domingo, 3 de junho de 2018

As lições da greve dos caminhoneiros

Nós, os democratas, teremos que carregar essa "mala" de desesperança - o presidente Michel Temer - até o seu sucessor. Por mais que isso seja desconfortável e quase insuportável a alguns, a milhões ou a todos nós, isso é o melhor, institucionalmente, para o país. Esse é o preço a pagar, como o remédio amargo, para que a partir de 1º de janeiro de 2019, com um novo presidente e um novo Congresso eleitos, o Brasil retome a sua caminhada esperançosa para um futuro melhor.

Pera aí, você está dizendo que teremos que aguentar Temer como presidente, um legado da era petista no poder, até o dia 31 de dezembro de 2018? Afinal, ele não representa a velha política com suas práticas corruptas e fisiológicas, e ele mesmo, não tem contribuído para aumentar ainda mais o descrédito da política e dos políticos?  

Exatamente isso, pois na democracia a derrubada de presidentes da república somente pode dar-se no pleno respeito às normas constitucionais e legais do Estado Democrático de Direito. Três já foram as oportunidades perdidas para nos livrarmos de Temer constitucionalmente. A primeira foi quando o TSE, em 9/6/17, deixou de cassar a chapa Dilma-Temer; as outras duas foram em 2/8/17 e em 25/9/17, quando a Câmara dos Deputados negou a admissibilidade para que ele fosse julgado pelo STF. Todos acompanharam e formaram suas opiniões.

Entretanto, às vésperas do processo eleitoral, e a poucos meses do término do seu mandato, o que o país precisa, agora, é de tranquilidade e não de rupturas institucionais. 

Felizmente a luta contra a impunidade tem avançado muito em nosso país, começando com o mensalão e agora, desde 2014, com a Lava-Jato. Alguns dos mais poderosos políticos e empresários já estão condenados e presos. Temer, após concluir o seu mandato, assim como Lula, responderá à justiça.

Mas se a descrença, filha da desesperança não é, exatamente, a razão pela qual se vê crescer, em pleno século XXI, os que descreem da democracia e clamam por soluções autoritárias? E não é esse descrédito da política, no Brasil, que alimenta as candidaturas populistas, autoritárias e regressivas, como são as do lulopetismo e do bolsonarismo, que olham pelo retrovisor da história e se alimentam de velhos medos, idéias e filosofias?


Pois bem, vejamos como as lições trazidas pela greve dos caminhoneiros podem nos ajudar a aperfeiçoar a nossa democracia. Ela evidenciou, claramente, as concepções que apostam no caos, quando, unidos na prática, o lulopetismo e o bolsonarismo tentaram se aproveitar, a seu favor, de forma irresponsável e egoísta, das justas reivindicações econômicas da greve dos caminhoneiros. 

Começando pelo bolsonarismo, foram principalmente os seus simpatizantes que tentaram usar o caos gerado pela greve dos caminhoneiros para promover um golpe militar, travestido na proposta de uma “intervenção militar constitucional”. Mas não combinaram bem com os “russos”, pois as forças armadas não apoiaram essa tentativa de usá-los para promover uma ruptura institucional. O militares disseram, claramente, que são uma força constitucional da democracia, e não do autoritarismo. Esta foi a primeira lição desta crise, e não podemos fechar os olhos a isso diante de objetivo de tão clara proposta de implantar uma ditadura militar no Brasil.

O Lulopetismo, por sua vez, saiu da toca, e tentaram aprofundar o caos, chamando à fracassada greve dos petroleiros. O seu objetivo foi provocar o total colapso no abastecimento de combustíveis. Mas o movimento se viu isolado quando não foram apoiados pelos trabalhadores das refinarias e da Petrobras, pela sociedade - já cansada -, e pelo TST que decretou a ilegalidade da greve. 

Como a sociedade reagiu durante a greve dos caminhoneiros? Primeiro, reconhecendo a legitimidade das suas reivindicações econômicas; segundo dizendo não ao golpe militar; terceiro, dizendo não ao caos; quarto, recusando o “apoio” do sindicalismo pelego que nada fizera para defender a Petrobras enquanto ela estava sendo assaltada pelos seus correligionários! 

E, paradoxalmente, não existe saída fora da política! Mas não dessa política. E é preciso que se diga: é possível que a política seja a arte de construir e zelar pelo bem comum. Entre nós, brasileiros, isto não é apenas um ideal, isto é necessário e possível! Basta querermos!

Temer, eleito duas vezes vice-presidente de Dilma tem responsabilidade nesse caos? Certamente! Ele não é em nada diferente da lógica que cultuou o assalto exacerbado ao Estado promovido pelo projeto lulopetista para promover a conquista e a manutenção do poder político; esta semelhança o levou ao cargo e o fez sucessor de Dilma após o seu impeachment! 

Por que, então, manter Temer? Porque, simplesmente, para o Brasil, neste momento, não temos alternativa melhor, o que significa dizer que qualquer outra alternativa será pior!

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