sábado, 20 de novembro de 2021

O dilema de Ciro: ou se alia a Moro ou desabará nas pesquisas de intenção de voto

Ciro ainda não libertou-se do velho discurso antimorista do tempo em que, aliado a Lula, postou-se nesta posição equivocada.

Não se pode estar em dois lugares ao mesmo tempo: a 3ª Via é um movimento para derrotar Lula e Bolsonaro; e estes, por mérito e legitimidade, são os que levantam mais alto as bandeiras do antilavajatismo e do antimorismo.

Não se pode servir a dois senhores; portanto, na 3ª Via não existe espaço para estas bandeiras.

Mas isso é algo perturbador para muitos que gostariam de somar-se ao movimento da 3ª Via, pois deixaram-se sequestrar, em algum momento, pelo antilavajatismo e pelo antimorismo. É o caso de Ciro.


O antilavajatismo “nadou de braçada” depois que Moro saiu do governo; este, agora, voltou a ter voz; e essa voz voltou a ser forte e a ter credibilidade; à queda de sua rejeição, que se seguirá, corresponderá a aumentos nas rejeições, já grandes, de Lula e de Bolsonaro.

A equação é simples, quase cartesiana: Moro é quem levanta o mais alto a bandeira contra a corrupção; e ninguém conseguirá negar-lhe, nisto, mérito e legitimidade.

Mas, talvez, o que mais deixe Ciro de cabelo em pé é que Moro não se resumirá apenas à defesa do caráter democrático do combate à corrupção. Ele passará a apresentar um projeto completo para tirar o país da crise, inclusive no campo do desenvolvimento econômico. Se Ciro resolveu ficar batendo em Moro por razões táticas, terá que se render, entretanto, às razões estratégicas predominantes no contexto das eleições de 2022.

Os tempos já são outros. Não existe mais o risco de que Bolsonaro dê um golpe de Estado. As instituições democráticas mostraram resiliência aos seus ataques; a consciência democrática majoritária da sociedade, os eleitores democratas de Bolsonaro, que nele votaram para impedir que o PT voltasse ao governo, e o “seu Exército”, disseram não ao golpe. Como por encanto, não se fala mais nisso.

A disjuntiva histórica deixou de ser democracia x fascismo. A história retomou o seu rumo, iniciado com a redemocratização, marcada pela promulgação da Constituição de 1988.

A disjuntiva histórica dessas eleições voltou a ser o desenvolvimento de nossa democracia versus o que a bloqueia, ou seja, o populismo, o patrimonialismo e o salvacionismo anticientífico. É necessário retomar o projeto da democracia, em nome da liberdade, da justiça e de uma prosperidade inclusiva, com a erradicação da pobreza e da miséria.

A história está sendo pedagógica. Mostrou, com o casamento de Bolsonaro e Lula nessas posturas atrasadas e anti-históricas, que estas são duas faces de uma mesma moeda reacionária e contra o progresso.

Está em plena formação o campo democrático da 3ª Via. Ela é, sobretudo, um movimento de rompimento com os grilhões que bloqueiam o desenvolvimento e reconstrução da democracia brasileira. Ela, em breve, apresentará os seus candidatos e fará um esforço inaudito em busca da unidade. Os seus prováveis candidatos são, em ordem alfabética, Alessandro, Ciro, D’Ávila, Dória, Leite, Mandetta, Moro, Pacheco e Simone. Um deles irá ao 2º turno e será eleito Presidente.

Os projetos começarão a ser melhor explicitados para romper as amarras que mantêm a democracia brasileira ancorada ao passado.

Voltando a Ciro, um dos candidatos mais preparados. Ele já desprendeu-se do lado anti-histórico. Mas não chegará ao 2º turno se não aliar-se com Moro. A razão é simples: esta é a única forma de impedir que Bolsonaro vá ao 2º turno; e é, por isso, a única forma de abrir espaço no 2º turno para um candidato da 3ª Via. E precisará fazê-lo rapidamente. Ele ainda tem tempo!

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