-los para o campo da extrema-direita e do fascismo. Saltaram desse bonde, pois querem olhar para o futuro. E o buscam no campo da democracia.
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