segunda-feira, 17 de abril de 2023

O mundo bipolar do Lula

Na viagem à China Lula fez declarações polêmicas cutucando a onça com vara curta.


Os que apenas criticam, entretanto, têm que lembrar que essas questões geopolíticas não são tão simples. 

As falas destemperadas de Lula expressam, simultaneamente, duas coisas: a sua sensibilidade, como a de um bom velejador, para perceber a direção dos ventos; em segundo, o seu despreparo cultural para navegar diante das imensas e novas complexidades geopolíticas que se apresentam com a ascensão da China como potência global.

É sempre bom lembrar, para os que não têm isso como referência, que a China até meados do Séc. XIX, antes das duas “guerras do ópio” com a Inglaterra (em que foi derrotada), era a maior potência econômica global. Agora, ela provavelmente voltará em pouco tempo a essa posição. E tem isso como projeto consciente; ou seja, ela quer e acha isso inevitável!

Nós, os ocidentais, vemos tudo isso com um medo “ideológico”, mas o pragmatismo acabará por se impor. Temos que lembrar, se quisermos ser honestos com nós mesmos, que o colonialismo e o imperialismo são invenções nossas e surgidos na Europa. Que esses fenômenos fiquem no passado!

Quem gosta do mundo bipolar, e quer preservá-lo, somos nós; e quem orienta a sua política externa por um visão missionária, para impor “sagrados” valores, somos nós! Reviver isso significa reabrir as portas da tragédia!

A guerra fundamental que está sendo travada é pela hegemonia na produção dos chips. As armas, como as próprias bombas atômicas, no confronto entre as grandes potências, são instrumentos de dissuasão, não para serem utilizadas. 

As armas, infelizmente, continuam a ser usadas em conflitos regionais, quando uma superpotência militar quer impor os seus interesses geopolíticos e sua hegemonia “sagrada” a um outro povo, como o faz a Rússia com os ucranianos e Israel com os palestinos. 

O que preponderará, diante das inevitáveis respostas que virão a essas falas desinformadas de Lula? Espero que seja, pelo bem do Brasil, a sensibilidade de Lula! Caberá a todos os democratas promover e, se for o caso, impor, a Lula, os ajustes finos necessários para que o seu “boquirrotismo de palanque” não jogue tudo por água abaixo.

Um comentário:

  1. Eu penso que Lula, como governante, mesmo que perceba a direção dos ventos, não sabe manejar as velas. Ele só consegue navegar com vento a favor, como foi durante seus dois governos, com o boom de commodities. Como político, ele carece de visão global para entender o contexto e fica apegado ao antiamericanismo das esquerdas latinoamericanas (é fácil reconhecê-las, sempre se referem aos norte-americanos como estadunidenses). Ele deveria ter usado o tempo na cadeia para ler os livros certos. Dizem que leu muito, mas ou não entendeu o que leu ou leu os livros errados.

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