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segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Fuzil, ditadura e morte, ou feijão, democracia e paz?

 Aproxima-se o dia 7 de setembro de 2021, dia da Proclamação da Independência, quando a democracia será submetida a um severo teste.

Bolsonaro, crescentemente isolado política e socialmente, está desesperado. É inteiramente responsável pelo seu fracasso como presidente, mas por saber que dificilmente será reeleito pelo voto democrático, chama os seus apoiadores - que são em cada vez menor número - para virar a mesa.


Tenta dar uma demonstração de força e arrastar as Forças Armadas para o seu projeto golpista.

Concentrará seus esforços nas mobilizações de Brasília e da Avenida Paulista em São Paulo. Uma, o centro político e, outra, o símbolo do poder econômico do país. Em ambos os lugares já sabe que os políticos e empresários apenas o suportam, apesar de todas as concessões que vem fazendo ao fisiologismo e à corrupção para obter o apoio do “Centrão” e de certos setores econômicos escolhidos a dedo.

Levará para as ruas os seus adeptos de raiz, que se orientam por uma ideologia totalitária confusa, obscurantista e negacionista de extrema direita; estes o mitificam e o merecem, e defendem o fechamento do STF e do Congresso. Não serão poucos, provavelmente serão muitos. Está jogando tudo nessa convocação para não dar vexame, e está organizando caravanas vindas de toda parte. 

Muitos defendem a violência, as armas, a ditadura e se sentem estimulados pela ideia de uma guerra civil para caçar e matar inimigos fantasmagóricos. Menosprezam o desespero de dezenas de milhões de brasileiros torturados pelo desemprego, pela falta de renda, pela pandemia e pela inflação.

Mas fuzil ou violência não substituem o feijão nem enchem barriga; ao contrário, apenas agravam a crise! Diriam, porém, que isto não afeta o posicionamento dos seus apoiadores mais radicais. Certo, parece que não há dúvida quanto a isso. Relatos respeitáveis dão conta de que grupos armados de seus apoiadores estariam dispostos à violência; e defendem que o momento é este, que não pode ser perdido e que não haverá outra oportunidade. Alguns se proporiam, mesmo, a invadir e tomar os prédios do STF e até do próprio Congresso.

Exatamente porque Bolsonaro os chama para uma guerra sem sentido, e porque a maioria dos que votaram nele já está decepcionada com a sua incapacitação intelectual, moral e mental, dezenas de milhões de seus eleitores não acorrerão ao seu chamado; sobretudo, porque são democratas, e querem viver e trabalhar em paz. E, simplesmente, a maioria dos que ainda guardam alguma simpatia por ele também não endossam métodos violentos.

O golpe que Bolsonaro quer dar só ocorrerá se as Forças Armadas o apoiarem. Esperto, não é? Ou seja, uma ruptura institucional que depende, para o seu sucesso, de um golpe de estado que elas não querem dar! O que as faria endossar semelhante desatino? O caos, uma situação de violência e de confronto com mortos nas ruas? Talvez, mas improvável.

Em síntese, Bolsonaro está chamando as Forças Armadas para dar um golpe militar, simplesmente, para atender ao seu delírio autoritário de governar como ditador. Mas nos seus quase três anos de mandato ele tem sido, antes de tudo, uma desgraça para o país, que seria ainda maior se houvesse um impensável rompimento com a democracia. Portanto, as FA já não o levam mais a sério, e estão querendo vê-lo pelas costas.

Sua lealdade ao presidente se dá exatamente dentro dos preceitos institucionais do Estado Democrático de Direito. E nisto permanecerão firmes, a não ser que ele cometa algum desatino insustentável! Talvez esteja próximo disso. Neste caso, ao invés de empregarem as FA para um golpe, darão o sinal verde para o seu impeachment ou interdição, enquanto atores institucionais fundamentais que são da democracia brasileira.

Em poucos dias, no dia 7/09, essa tese, de que as FA se manterão dentro dos limites constitucionais será submetida a severo teste. Faltam poucos dias; cabe a todos os democratas se manterem ativos e alertas.

O que nós, democratas, podemos e devemos fazer? Primeiro, chamar a todos, inclusive aos democratas que votaram em Bolsonaro, para que fiquem em casa e longe das ruas no dia 7/09. Segundo, chamar a todos para a manifestação do dia 12/09, quando inundaremos as ruas, aos milhões, com o verde e o amarelo, para que retomemos o caminho da democracia. Neste dia as cores de nossa bandeira serão resgatadas e passarão a estar nas mãos certas, as dos democratas! A história não andará para trás!

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