segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Em defesa de Moro

Um querido amigo, democrata provado, coloca objeções quanto à permanência de Moro no ministério.

Sua preocupação, como entendo, não é porque não reconheça a importância de Moro na luta contra a impunidade dos criminosos de colarinho branco e os incontestáveis resultados alcançados pela Lava-Jato neste objetivo.


Sua preocupação é a de que a continuidade de sua presença no governo colocaria em dúvida o próprio caráter democrático da luta contra a impunidade. Reporta-se ao fato de que as experiências fascistas na Europa da primeira metade do Séc. XX registraram que o combate à corrupção foi uma mera retórica para implantarem, ao final, regimes ainda mais corruptos e totalitários, que levaram à desgraça dos 85 milhões de mortos da 2ª guerra mundial.

Tenho defendido que Moro somente saia do governo se Bolsonaro o mandar embora. Sei que corro o risco de ser criticado por alguns na própria perspectiva dos democratas, mas Moro fez história e hoje tem um apoio na opinião pública maior do que o de Bolsonaro. Por isso assumo o risco. Mantenho o meu apoio a Moro.

A recente rejeição da maioria democrática da sociedade ao “Plano Bolsonaro/Alvim” para a Cultura mostra-nos que vivemos em um outro contexto e que podemos ter fundadas esperanças.

Na verdade, Moro, ao ter deixado a sua carreira de juiz, à qual não pode mais voltar, ficou sem melhor alternativa a não ser resistir a todas as traições de Bolsonaro e ir engolindo os sapos. Ele somente perderia - e todos nós - se saísse por conta própria, como querem os rabos-presos, fazendo o papel de “nervosinho”, “traidinho”, “coitadinho” e “indignadinho”. Não creio que seja de sua personalidade, e isso me faz gostar ainda mais dele.

Por isso, optou por marcar claramente suas posições, contrárias às de Bolsonaro; e, enquanto ele só cresce em apoio, Bolsonaro só cai.

Se persistir, e não cair em nenhuma armadilha, manterá o seu prestígio e lhe estará assegurada, em outro momento, a continuação da missão a que se atribuiu de aperfeiçoar as instituições jurídicas democráticas para acabar com a impunidade. 

Acho que ele deve persistir neste objetivo que lhe deu importância social e política, e aproveito para deixar claro, também, que não estou engajado na sua candidatura a presidente da república!

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