quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Narrativas, fatos, ficção e tramas no jogo da politica

Explicamos o mundo através de narrativas. Menciono, para exemplificar, três tipos: as científicas e as que instruem os processos judiciais, que se baseiam-se em fatos e provas; a religiosa, em mitos, valores morais e crenças; a ficcional literária, uma criação artística, mas em que se debate com profundidade e beleza as coisas mais importantes da existência humana; as fakenews, travestidas de verdade, mas cujo objetivo é iludir ou enganar. 

A que segue abaixo, neste texto, do tipo ficcional, não tenta enganar a ninguém, mas trazer uma hipótese ou delineamento lógico e plausível do processo eleitoral, mais especificamente sobre as eleições presidenciais de 2022.

Não será surpresa, entretanto, a ocorrência de duas coisas opostas: (1) que logo apareçam protagonistas autorizados e mais informados a descartá-la; (2) que o seu delineamento mais geral se concretize na realidade.



O jornalista Carlos Marchi dizia, em 16/12/21, em um post em sua Linha do Tempo no Facebook:

Bolsonaro derreteu. Dissolveu-se. Gaseificou-se. Virou vento. 
Alguém irá ocupar o lugar que um dia foi dele. Gradativamente. 
Por que isto vai acontecer?
Porque uma parcela (que em 2018 foi majoritária) do eleitorado vai querer isto.”


Acho altamente provável este delineamento, por isto resolvi fazer, como comentário a este post, em 21/12/21, uma provocação com o meu amigo jornalista:


“Carlos Marchi, permita-me montar uma narrativa que, para muitos, irá parecer fantástica. Mas qual narrativa, a não ser as baseadas em fatos ou em delineamentos lógicos a partir dos fatos, não é fantástica?


Lá vai, segurem-se os interlocutores deste post em suas cadeiras. Talvez essa narrativa já tenha aparecido em algum lugar. Nao a li, mas não invoco a sua improvável originalidade.


Pois bem, Pacheco será o candidato de Bolsonaro a Presidente. E este disputará um mandato parlamentar (talvez deputado federal, que já sabe como exerce-lo sem precisar trabalhar).


Como assim, não é o próprio Bolsonaro o candidato? Não! Ele sabe que não se reelegerá. Se tiver a felicidade de chegar ao 2º turno teremos a trágica (para o Brasil) disputa dele com Lula, quando certamente perderá.


Repito: ele sabe que será derrotado! O seu problema maior, e tem tempo para pensar nisso, é não perder a imunidade, sem a qual, mais cedo ou mais tarde, irá parar em Bangú I.


Pacheco tem feito tudo, como presidente do Senado, para manter vivos os seus canais de interlocução com Bolsonaro. E bate uma bola azeitada com Lira. Sua postura equilibrada e ponderada lhe servem para evitar ou cultivar atritos que não lhe sirvam.


Kassab, por sua vez, que já o lançou candidato a presidente, e que se move, conversando com todo mundo, da direita à esquerda, para maximizar os ganhos do seu projeto de poder, está apenas à espera para que esse quadro se configure. Enquanto isso, Pacheco nem se preocupa em fazer campanha. Basta-lhe, por enquanto, a mídia que o seu cargo lhe propicia. Ele decidiu não entrar no tráfego já congestionado dos candidatos da 3ª Via.


Pacheco aguarda: ou será candidato herdeiro dos votos de Bolsonaro, ou não será candidato. Kassab e ele já estariam nesta aposta.


Olhe o plano inicial de alianças partidárias: PSD, PL, PSL, DEM (do qual saiu mantendo as portas abertas). Os dois últimos já anunciaram a fusão em um novo partido, o União Brasil. Tá bom para iniciar, não é? Outros partidos se somarão.


Pois bem, se isso acontecer, muda a estrutura da eleição! Se em meus humildes devaneios trago isso aqui, para provoca-lo, imagina o que nas madrugadas da República não se articula em sórdidas transações?”


Comentários a posteriori. Pacheco, neste caso, será capaz de libertar-se do estigma de extrema direita que Bolsonaro carrega? Para crescer, e ir para o 2º turno, será capaz de atrair os votos do campo democrático que, como em 2018, permanece querendo encerrar o ciclo da roubalheira petista? Será capaz de atrair votos da centro esquerda que somente votaria em Lula se a disputa fosse contra Bolsonaro? Essas, e muitas outras perguntas, estariam em aberto.


Para os que chegaram até aqui possam compreender o meu posicionamento, digo que votarei no candidato da 3ª Via com a maior chance de chegar ao 2º turno e tornar-se o próximo Presidente da República. Os candidatos da 3ª Via, por ordem alfabética, são Alessandro, Ciro, D’Ávilla, Dória, Mandetta, Moro, Pacheco e Simone. Até esta data Pacheco figura com apenas 1% nas pesquisas, o que torna ainda mais ficcional minha provocação a Marchi.


Defendo a necessidade histórica de dar uma oportunidade ao desenvolvimento de nossa democracia, que está bloqueada e ancorada ao passado. Lula ou Bolsonaro a manteriam presa ao passado por fortes amarras por mais quatro anos, pois os seus valores e conceitos são os do tempo da guerra fria. Portanto, luto para derrota-los eleitoralmente. Isto significa dizer que somente votarei em um candidato que represente um compromisso com a democracia provado e de grande credibilidade.


Aos que, legitimamente, sejam céticos com essa narrativa fantástica, dentre outras que a simples imaginação possa criar, que ela tenha servido, pelo menos, para demonstrar que o resultado das eleições de 2022 ainda está em aberto!



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