sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

A tentativa de golpe - abortada - para derrubar Moro

Secretários de Segurança, 17, se reuniram com o presidente na última quarta-feira, dia 22/01/2022, sem a presença de Moro, que não foi convidado para a reunião, para reivindicar a criação do Ministério da Segurança Pública. E assinaram um manifesto neste sentido.


Uma reunião com essa natureza não ocorre de uma hora para outra. E jamais teria sido articulada, desde o primeiro momento, sem o aval do próprio presidente. Bolsonaro, óbvio, organiza uma conspiração para fragilizar o ministro Sergio Moro, e retirar-lhe os instrumentos e o poder para combater a corrupção e o crime organizado. Os precedentes, até aqui, já são bem conhecidos.

Não estivesse o trabalho de Moro dando certo, pois em sua gestão os índices de criminalidade caíram significativamente, esta mudança na estrutura da justiça já seria uma demanda da própria sociedade! Mas não é o caso! Na verdade, o que está sendo proposto pega a todos de surpresa!

Esse reconhecimento dos brasileiros ao trabalho de Moro é revelado pelas próprias pesquisas de popularidade, que o colocam como o homen público com maior credibilidade!

Mas quem não está sendo surpreendido com esse golpe que está sendo tramado contra a luta para acabar com a impunidade? Exatamente os que participam dessa conspiração! Bolsonaro, por óbvio, que, à sua frente, articula e comanda essa mudança! Mas quem mais? Com que objetivos?

Paro por aqui, pois acabei de ler a notícia de que Bolsonaro descartou, pelo menos enquanto está viajando à Índia, a retirada da Segurança pública das atribuições de Moro, pois "...não se mexe em time que está ganhando".

Acho, pessoalmente, que o presidente não abandonou a idéia, que vem ao encontro do que desejam todos os rabos-presos, que formam a "santa aliança" tácita dos que temem e combatem a Lava-Jato-Jato. Essa aliança suprapartidária e supra-ideológica varre, da esquerda à direita, todo o espectro político. É a aliança do atraso que não reconhece o caráter democrático de acabar com a impunidade. Une personalidades políticas tão distintas quanto Bolsonaro, Rodrigo Maia e Dias Toffoli.

Mas, observem, um novo ingrediente se coloca. Esta mudança é, também, uma nova ofensiva de setores de extrema-direita, que querem um militar à frente da Segurança Pública, como o Cel Alberto Fraga da PM/DF, com a visão estratégica de que o povo, e suas manifestações de rua, são o principal inimigo. É a chamada voz dos porões dos saudosos da ditadura militar.

O mais grave é que muitos democratas de direita, de centro e de esquerda, que se somam à guerra contra Moro, e apoiam a sua fragilização e deposição do ministério, estão sendo inocentes úteis do projeto da extrema-direita.

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É sempre muito interessante o desdobrar dos fatos políticos. Bolsonaro é vazio de conteúdo conceitual, e sabe praticar apenas o confronto polar da guerra de movimento, e atropelar seus adversários; escapa-lhe as sutilezas da política. Isto fez com que fosse por 28 anos um membro do baixo clero, do qual continua mesmo como presidente.

Gostaria de observar sobre alguns números obtidos nas matérias que noticiaram o encontro dos Secretários de Segurança com Bolsonaro. Se estiveram presentes apenas 17 secretários, quantos teriam se manifestado a favor de desmembrar o Ministério da Justiça? Quantos foram contra?

Mas há a possibilidade de que alguns secretários não tenham, em seguida, assinado qualquer compromisso em favor do Ministério da Segurança Pública, porque o conchavo foi mal feito; alguns secretários foram pegos de surpresa e logo perceberam que uma questão de tal importância não poderia ser tratada levianamente sem conversar previamente com seus governadores.

Ou seja, o tiro de Bolsonaro pode ter saído pela culatra, gerando mal estar político e conflito com os governadores.

Na vida política e em teoria social essas são chamadas de consequências não intencionais de ações intencionais.

Pois bem, se Bolsonaro com o seu recuo já demonstra que o conchavo foi mal feito, isso não significa que o mal estar entre ele e Moro não possa ter se aprofundado! Afinal, a tramoia e conspiração orquestrada por Bolsonaro contra Moro sempre terá alguma consequência.

A mais evidente, é a de que a sua máscara está caindo rapidamente, particularmente entre os democratas que votaram nele para se livrarem do PT.

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