quinta-feira, 7 de março de 2024

Se Bolsonaro não conseguiu dar o golpe que tentou dar é porque jamais teve força para dar (*)

Tendo em vista as recentes pesquisas de opinião relacionadas à avaliação de Lula e quanto à percepção de corrupção, que não deixa bem ao próprio STF, retomo ao artigo “Se Bolsonaro não conseguiu dar o golpe que tentou dar é porque jamais teve força para dar” (**), escrito em 4/02/2023 logo após a tentativa do golpe de 8/01/23.


Esta avaliação (otimista) se baseia em uma caracterização do que seja o campo democrático, apresentada no artigo “A República Democrática do Centro” (***). Nele, define-se o campo democrático como o formado pelos cidadãos que repudiam todo tipo de ditaduras, e que, ao mesmo tempo, só querem viver em um Estado Democrático de Direito. Mas, óbvio, estes cidadãos democratas não rezam todos pela mesma cartilha, por isso são distinguidos em dois grandes grupos, como “democratas radicais” e “democratas conservadores”.

Isto permite trazer ao primeiro plano o fato de que não só os eleitores de Lula são democratas, mas que a maioria dos eleitores de Bolsonaro também é formada por democratas, embora conservadores.

Esta análise em nada obscurece o fato de que muitos dos eleitores de Bolsonaro são extremistas de ultra direita, e que estiveram dispostos a acompanhá-lo no projeto de implantar uma ditadura por meio de um golpe de estado.

Claro, no calor da polarização política que interessa ao lulopetismo e ao bolsonarismo, esta parece uma tese fora do campo da realidade. Neste quadro, aparentemente, é mais cômodo para alguns uma categorização analítica simplista para afirmar que os democratas ficaram e estão com Lula e que os não democratas ficaram e estão com Bolsonaro. Ou o contrário!

Por isso os polos gostam de acusarem-se, genericamente, de extremistas: de comunistas pra lá e fascistas prá cá. Isto obscurece o fato de que a maioria dos cidadãos do polo contrário são democratas! Disto se alimenta a polarização que nos aprisiona ao passado, ao populismo, à demagogia e ao atraso, e bloqueia o desenvolvimento de nossa democracia!

Retorno, portanto, à tentativa de golpe “brancaleônico” do 8/01/23 para fazer esta reflexão, pois a razão do fracasso do golpe se deu exatamente pela força do campo democrático brasileiro, o que se expressa em todas as instituições do Estado, inclusive no Alto Comando das Forças Armadas. Por isso, o golpe estava destinado previamente ao fracasso.

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(*) publicado em minha LT e no grupo Roda Democrática do Facebook em 7/03/24.

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