Reportagem publicada no site do jornal "O Globo", na coluna do jornalista Reinaldo Jardim, nesta quarta (17/05/17) (*) informou que Joesley Batista entregou à Procuradoria Geral da República (PGR) gravação de conversa na qual ele e Temer falaram sobre a compra de silêncio do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na Operação Lava Jato (do G1, hoje, 18/05/17).
Aconselhado a renunciar por alguns de seus ministros, inclusive por Roberto Freire, ministro da cultura, Temer fez nesta tarde, 18/05/17, pouco após as 16:00h, o pronunciamento em sua defesa, em que afirma que não renunciará, aqui transcrito na íntegra em vídeo e texto. A história o julgará.
Me permito declarar que não temos nada a comemorar. A crise se aprofunda e os principais prejudicados são a maioria de nosso povo mais simples. Somos todos responsáveis por não termos tido até agora a capacidade e a coragem de construir uma democracia intolerante com a corrupção e com a impunidade dos crimes de colarinho branco. É hora de reagir.
Leia abaixo a íntegra do pronunciamento de Michel Temer:
Olha, ao cumprimentá-los, eu quero fazer uma declaração à imprensa brasileira e uma declaração ao País. E, desde logo, ressalto que só falo agora - os fatos se deram ontem - porque eu tentei conhecer, primeiramente, o conteúdo de gravações que me citam. Solicitei, aliás, oficialmente, ao Supremo Tribunal Federal, acesso a esses documentos. Mas até o presente momento não o consegui.
Quero deixar muito claro, dizendo que o meu governo viveu, nesta semana, seu melhor e seu pior momento. Os indicadores de queda da inflação, os números de retorno ao crescimento da economia e os dados de geração de empregos, criaram esperança de dias melhores. O otimismo retornava e as reformas avançavam, no Congresso Nacional. Ontem, contudo, a revelação de conversa gravada clandestinamente trouxe volta o fantasma de crise política de proporção ainda não dimensionada.
Portanto, todo um imenso esforço de retirar o País de sua maior recessão pode se tornar inútil. E nós não podemos jogar no lixo da história tanto trabalho feito em prol do País. Houve, realmente, o relato de um empresário que, por ter relações com um ex-deputado, auxiliava a família do ex-parlamentar. Não solicitei que isso acontecesse. E somente tive conhecimento desse fato nessa conversa pedida pelo empresário.
Repito e ressalto: em nenhum momento autorizei que pagassem a quem quer que seja para ficar calado. Não comprei o silêncio de ninguém. Por uma razão singelíssima: exata e precisamente porque não temo nenhuma delação, não preciso de cargo público nem de foro especial. Nada tenho a esconder, sempre honrei meu nome, na universidade, na vida pública, na vida profissional, nos meus escritos, nos meus trabalhos. E nunca autorizei, por isso mesmo, que utilizassem o meu nome indevidamente.
E por isso quero registrar enfaticamente: a investigação pedida pelo Supremo Tribunal Federal será território, onde surgirão todas as explicações. E no Supremo, demonstrarei não ter nenhum envolvimento com esses fatos.
Não renunciarei, repito, não renunciarei! Sei o que fiz e sei da correção dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida, para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Esta situação de dubiedade ou de dúvida não pode persistir por muito tempo. Se foram rápidas nas gravações clandestinas, não podem tardar nas investigações e na solução respeitantemente a estas investigações.
Tanto esforço e dificuldades superadas, meu único compromisso, meus senhores e minhas senhoras, é com o Brasil. E é só este compromisso que me guiará.
Muito obrigado. Muito boa tarde a todos.
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(*) https://m.oglobo.globo.com/brasil/dono-da-jbs-grava-temer-dando-aval-para-compra-de-silencio-de-cunha-21353935
Pós-escrito (20/05/17):
De-gravação (na íntegra) do comprometedor diálogo entre o presidente Temer e Joesley Batista. Publicado na Folha e S.Paulo em 19/05/17:
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/05/1885414-leia-na-integra-a-conversa-entre-o-presidente-temer-e-joesley-batista.shtml
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