quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Covas versus Boulos: um confronto paradigmático para a democracia

Não, como dizia o maestro Tom Jobim, “a política no Brasil não é para amadores”.

Existe um paradoxo na eleição de São Paulo para prefeito. Independentemente das preferências pessoais ou políticas que cada um tenha, nada muda o fato de que Dória é hoje o adversário na disputa presidencial a quem o capitão cloroquina mais teme. Por isso, a vitória que ele mais teme é a de Bruno Covas; e de que é a aliança lulopetista que apoia Guilherme Boulos a que mais lhe interessa ver ser vencedora.


Pois, tudo o que capitão sonha para 2022 é que se reproduza a polarização de 2018.

Mas a história não se repete, a não ser como mentira ou farsa. Pois, se os democratas que votaram no capitão cloroquina em 2018, para promover uma alternância do poder e para impedir que o PT voltasse ao governo, continuam tão antipetistas como antes, agora eles tornaram-se, também, antibolsonaristas e, em 2022, votarão para vê-lo longe do governo. São milhões de eleitores que ajudarão a definir o resultado das próximas eleições presidenciais.

A grande maioria dos brasileiros é formada por democratas, incluídos, tanto os que passaram recentemente à oposição ao capitão, quanto os que sempre lhe foram oposição. Eles terão em suas mãos a grande chance de protagonizar um novo projeto em favor de mudanças democráticas e progressistas.

O antipetismo e o antibolsonarismo não são gratuitos ou ideológicos. A razão fundamental do primeiro, foi o fato de que o PT e Lula protagonizaram o maior fenômeno de corrupção orquestrada por uma força política para dar sustentação ao seu projeto de conquista e manutenção do poder. Os prejuízos materiais e morais que isso causou foram incomensuráveis. Por sua vez, o antibolsonarismo repudia os fenômenos que Bolsonaro protagoniza: o negacionismo, o antiambientalismo, o anticietificismo e, se não bastasse, o seu descompromisso com a democracia. Se tudo isso já não fosse muito, cresce a opinião de que o capitão é incapacitado mental, intelectual e moralmente para o cargo de presidente.

Portanto, a eleição municipal da cidade de São Paulo tem uma importância fundamental para o projeto da democracia brasileira, e o seu resultado poderá fortalecer essa alternativa ou reforçar a nefasta polarização. Nos próximos dias saberemos disso.

O objetivo imediato dos democratas - um amplo espectro político que vai da esquerda até a direita democráticas - é derrotar o capitão cloroquina em 2022.

Movidos pela racionalidade, e com decisões informadas, todos os democratas deveriam votar em Covas; e, pela mesma lógica, todos os lulopetistas e bolsonaristas interessados na manutenção da polarização deveriam votar em Boulos.

Sabemos, entretanto, que a tomada de decisões individuais, particularmente em eleições, em que as paixões políticas predominam, não é movida apenas pela racionalidade. Os indivíduos levam em conta as suas emoções, intuições, ideologias e preconceitos; e entrou em cena, na época das redes sociais, o espírito grupal, a desinformação, as fake news e a adesão de rebanho.

Resta depositar esperança na existência de uma “sabedoria das multidões”! Que desta vez ela favoreça a democracia e o progresso!

4 comentários:

  1. Cara Maria Clara, agradeço seu comentário. Espero que a racionalidade se imponha!

    ResponderExcluir
  2. Isso mesmo, votei no Bolsonaro, e agora não votaria nunca mais Esse não tem qualificação para ser PR Ah se a próxima eleição for ele e a esquerda Puxa aí fica complicado, mas nele não voto também ufaa

    ResponderExcluir
  3. Cara Ana, agradeço o seu retorno, pois reforça a minha convicção de que existe um contingente majoritário de democratas ansioso para ver surgir uma alternativa para 2022 que derrote, simultaneamente, o lulopetismo e o bolsonarismo. Abraço,

    ResponderExcluir