quarta-feira, 2 de setembro de 2020

A aliança dos “antilavajatistas” com Bolsonaro

Os que temem e combatem a Lava-Jato, uma “santa aliança” de notórios políticos que vão da esquerda à direita, cunharam a expressão pejorativa de “lavajatistas” para deixar na defensiva os que defendem a luta contra a corrupção e o caráter democrático e histórico de acabar com a impunidade.


Logo, em consequência, eles são “antilavajatistas” uma estranha palavra, até difícil de pronunciar. Por oportunismo, atentam contra a democracia. É o que veremos abaixo.

A ação dos antilavajatistas em favor da impunidade vem ao encontro do intento de Bolsonaro de transformar a PF em polícia política, a PM em força de repressão política, o MPF em advocacia do executivo e, por último, a cereja do bolo, o acovardamento do STF. Se alcançar estes objetivos, já estaremos na ante-sala do totalitarismo. Isto já está acontecendo diante dos nossos olhos.

“O inimigo do meu inimigo é meu amigo”.  
(Estariam pensando assim os antilavajatistas, mesmo que o custo final seja a democracia?)

O tema central deste texto é a aliança objetiva de Bolsonaro com os antilavajatistas. Seja porque concordem com os seus objetivos e se alinhem a ele estrategicamente, ou, apenas, taticamente, para se safarem da justiça e anular as suas condenações. A consequência é a mesma: estão ajudando Bolsonaro a atentar contra a democracia. Ele ainda não conseguiu apoio suficiente para isso; nem interno, nem internacional; se Trump perder a eleição presidencial esse projeto se inviabilizará definitivamente; se Trump ganhar, se fortalecerá.

Quem resiste a isso é a maioria democrática da sociedade brasileira, incluídos os “lavajatistas”, que estão na oposição a Bolsonaro sem meias palavras ou dubiedades.

O projeto totalitário de Bolsonaro tem como premissa anular a independência da Justiça. Se tivesse força para isso, fecharia o STF, como não se cansam de propor os bolsonaristas de raiz. Duas conquistas centrais da Constituição de 88 foram a autonomia da PF e o fortalecimento das prerrogativas do MPF. Bolsonaro está começando por aí. O seu objetivo de controlar a PF, e transformá-la em polícia política altamente qualificada está em andamento. Quanto ao MPF, deu o primeiro passo, ao indicar o sabujo Aras fora da lista tríplice. Óbvio, sofre fortes resistências a esses intentos dentro dessas instituições do Estado!

Mas tudo está sendo facilitado para Bolsonaro quando os antilavajatistas de todos os matizes políticos o apoiam em suas intervenções na PF e no MPF para liquidar com a Lava-Jato.

E, como brinde, ainda aplaudem as ações do “grupo dos três”, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Levandowisky, no STF, contra a Lava-Jato!

Resultado, hoje, os antilavajatistas passaram a ser um trunfo de Bolsonaro no seu intento de controlar e acovardar a justiça para o seu projeto totalitário.

(Este é apenas o esboço de um texto maior ainda em preparação).

sábado, 29 de agosto de 2020

Sejam bem-vindos à oposição os eleitores democratas de Bolsonaro!

Não devemos, nem precisamos, cobrar dos eleitores de Bolsonaro, decepcionados com o seu exercício da presidência, qualquer demonstração pública ou explícita de arrependimento. Eles não devem ser tratados como pecadores.


Cada um tem a sua trajetória de envolvimento e de militância na política. E para muitos, diria, milhões, esse envolvimento não os impediu de votar em Bolsonaro; e isso foi por milhões de razões, tantas quanto são os próprios indivíduos.

Existem, basicamente, dois tipos de eleitores de Bolsonaro: (1) “os bolsonaristas de raiz” que pensam como ele, são de extrema-direita e o merecem; (2) os “democratas”, que votaram nele desejando uma alternância do poder, e para impedir que o PT voltasse ao governo.

Estes últimos são contra qualquer tipo de ditadura e somente querem viver em um Estado Democrático de Direito; são tão democratas, portanto, quanto qualquer outro democrata. São, provavelmente, no espectro político, de direita ou de centro. Mas ser democrata não é monopólio da esquerda; aliás, existem na esquerda os de extrema esquerda, que não são democratas.

Portanto, sendo hora de unir todos os democratas, sejam eles de esquerda, de centro ou de direita, contra os intentos totalitários do Bolsonaro, devemos nos recebermos todos - os democratas - de braços abertos, e não ficarmos fazendo cobranças indevidas à maioria dos eleitores do Bolsonaro, exatamente os democratas que estão passando à oposição! Isto apenas bloqueia e dificulta esse deslocamento político. 

Devemos recebê-los sem arrogância e sem hegemonismos para viabilizar a alternativa democrática que poderá ser vencedora em 2022, e retomar a construção do país mais justo e desenvolvido que todos nós desejamos.

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

O PowerPoint do Dallagnol

Recordando-o, em homenagem a um servidor público brilhante e íntegro. Sua culpa foi falar a verdade!

Dallagnol, por ter tido a coragem de mostrar o óbvio, e pelo seu papel competente como procurador-chefe da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, está sendo perseguido. Mas no dia 25/08/20, terça-feira, o Conselho Superior do Ministério Público arquivou o processo contra ele, o que foi muito positivo.

A equipe de procuradores responsável pelo PowerPoint foi audaciosa. Colocou nele algumas obviedades, até ingênuas; se expuseram e pagaram um preço pessoal alto por isso. 

Os primeiros a saberem que tudo ali, essencialmente, são fatos, são os próprios envolvidos. Mas, claro, não poderia ter sido dito! Acusam aos procuradores de fazerem política, extrapolando os limites da legalidade (estranha essa acusação, não é?). Mas agiram, assumiram riscos e fizeram a diferença, pois ajudaram no fundamental: o esclarecimento de crimes.

O mais grave pecado do PowerPoint foi ter colocado o guizo no pescoço do gato. Mostrou Lula como o pivot de tudo. E, paradoxalmente, este foi o seu principal acerto!

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

A estratégia dos rabos-presos contra a Lava-Jato

A Lava-jato, de certo, não está acima da lei. Foi cumprindo os exigentes requisitos do devido processo legal que alguns bandidos de colarinho branco, os mais prejudiciais à sociedade, foram condenados em várias instâncias.


Claro, a lava-Jato não está isenta de erros. Sobretudo, a sociedade precisa mover-se em apoio ao aperfeiçoamento dos procedimentos jurídico-legais de combate à corrupção e à impunidade para que ela continue a prestar a sua imensa contribuição.

Mas alguns querem líquidá-la! São os que por ela foram atingidos, particularmente, políticos e empresários poderosos, que viram-se flagrados em práticas gravemente prejudiciais ao país. No total, já tiveram que devolver bilhões de reais.

Acostumados a cometer crimes impunemente, reagem para invalidar e anular os processos responsáveis por sua desgraça. Voltam-se contra os agentes do Estado que conduziram os processos. Sua estratégia é desmoralizá-los usando a extensa rede subterrânea existente, com braços na justiça, para defender os interesses dos poderosos.

No nosso sistema jurídico as cadeias não foram destinadas a criminosos de colarinho branco. Mas a Lava-Jato nunca processou e condenou um negro, um pobre ou um favelado. Processou e condenou os mais poderosos pela primeira vez na história do Brasil, exatamente os envolvidos com a corrupção. Este foi um acinte insuportável, pois essas não são as regras do jogo!

Como ousam esses funcionários públicos, esses “juizecos”, levá-los às barras dos tribunais? Por isso, por ter tido a coragem de proferir sentenças condenatórias contra eles, Sergio Moro foi eleito como o inimigo principal.

Mas a bola da vez agora é o Deltan Dallagnol, o brilhante e íntegro procurador-chefe da força tarefa da Lava-Jato em Curitiba.

A questão fundamental, entretanto, para nós, cidadãos, é o profundo caráter democrático da Lava-Jato, pois tem sido com o rigor da lei, e dentro das premissas do Estado Democrático de Direito, que ela tem realizado o seu trabalho; ela está fazendo valer o Art. 5º da Constituição que, em seu caput, estabelece a igualdade de todos os cidadãos perante a lei. Quem é contra isso? Já os conhecemos, alguns a sociedade já sabe nomear. Infelizmente são muitos, e alguns são até juizes do STF. Mas para que o Brasil seja mais justo e desenvolvido não podemos mais conciliar com a corrupção e com a impunidade, que bloqueiam o próprio desenvolvimento de nossa democracia.

Ninguém tem bola de cristal, mas é previsível que esses criminosos serão derrotados, não apenas porque é necessário, mas porque já começaram a sê-lo com as suas condenações. Esta ofensiva atual da “santa aliança” dos rabos presos, uma exdrúxula coalisão com representantes de todos os matizes políticos, que vai da esquerda à direita, encontrou na Lava-Jato, e nos seus agentes executores, jovens PFs, procuradores e juízes, os seus inimigos principais. Mas nunca o Brasil deveu tanto a tão poucos! E não podemos ficar passivos enquanto os vemos serem perseguidos.

Os que se opõem à Lava-Jato agora são os mesmos de antes, os únicos capazes de pagar os mais caros advogados, pois o fazem exatamente com o dinheiro da roubalheira.

Mas esses criminosos estão cada vez mais isolados em virtude do apoio social que a Lava-Jato recebe. E isto não mudará, embora estejam vivendo uma fase de entusiasmo fugaz, ao receberem, como poderoso aliado, recentemente, a Bolsonaro, o presidente da república, e a Aras, o atual Procurador Geral da República. Este é outro capítulo de nossa tragédia.

Mas isto também passará!

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Posicionamento sobre o aborto

Todos os que defendem a vida devem ser a favor do aborto legal da menina de 10 anos estuprada, e contra todo fundamentalismo religioso intolerante, que sempre esteve envolvido, aliás, ao longo da história, com bárbaros crimes contra a humanidade.


segunda-feira, 27 de julho de 2020

O capitão cloroquina


Abaixo, a curva das médias móveis de mortes diárias no Brasil. Um longo patamar persistente acima das 1.000 mortes. Uma curva única, singular, brasileira, sem igual.

Até os eleitores mais esclarecidos do capitão cloroquina já se renderam ao fato de que uma das causas mais importantes para explicar a persistência desse patamar é a influência negativa do presidente e do Ministério da Saúde, que se posicionam contra o isolamento e afastamento social, a única estratégia preventiva efetiva para diminuir o número de casos e de óbitos causados pelo COVID-19 e combater a pandemia.

(Gráfico trazido de Jayme Serva)


sexta-feira, 24 de julho de 2020

Reflexões sobre a felicidade

Felicidade é um sentimento de gostar da vida na perspectiva de quem vive o momento presente olhando com esperança para o futuro.


No limite, se diz que um indivíduo totalmente “sem perspectiva” se sente profundamente infeliz, e por vezes não deseja mais viver.

Felicidade refere-se, sem dúvida, aos sentimentos vinculados ao prazer de viver.

Mas o momento presente, no qual se está vivendo, pode não estar sendo prazeroso: a pessoa pode estar vivendo um momento difícil; pode estar doente; pode ter tido um acidente; pode ter se envolvido em um conflito; pode ter tido perdas irreparáveis de pessoas queridas, estar desempregada e com problemas financeiros. Este momento, entretanto, pode ser, existencialmente, como um instante, e os sentimentos e sofrimentos que ele envolve, mesmo que sejam graves, não sejam breves, ou por vezes pareçam que não terminarão nunca, provavelmente passarão, pois a vida quer e precisa viver. Sobretudo, não necessariamente determinam um sentimento de “infelicidade”.

Exatamente por isso, felicidade refere-se, também, aos sentimentos que expressam os significados maiores - ou valores estratégicos - que cada um atribui à própria vida.

Esses significados, descritos por crenças, sonhos, projetos, valores e objetivos fundamentais, dão aos indivíduos uma visão em perspectiva da própria vida revigorada pela esperança em um futuro melhor.

Como esses significados orientam suas decisões e ações, eles influenciam fortemente os seus sentimentos de felicidade presente ou futura, pois determinam a forma como cada um enfrenta as suas dificuldades presentes e tenta construir o seu futuro.