sábado, 7 de novembro de 2020

Joe Biden é o novo presidente dos EUA

Por Carlos Alberto Torres
Em 7 de novembro de 2020

Joe Biden será o 46º presidente dos EUA (59a eleição). O quadro abaixo surpreende exatamente o momento em que ele foi considerado matematicamente vitorioso no estado da Pensilvania. No Arizona ele já era considerado vencedor. Observe que neste quadro ainda faltam serem considerados os delegados de Nevada, Georgia e Carolina do Norte. Biden ainda pode ganhar em Nevada, o que é provável, e na Georgia. Trump judicializou a eleição mas não tem mais qualquer chance.


Os números no quadro correspondem aos divulgados pelo G1 em parceria com a AP (Associated Press)(*) no momento em que foi dada como certa a vitória matemática de Biden nos estados da Pensilvânia (e Arizona) no dia 07/11/20, às 13:30 de Brasília. 

Ainda faltam ser fechados os estados de Nevada e Georgia, que provavelmente ficarão com Biden, e a Carolina do Norte que ficará com Trump. Se já entrar Nevada, Biden ficará com 290 delegados. Se vencer, ainda, na Georgia, ficará com 306 delegados, uma vitoria irrefutável. Observe que quando os votos, finalmente, forem oficializamos, e a cada candidato for atribuído os seus respectivos delegados no colégio eleitoral, a soma de delegados totalizará 538.

Um presidente americano é eleito indiretamente. Vence quem tenha conquistado a maioria dos votos no Colégio Eleitoral, que é formado por 538 delegados. O número mágico, 270, é igual a 50% mais um do total de delegados. Cada um dos 50 estados e o DF de Columbia possui um determinado número de delegados, via de regra proporcional à população e ao número de parlamentares na Camara e no Senado. Em 48 estados é adotada a regra de “o vencedor leva tudo” significando que o candidato que vencer no voto popular no estado leva todos os seus delegados; as excessões são os estados de Maine e Nebraska, que têm, respectivamente, 4 e 5 votos no colégio, divididos entre os dois candidatos com regras específicas.

Os dados mostram que Biden conquistou até este momento 284 delegados, o que corresponde a 57,0% dos delegados já conquistados por ambos os candidatos, quando precisaria de apenas 270 para vencer, e recebeu 74.847.334 (74,8 milhões) de votos diretos, o que correspondeu a 51,5% dos votos válidos populares recebidos por ambos os candidatos. Observe que a diferença entre os votos de Biden e os de Trump é de 4.256.303 (4,3 milhões) até este momento. Uma vitória incontestável. Para fins de comparação, Trump, em 2016, embora tenha sido eleito por ter conquistado um número maior de delegados no colégio eleitoral, perdeu para Hillary Clinton por 2.868.691 (2,9 milhões) nos votos diretos.

Biden, 77 anos, portanto, venceu no Colégio Eleitoral e no voto direto, uma brilhante vitória repleta de legitimidade. Tornou-se, também, o presidente eleito com a maior número de votos da história americana. Pelas expectativas que traz, em contraste com Trump, Biden resgata as melhores tradições democráticas americanas de unidade federativa, em um mundo que enfrenta os graves desafios do aquecimento global e da pandemia; e pesa, também, sobre os EUA imensas responsabilidades para promover a paz e para acabar com a fome e com a pobreza globalmente.

Por sua postura, resgatará a empatia com todos os americanos, tenham ou não votado nele e, não menos importante, a elegância, o respeito e a dignidade no exercício do cargo presidencial.

Trump, embora derrotado, também recebeu uma votação recorde como 2º colocado. Ele representa um contingente imenso de americanos frustrados com as perdas em termos de qualidade no seu modo de vida provocadas pelas mudanças trazidas pelas inovações da revolução científico-tecnológica, o que trouxe muitas incertezas ao liquidar com empregos tradicionais. Além disso, sentem-se inseguros ao verem que os novos fluxos de renda no mercado globalizado movimentam-se em benefício de novas economias emergentes no seu inevitável caminho para o progresso. 

Lamentavelmente, esses eleitores estão muito mal representados por Trump, um líder de extrema-direita, negacionista, mentiroso e que manipula e alimenta os seus sentimentos e carências em nome de objetivos inconfessáveis, e de uma ideologia confusa e obscura, anticivilizatória, irracional, antidemocrática, anticientífica e racista.

A vitória de Biden traz novas perspectivas e esperanças para a democracia no mundo e no Brasil. Certamente, inaugura-se um novo contexto político onde as chances de reeleição de Bolsonaro ficaram muito reduzidas.

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