Carlos Alberto Torres
O sonho da UnB não tem proprietários. Ele
vem encantando sucessivas gerações de docentes, técnico-administrativos e alunos, que a buscam e se orgulham de fazer parte de
seus quadros, e de nela estudar.
A UnB é vocacionada para ser uma instituição
da democracia brasileira. Foi concebida como um projeto engajado, pois a visão
dos seus fundadores foi de que essa democracia, além de politica, deveria ser,
também, social e econômica. Por isso o compromisso com a solução dos problemas
nacionais foi registrado em seus documentos de fundação.
A ADUnB, quando surgiu, em 1978,
enfrentávamos a ditadura militar. Tive a honra de junto com outros bravos
colegas ser seu sócio fundador, e de fazer parte de sua primeira diretoria. A
entidade, naturalmente, com o código genético da UnB, adotou, desde o primeiro
dia, o mais vigoroso compromisso com o valor fundamental da democracia. Foram
muitas lutas. Chegamos aos nossos dias.
Nos próximos dias 10 e 11 de maio os
docentes irão eleger uma nova diretoria da ADUnB. Que entidade precisamos e
queremos? Possuímos, como docentes, nossa pauta reivindicatória. Ela é
intrínseca ao exercício de condições dignas de trabalho para que a instituição
atinja os seus objetivos. Neste momento da campanha as pautas programáticas das
diversas chapas já são conhecidas por todos.
Quero tomar a liberdade de inserir esta
eleição da ADUnB no cenário da crise ética e política que o nosso país
atravessa. Exatamente no segundo dia da votação, dia 11, estará, provavelmente,
sendo aprovada no plenário do Senado a admissibilidade para o julgamento do impeachment
da presidente Dilma Rousseff. E a previsão é que no prazo máximo de 180 dias
esse julgamento estará concluído. Supõe-se que serão dias tensos e difíceis
para todos os brasileiros! E isso nos afetará a todos, e à UnB em particular.
Gostaria de fazer as seguintes considerações,
que conduzem à minha opção pela Chapa 1 (*):
1. Defendo que o nosso valor mais fundamental é
manter a UnB funcionando. O sonho de uma instituição acadêmica de excelência é
uma responsabilidade e construção coletiva. Não devemos abandonar este objetivo
mesmo neste momento de crise.
Sempre estive convencido de que as visões corporativistas atentam contra esse objetivo, pois adotam como estratégia de luta as greves
prolongadas, que não conseguem esconder objetivos políticos alheios aos
interesses da comunidade acadêmica. Julgo que a orientação política seguida pela Chapa 2 se alinha com esta
concepção equivocada. Acho que esta perspectiva não serve à UnB neste
momento histórico.
Penso que, nas condições específicas que serão enfrentadas nos próximos dois anos, devemos defender os
nossos empregos e salários, buscar formas inovadoras de luta, e tomar decisões coletivas
democráticas com a consulta à maioria dos docentes.
Penso que o que nos protegerá será,
exatamente, a excelência no cumprimento de nossa função social, em aliança com
os técnico-administrativos, com os alunos e com a sociedade.
2. Defendo que têm caráter essencialmente
democrático as mudanças institucionais que se avizinham para superar a crise, e
que o impeachment, caso ocorra, se dará dentro do mais estrito respeito às
normas constitucionais.
A corrupção pune a sociedade, diminuindo,
principalmente, os recursos para os gastos sociais; e a educação pública é uma
das mais prejudicadas; exatamente, por isso, acabar com a impunidade dos crimes
de colarinho branco, doa a quem doer, é essencial para aperfeiçoar a democracia
brasileira nesta etapa de nossa história.
Ao mesmo tempo, defendo que a
Operação Lava-Jato[1]
vem sendo exemplar ao desnudar o papel da corrupção no financiamento da
conquista e da manutenção do poder político. Esta é a razão da baixa qualidade
de nossa representação parlamentar!
Julgo ser esse o pensamento da Chapa 1 sobre esta questão. Estou,
mais ainda, convencido de que a UnB, majoritariamente, pensa assim,
coerentemente com suas tradições democráticas.
3. Defendo o
desaparelhamento partidário das instituições públicas.
Desde
2014, durante as eleições presidenciais[2],
passei a criticar o que se passava na ANDIFES (Associação Nacional de
Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), formada pelos
reitores em exercício das universidades federais, quando organizou manifesto em
apoio à candidatura de Dilma Rousseff, constrangendo os próprios reitores.
Pessoalmente, eu gostaria de um MEC libertado do aparelhamento!
Por essa razão, a Chapa 3, vinculada à ANDIFES, não poderia receber o
meu apoio.
Ao polemizar com essas questões de
caráter político não coloco em dúvida a honorabilidade de quaisquer dos membros
das Chapas 2 e 3. Todos são colegas respeitáveis e merecem o nosso apreço. A
eles dedico a minha frontal e leal divergência!
Finalmente, chamo a todos para não
deixarem de comparecer às urnas! O voto de todos, e o de cada um é
indispensável! Basta que cada um pense que sua ausência poderá ser exatamente o
voto que faltará para a vitória da chapa de sua preferência!
[1] "A santa aliança contra a Lava-Jato". Artigo publicado no Correio Braziliense em 12/01/2016:
[2] "Teriam as universidades federais candidato a presidente?". Artigo publicado no Correio Braziliense em 22/10/2014:
https://dl.dropboxusercontent.com/u/16402719/Teriam%20Candidato%20a%20Presidente%3F-CB-22-10-14.tiff
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(*) Para registro histórico: a Chapa 1 venceu as eleições.
Resultados finais da eleição da ADUnB:
Chapa 1: 502 votos (43%)
Chapa 2: 419 votos (36%)
Chapa 3: 235 votos (20%)
Total: 1.156 votos
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(*) Para registro histórico: a Chapa 1 venceu as eleições.
Chapa 1: 502 votos (43%)
Chapa 2: 419 votos (36%)
Chapa 3: 235 votos (20%)
Total: 1.156 votos
Obs.: Os percentuais foram calculados sobre os totais, considerados os votos brancos e nulos.
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