Penso que a nossa democracia nesta etapa tem uma tarefa histórica: acabar com a impunidade dos crimes de colarinho branco.
Acostumados que estamos a entender as "revoluções históricas" como resolvendo, em primeiro lugar, a questão do poder político, que é estrutural, muitos defendem o impeachment para resolver a crise. Pura e simplesmente, não se convencem de que, no Brasil, acabar com a impunidade dos crimes de colarinho branco, que é de caráter superestrutural, seja a tarefa histórica central para aperfeiçoar a democracia!
Parece que lutamos contra os fatos, pois o aperfeiçoamento da justiça que isso implica está sob os nossos olhos: esses jovens juízes, procuradores e policiais federais, filhos da Constituição de 1988, com suas ações, estão desnudando os esquemas de corrupção que sustentam o poder político!
Esse protagonismo da justiça, simbolizado pela Lava Jato, está sitiando a concepção patrimonialista da política, e do Estado, e por gravidade, está indiciando, processando, julgando e condenando alguns dos mais poderosos políticos, empresários e operadores da corrupção desse país! Seria necessário mais do que isso para nos convencermos de que devemos dar toda força à Operação Lava Jato?
Haja o impeachment, ou não, apostar exclusivamente nele como solução para a crise, portanto, trás consigo o risco aumentado de jogar para debaixo do tapete esses fatos, e salvar, "em um acordo por cima", a esses criminosos, que são os responsáveis pela degradação ética da política, e assassinos da esperança!