segunda-feira, 29 de novembro de 2021

MORO É UM DEMOCRATA

Vamos ser francos, dizer-se democrata e apoiar a roubalheira lulopetista, a bolsonarista, a do “centrão”, ou de qualquer outra espécie, nada tem a ver com ser democrata (*).

Mas uma certa “teoria”, de que combater a corrupção significa praticar a “antipolítica”, que tem encantado tanto àqueles que se rendem aos gênios da raça representados por Artur Lira, tem apenas um nome: conivência com a corrupção. Outros preferem os pomposos “judicialização da política” ou “criminalização da política” à expressão antipolítica.


Significa desconhecer, pior, negar, o caráter democrático do combate à corrupção e de acabar com a impunidade institucionalizada, até na legislação penal, e render-se a um sistema de justiça dual e assimétrico formatado para garantir a impunidade dos poderosos e a perpetuação das desigualdades.

A luta para acabar com a impunidade não é uma "tática" pra pegar no contrapé quem foi flagrado com a boca na butija. Ela é um valor, e uma estratégia, de caráter democrático, para criar um país mais justo onde não haja brasileiros acima da lei!

Alguns proclamam a plenos pulmões: nós somos antifascistas; nós somos antimoristas; nós somos antilavajatistas. E repetem, à exaustão, a tese surrada de que o combate à corrupção é uma “tática” da extrema-direita.

Alguns se dizem de esquerda. Se dizem democratas, mas numa versão conveniente, que lhes permita atribuir ao combate à corrupção o caráter de ser uma bandeira da extrema-direita, para se darem ao direito, em seguida, de praticar a “corrupção estratégica de alta moralidade”, que resultou no mensalão e no petrolão lulopetista.

Outros, de direita, que também se dizem democratas, com ou sem nenhum pudor, defendem as “emendas de relator” na sua versão do “orçamento secreto” bolsonaro-lirista. E desculpam-se: “não vêm que a esquerda também a defende?” Claro, naturalmente, se opor a elas, significa cair no campo da antipolítica!

Os “teóricos da antipolítica”, na verdade, se opõem à política democrática, ou à política da democracia, pois se aliam aos que querem destruí-la. Mas não adianta, pois, a boa ideia da democracia, tão vilipendiada, continuará sendo o principal instrumento da construção do bem comum!

Sou dos que consideram que Moro não tem o perfil e a trajetória que o capacitem para ser candidato a Presidente da República. Se ele se sente vocacionado para a política, eu gostaria que ele preferisse ter como porta de entrada, p.ex., a disputa para o Senado. Alguns dirão: mas os seus índices estão crescendo! Eu manteria a mesma opinião, mesmo diante da hipótese improvável de ele ser eleito. Acho que ele está tomando uma decisão errada para a sua vida pessoal, tanto como o foi a de aceitar ser ministro de Bolsonaro.

Mas o considero um grande cidadão! Ele teve a competência, o sangue-frio e a coragem para julgar, condenar e prender criminosos poderosos. E, porque respeitou todos os princípios do devido processo legal, suas sentenças foram ratificadas em mais duas instâncias além da 1ª instância onde proferiu suas sentenças. Defendo que este Brasil que ele ajudou a inaugurar  é necessário; diria, indispensável. Mas, sordidamente, muitos democratas estão sendo coniventes com uma campanha que somente interessa aos criminosos!

Moro é um democrata, mas a “tática” dos seus detratores de esquerda é dizer que quem combate a corrupção é de extrema-direita. É um discurso conveniente, de lavra lulopetista, cuidadosamente elaborado para dar a Lula condições legais para disputar as eleições. Mas o antilavajatismo e o antimorismo une um vasto contigente, supra ideológico e suprapartidário, que inclui como principais interessados os processados e condenados na Lava-Jato. Terão que provar que são democratas.

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Como definir o que é ser democrata? Para os fins dessa análise, democratas são os cidadãos que:
  1. repudiam todo tipo de ditaduras, sejam elas de direita ou de esquerda;
  2. somente queiram viver em um Estado Democrático de Direito.
Ser democrata não é monopólio dos que se situem à direita ou à esquerda do espectro político, e não são democratas os que desprezem as condições acima.

Como corolário, define-se como não-democratas, de extrema direita ou de extrema esquerda, os cidadãos que defendam regimes ditatoriais e que desprezem viver fora das premissas do Estado Democrático de Direito.

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