segunda-feira, 28 de junho de 2021

O caráter democrático da luta contra a corrupção

 Abro aqui uma discussão sobre o caráter democrático da luta contra a corrupção. Serei sucinto na colocação da questão.


Tudo bem, a anulação das condenações de Lula pelo STF lhe deram condições legais de disputar a presidência.

Mas isso não o inocentou, pois os seus processos, embora tenham grande probabilidade de prescrição, foram remetidos para a Justiça Federal do Distrito Federal.

Os fatos que envolvem o capitão cloroquina com a aquisição irregular e superfaturada da Covaxin, fazem prever a alta probabilidade de surgirem graves casos de corrupção. Este é o preço da sua aliança estratégica com o Centrão para legislar no Congresso e para governar. Ainda é cedo para saber se isso o levará ao afastamento, mas o seu desgaste se aprofundará na sociedade, e revigorará o movimento de oposição nas ruas.

A bandeira da ética, da luta contra a corrupção e para acabar com a impunidade, por seu caráter democrático, voltará a ter em 2022 a mesma importância que teve em 2018. E se o capitão cloroquina for afastado o será por esta mesma razão!

Lula, e o PT, já a tinha perdido em 2018. Bolsonaro a perdeu para 2022.

Em que mãos ficará essa bandeira? Continuaremos a subestima-la sem compreender o seu caráter democrático, ou seja de que ela faz parte, intrinsecamente, do valor estratégico da democracia? E de que não é possível construir uma sociedade mais democrática, justa e próspera se continuarmos lenientes com a corrupção?

Pois bem esta bandeira não é lulopetista e não é bolsonarista. Ela deve ser de todos os democratas, de braços abertos para receber uns aos outros, amplamente articulados, generosamente, sem hegemonismos, para produzir uma alternativa democrática capaz de romper e quebrar com essa nefasta polarização.

Isso corresponde a uma necessidade histórica, um projeto de todos nós, pelo bem dos brasileiros, um projeto de país e de nação.

Concluo este texto na 1ª pessoa, como comecei. Reafirmo minha opinião de que Lula não tem as credenciais necessárias para liderar esse projeto.

Não devemos pensar nas pesquisas eleitorais atuais, sem subestima-las, como determinantes do futuro.

Se não estaremos tratando as eleições de 2022 apenas como um jogo, em que qualquer candidato serve, desde que, pelas pesquisas de hoje (*) tenha maior chance de derrotar o capitão, e pior, seremos, mais uma vez, derrotados antes de iniciarmos o jogo que importa, o histórico, que mais uma vez será jogado em 2022.

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(*) Me permitam fazer um comentário de caráter pessoal, mas que é esclarecedor de minha metodologia.

Não sou filiado a qualquer partido, mas não sou “apartidário”, no sentido de que não me proponho a fazer uma análise “isenta”, equidistante das diversas opções políticas, como se eu fosse um mero consultor cujo único objetivo fosse ser prever os acontecimentos futuros, ou, em termos práticos, como se fosse um instituto de pesquisa eleitoral, cujo trabalho é prever quem vai ganhar as próximas eleições presidenciais.

Se essa fosse a minha metodologia, eu abriria as pesquisas de popularidade de hoje, acerca dos possíveis candidatos, veria qual é o mais forte oponente ao capitão cloroquina e passaria, de imediato, a fazer campanha por ele (mesmo que eu não gostasse dele). Muitos estão cometendo este erro neste momento.

E quero deixar muito claro que levo muito em conta as pesquisas eleitorais sérias feitas às vésperas das eleições!

Mas não é essa a minha perspectiva. Penso em eleições presidenciais como momentos históricos definidores dos rumos do país, afetando a vida de todos os brasileiros.

Considero estarem cometendo erro repetitivo todos o críticos ao lulopetismo que, recentemente, como que se apressaram, prematuramente, a declarar apoio à candidatura de Lula.

Este foi o erro de FHC.

Claro, muitos se apressarão em dizer que “ele não quis dizer isso”, que ele, do alto de sua visão, qualidades e experiência está vendo coisas que nós, os simples mortais, não estamos vendo. Que seja, mas acho que estão errados com esse “seguidismo”.

E óbvio, acho que FHC errou; pois - de forma objetiva - fortaleceu uma candidatura que reproduz a nefasta polarização política que presenciamos em 2018.

Tudo se apresentou como se quem tivesse que fazer autocrítica de suas posições e erros passados não fosse Lula, mas FHC. Tudo se passou como se o trágico erro judicial do STF tivesse sido suficiente para inocentar Lula! Ora, isso não está correto. Não devemos nos calar quanto a isso!

Pois bem, neste momento o resultado das eleições de 2022 ainda não está dado! Até lá os democratas não devem se satisfazer nem com muita nem com pouca porcaria!

Devem se colocar como construtores do futuro!

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