domingo, 9 de julho de 2017

Lava-Jato: um instrumento da democracia, simplesmente.

de Maria Cecília CcpCarneiro (*)
domingo, 09/07/2017, Facebook

Os apoiadores da Lava-Jato já têm sido acusados de "fascistas", pelos petistas, e mais recentemente até de "jacobinos", pelos que temem a queda iminente do presidente Michel Temer. Entretanto, em meio aos ataques dessa "santa aliança" dos que temem e combatem a Lava-Jato, ela segue o seu caminho com cada vez maior apoio popular. Simplesmente, a razão é que ela é um instrumento do aperfeiçoamento da democracia brasileira para dar conta de uma tarefa histórica: acabar com a impunidade dos crimes de colarinho branco!


Maria Cecília CcpCarneiro, com seu texto claro e sensível nos dá o seu testemunho:

"No início da Lava Jato, o MPF contrariou muitos interesses do PT, e nós, que não somos petistas, o apoiamos.

Naquela época, quando começamos a apoiar a Lava Jato, ainda que meio "no escuro", os petistas chamavam os procuradores do MPF de "fascistas".

Nós, que então começávamos a apoiar a operação, ainda que tateando às cegas, éramos também chamados de fascistas. Além, claro, que de golpistas e burros. kkk

Mas a vida não é uma operação matemática. Há resultados que fogem até mesmo dos objetivos de arqui-poderosos agentes.

O que constato, hoje, após três anos e meio de Lava Jato, é que sem que o MPF tivesse agido com a eficiência que agiu, nós não teríamos chegado até aqui.

Aí, alguns dirão: mas quem foi que disse que eu queria chegar "até aqui"?

Claro, ninguém queria chegar "até aqui". Porque esse "até aqui" é muito ruim. E é mesmo.

Mas é a nossa realidade. Ela é ruim, muito ruim. É horrível. É desesperadora.

Mas é a partir dela que teremos, SE QUISERMOS, que recomeçar.

Sem que o MPF tivesse agido com a eficiência que agiu, provavelmente a destrambelhada da Dilma ainda estaria sentada no Planalto Central, certamente continuando a dizer por frases elaboradas por João Santana que o Brasil era o país, não do futuro, mas do presente, um maravilhoso país de "Alice", historinha na qual muitos ainda acreditariam, enquanto ela continuaria destruindo o saldo já então no pré-sal da economia brasileira.

E além disso sequer o PT teria sido desmascarado e identificado como apenas mais um entre tantos partidos promíscuos, como de fato foi desmascarado. Vide as eleições municipais do ano passado.

Dilma caiu. O PMDB, por ser vice e até então aliado de cama, mesa e banho do PT, assumiu.

As investigações continuaram.

Alguma surpresa de que elas chegariam ao PMDB?

Vamos combinar que não, né?

Mas, o que vemos surgir, então?

O apoio que anteriormente era dado ao MPF, quando as investigações atingiam primordialmente o PT, desapareceu por parte dos não petistas.

Agora, parte dos não petistas chama os procuradores de "jacobinos".

E quem se atrever a continuar apoiando os procuradores, evidentemente será também chamado de "jacobino". Além, claro, que de moralista e burro! kkk

O que penso é que com o desenrolar dos acontecimentos, era mais do que óbvio, até mesmo para os sempre "burros", que as investigações chegariam aos outros principais partidos, respingando até mesmo nos não aliados, como o PSDB. Serra e Aécio, por exemplo, podem continuar sendo senadores, podem até escapar de punições, mas penso que seus anseios de voo daqui pra frente serão bem restritos.

Finalmente, para os que chamam de "jacobinos" aqueles que estão travando uma luta árdua, dificílima e gigante contra a corrupção, eu digo que nem ficaria bem, hein, se o MPF visasse apenas à corrupção do PT, conhecendo e tendo provas cabais contra os outros partidos.

Acho que seria até ridículo.

Eu não sou favorável à tese de que os fins justificam os meios.

Principalmente porque o dia de amanhã nos é totalmente desconhecido. Portanto, prefiro cuidar dos meios, pois é neles que vivemos. E é deles, bem cuidados, que podem surgir resultados positivos.

Se agirmos passando por cima do que está errado, ignorando crimes, porque eles não interessam ao objetivo final, sequer estaremos praticando a democracia, a meu ver.

Há muitas ameaças ao nosso processo de amadurecimento democrático, mas eu não acho que elas partam do MPF, mesmo que às vezes eu fique pessoalmente contrariada com algumas de suas decisões.

Já não digo o mesmo quanto a certos ministros do STF, como Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowisk, por exemplo, que claramente colocam seus interesses particulares acima do interesse coletivo. Sem nenhuma sutileza. E nem podemos dizer que sejam ambos da mesma "linhagem"."

______
(*) Arquiteta

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