terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

A quem interessa o Estado Democrático de Direito?

Estado Democrático de Direito. Um conceito demasiado abstrato, não é?

Para os que defendem projetos totalitários, é conversa mole para boi dormir.

Falando claro, quem pensa assim? Os que, à extrema direita ou à extrema esquerda defendem ditaduras como o método mais eficiente para alcançarem seus objetivos políticos, porque o vêm como uma camisa-de-força que os obriga a se submeterem a regras que consideram espúrias.

Para a extrema direita, não passa dessa coisa dos que defendem os direitos humanos. Para a extrema esquerda é uma forma das classes dominantes exercerem em paz a sua exploração.


Dois são os elementos básicos do Estado Democrático de Direito: (1) a democracia representativa, no sentido de que os cargos dos poderes executivo e legislativo devem ser preenchidos por eleição e exercidos em nome do povo; (2) o império das leis, no sentido de que ninguém pode estar acima da lei e de que os contratos legais livremente acordados devem ser cumpridos. Estes elementos são exercidos em torno de valores fundamentais, como os da liberdade, igualdade, propriedade, divisão dos poderes, o da república, etc.

Mas quem são os verdadeiros e maiores interessados no Estado Democrático de Direito?
  1. Os desprovidos de poder político, a imensa maioria do povo, sem o qual a sua vida e os seus direitos não valem mais nada, estando submetidos ao arbítrio e à vontade dos que o exercem ditatorialmente, o que só é possível com a violência e com a força das armas;
  2. Os que fazem parte das minorias (sociológicas), os pobres, os pretos, as mulheres, os índios, os homoafetivos, os diferentes; novamente, em nossa sociedade, a maioria dos brasileiros;
  3. Os que dependem da liberdade em suas atividades profissionais ou cidadãs, para produzir conhecimento científico ou ensinar, para informar ao público na atividade jornalística, para competir na atividade econômica, para produzir cultura e exercer a atividade artística, para estudar e aprender o que bem entenda; enfim, a imensa maioria, os que desejam ser o que lhes indica suas vocações e individualidades;
  4. Os que querem viver livres do medo de ir e de vir, de organizar-se politicamente, e de exercer a liberdade religiosa e de consciência; ou seja, um direito fundamental de todos os seres humanos.
Mas o nosso Estado Democrático de Direito precisa ser aperfeiçoado! Ele carece de reformas de caráter democrático para acabar com a impunidade e para que centenas de aproveitadores, eleitos com o voto do povo nos poderes legislativo e executivo, parem de assaltar os brasileiros. E, mesmo, para acabar com a prática de muitos juízes de venderem sentenças. A luta contra a corrupção é, pois, uma bandeira democrática a ser erguida o mais alto possível por todos os democratas!

Muitos que defendem ditaduras aproveitam-se dessa fragilidade do nosso Estado Democrático de Direito como pretexto para atacá-lo! E a hora é esta, jamais conseguiremos defende-lo jogando as deficiências do nosso Estado de Direito para debaixo do tapete!

Alguns, entretanto, pertencentes a essa maioria dos que tudo têm a ganhar com o Estado Democrático de Direito, seguem a minorias obscurantistas que neste instante estão querendo armar o povo com a panaceia de um projeto ditatorial.

Óbvio, somente são contra o Estado Democrático de Direito os que menosprezam os direitos humanos. Recusam-se, ideologicamente, a aceitar que não são donos da verdade. Não compreendem que o melhor dos mundos é o que respeita a maior riqueza que um país possa ter, que é exatamente a diversidade de todas os indivíduos que o compõem, seja de pensamento, racial, comportamental ou religiosa.

Mas se quisermos exorcizar o risco da ditadura precisamos dar nome ao bois. Esse risco neste momento vem, exatamente, do presidente Bolsonaro, não por qualquer análise subjetiva, mas por suas inúmeras declarações públicas vastamente documentadas.

É hora da imensa maioria dos democratas, inclusive a maioria dos eleitores de Bolsonaro, dizerem não a tais intentos!

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