quinta-feira, 25 de maio de 2017

Vandalismo e Democracia

de Tibério Canuto Queiroz Portela
Facebook, 25/05/17

Não é de hoje que parte da esquerda e seus movimentos sociais usam da violência para impor seus pontos de vista ao conjunto da sociedade. A ideia do “levante popular”, do assalto ao “Palácio de Inverno” vem dos tempos imemoriais.
Lembro-me que em 1969 houve saques em várias cidades do Nordeste, em função da fome causada pela seca. Pois bem, algumas organizações de esquerda viram naquele gesto desesperado de um exército de famélicos, o início da guerra popular.

Não é brincadeira, a rádio Pequim e a Rádio Tirana divulgaram, com alarde, os saques, afirmando que os camponeses pegaram em armas para derrubar a ditadura militar, e que os atos eram o embrião do exército popular revolucionário.

O mesmo delírio deve estar levando essa esquerda a entender a baderna promovida por arruaceiros no Distrito Federal como acúmulo de força para derrubar o governo legalmente constituído.

Os que em Brasília usaram do vandalismo para emparedar os poderes constitucionais da República são os herdeiros da cultura golpista que marcou a história do Brasil ao longo do século vinte. Reproduzem uma concepção utilitarista da democracia, como se ela fosse apenas um expediente tático, a ser descartada assim que as “forças populares” se erigirem em poder.

A questão democrática foi mal resolvida pelo Partido dos Trabalhadores. A simbiose com “movimentos populares” autoritários sempre esteve presente na história do PT. Quando não estimulou, foi cúmplice, pela omissão, de atos de vandalismo, de depredação de patrimônios públicos e privados, de violação de preceitos constitucionais, como o direito à propriedade e da livre circular das pessoas.

Tornou-se corriqueiro grupúsculos de manifestantes queimar pneus, bloquear ruas para impedir que as pessoas cheguem aos seus locais de trabalho. Pequenas minorias paralisam com seus atos tresloucados, cidades, transformam a vida da imensa maioria dos brasileiros um verdadeiro inferno.

Capítulo à parte é a violência no interior do movimento sindical, com seus bate-estaca e sua prática de resolver seus conflitos internos com métodos semelhantes ao do sindicalismo da Chicago dos anos 30.

Ignoram as lições dada pela história. Toda vez que a esquerda rompeu com a legalidade o país mergulhou na escuridão e ela própria pagou preço alto por seus erros.

E toda vez que optou pela via democrática e pacífica, suas bandeiras adquiriram caráter massivo. 

Até por isso o vandalismo, a depredação de ministérios joga contra o próprio movimento. Evidente que a esmagadora maioria dos brasileiros repudia o que aconteceu em Brasília.

Como não se diferencia disso e até o estimula por debaixo do pano, o Partido dos Trabalhadores pagará preço alto por namorar com a violência, com a ruptura institucional. Se Lula pensa em pescar nessas águas turvas, se arrependerá logo, logo.

A última vez que as Forças Armadas interviram no Distrito Federal foi na votação das Diretas, com as tropas do general Newton Cruz, o famoso Nini. Essa intervenção foi uma violência à democracia.

Trinta e três anos depois, as Forças Armadas estão sendo convocadas para garantir a ordem e defender as instituições da República, em observância aos dispositivos da Constituição- Cidadã.

Não é possível comparar as duas intervenções. Em 1984 foi uma conspiração contra a democracia. A de hoje é um ato de defesa da democracia. Por isso, deve ser saudada e apoiada.

O governo Temer respira por aparelhos, perdeu as condições para pilotar a transição. Mas a solução da crise institucional tem de se dar em estrita observância aos dispositivos constitucionais. 

Até lá, Michel Temer é o presidente legitimo, com os plenos poderes definido pela Constituição.

Só faço um reparo. Não é toda a esquerda que usa a violência como meio para impor seus objetivos. Há uma esquerda democrática que não embarca na aventura do totalitarismo e da truculência.

Vandalismo e Democracia não combinam. São como água e óleo, não se misturam.

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