Sérgio Moro continua sendo um divisor de águas.
Os rabos-presos, em “santa aliança” tácita, continuam a rejeita-lo. A razão é simples: à direita e à esquerda, admiti-lo em seus palanques os obrigaria a ter que fazer uma autocrítica fatal, a de que foram e continuam sendo coniventes com a roubalheira que bloqueia o desenvolvimento de nossa democracia.
Os atores que se movimentam no tabuleiro são instados a repudia-lo. Quando Huck “ousou” encontrar-se com Moro para dialogar, foi severa e publicamente repreendido por Maia; de bom ficou o fato de que agora todos já sabem que o DEM o tem como uma das suas alternativas para candidato a presidente.
Do episódio, entretanto, restou uma preocupação, pois, se Huck se submeter a isto, estará revelando uma descompasso com o desejo majoritário da nação de viver em um país civilizado em que os recursos públicos sejam geridos para o bem comum.
Claro, à esquerda, precisam ficar batendo e rebatendo na tese de uma “frente de esquerda”. Se já não fosse difícil defendê-la enquanto necessidade histórico-programática, ainda teriam que fazer uma severa crítica à “corrupção estratégica” praticada pelo PT; mas ela é equivocada em termos, pois o que se impõe é a união de todos os democratas para derrotar Bolsonaro em 2022!
E ficam querendo impor soluções artificiais balizadas nas mesmas personalidades que não conseguem discutir os interesses do país a não ser a partir dos seus próprios umbigos!
Pois bem, Moro provavelmente não tem como projeto pessoal ser candidato a presidente. Mas o dilema está posto, pois os nossos brilhantes políticos, ao vetá-lo no palanque dos democratas, sabem que isto os separa da opinião pública que continua nele confiando. E, com isso, fragilizam a construção e ampliação do campo dos democratas. A inconsistência dessa posição é evidente, pois não podem negar que Moro foi o responsável pela maior libelo contra o governo Bolsonaro, quando mostrou, ao sair do governo, as suas entranhas putrefatas.
Mas estão prontos a aceitar qualquer outro, mesmo que tenham cometido crimes provados contra o patrimônio público.
E aqui, então, se revela a importáncia de Moro: trata-se da questão democrática. Ou, mais especificamente, do caráter democrático da luta contra a corrupção, ou de acabar com a impunidade para construir um Brasil mais democrático e socialmente mais justo.
Se as eleições de 2020 já mostram a força política do antibolsonarismo, as de 2018 mostraram a do antilulopetismo(*). Esses são os sinais que o sentido da história insiste em nos mostrar. Resta-nos sabermos compreendê-los! Eles são evidentes e claros!
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(*) À medida em que estas visões “anti” sejam manifestações políticas positivas, que neguem o nefasto “nós contra eles” das posturas intolerantes a que se contrapõem, elas estarão a serviço da construção de um programa democrático e progressista para superar os anos perdidos.
(*) À medida em que estas visões “anti” sejam manifestações políticas positivas, que neguem o nefasto “nós contra eles” das posturas intolerantes a que se contrapõem, elas estarão a serviço da construção de um programa democrático e progressista para superar os anos perdidos.