quarta-feira, 26 de agosto de 2020

O PowerPoint do Dallagnol

Recordando-o, em homenagem a um servidor público brilhante e íntegro. Sua culpa foi falar a verdade!

Dallagnol, por ter tido a coragem de mostrar o óbvio, e pelo seu papel competente como procurador-chefe da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, está sendo perseguido. Mas no dia 25/08/20, terça-feira, o Conselho Superior do Ministério Público arquivou o processo contra ele, o que foi muito positivo.

A equipe de procuradores responsável pelo PowerPoint foi audaciosa. Colocou nele algumas obviedades, até ingênuas; se expuseram e pagaram um preço pessoal alto por isso. 

Os primeiros a saberem que tudo ali, essencialmente, são fatos, são os próprios envolvidos. Mas, claro, não poderia ter sido dito! Acusam aos procuradores de fazerem política, extrapolando os limites da legalidade (estranha essa acusação, não é?). Mas agiram, assumiram riscos e fizeram a diferença, pois ajudaram no fundamental: o esclarecimento de crimes.

O mais grave pecado do PowerPoint foi ter colocado o guizo no pescoço do gato. Mostrou Lula como o pivot de tudo. E, paradoxalmente, este foi o seu principal acerto!

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

A estratégia dos rabos-presos contra a Lava-Jato

A Lava-jato, de certo, não está acima da lei. Foi cumprindo os exigentes requisitos do devido processo legal que alguns bandidos de colarinho branco, os mais prejudiciais à sociedade, foram condenados em várias instâncias.


Claro, a lava-Jato não está isenta de erros. Sobretudo, a sociedade precisa mover-se em apoio ao aperfeiçoamento dos procedimentos jurídico-legais de combate à corrupção e à impunidade para que ela continue a prestar a sua imensa contribuição.

Mas alguns querem líquidá-la! São os que por ela foram atingidos, particularmente, políticos e empresários poderosos, que viram-se flagrados em práticas gravemente prejudiciais ao país. No total, já tiveram que devolver bilhões de reais.

Acostumados a cometer crimes impunemente, reagem para invalidar e anular os processos responsáveis por sua desgraça. Voltam-se contra os agentes do Estado que conduziram os processos. Sua estratégia é desmoralizá-los usando a extensa rede subterrânea existente, com braços na justiça, para defender os interesses dos poderosos.

No nosso sistema jurídico as cadeias não foram destinadas a criminosos de colarinho branco. Mas a Lava-Jato nunca processou e condenou um negro, um pobre ou um favelado. Processou e condenou os mais poderosos pela primeira vez na história do Brasil, exatamente os envolvidos com a corrupção. Este foi um acinte insuportável, pois essas não são as regras do jogo!

Como ousam esses funcionários públicos, esses “juizecos”, levá-los às barras dos tribunais? Por isso, por ter tido a coragem de proferir sentenças condenatórias contra eles, Sergio Moro foi eleito como o inimigo principal.

Mas a bola da vez agora é o Deltan Dallagnol, o brilhante e íntegro procurador-chefe da força tarefa da Lava-Jato em Curitiba.

A questão fundamental, entretanto, para nós, cidadãos, é o profundo caráter democrático da Lava-Jato, pois tem sido com o rigor da lei, e dentro das premissas do Estado Democrático de Direito, que ela tem realizado o seu trabalho; ela está fazendo valer o Art. 5º da Constituição que, em seu caput, estabelece a igualdade de todos os cidadãos perante a lei. Quem é contra isso? Já os conhecemos, alguns a sociedade já sabe nomear. Infelizmente são muitos, e alguns são até juizes do STF. Mas para que o Brasil seja mais justo e desenvolvido não podemos mais conciliar com a corrupção e com a impunidade, que bloqueiam o próprio desenvolvimento de nossa democracia.

Ninguém tem bola de cristal, mas é previsível que esses criminosos serão derrotados, não apenas porque é necessário, mas porque já começaram a sê-lo com as suas condenações. Esta ofensiva atual da “santa aliança” dos rabos presos, uma exdrúxula coalisão com representantes de todos os matizes políticos, que vai da esquerda à direita, encontrou na Lava-Jato, e nos seus agentes executores, jovens PFs, procuradores e juízes, os seus inimigos principais. Mas nunca o Brasil deveu tanto a tão poucos! E não podemos ficar passivos enquanto os vemos serem perseguidos.

Os que se opõem à Lava-Jato agora são os mesmos de antes, os únicos capazes de pagar os mais caros advogados, pois o fazem exatamente com o dinheiro da roubalheira.

Mas esses criminosos estão cada vez mais isolados em virtude do apoio social que a Lava-Jato recebe. E isto não mudará, embora estejam vivendo uma fase de entusiasmo fugaz, ao receberem, como poderoso aliado, recentemente, a Bolsonaro, o presidente da república, e a Aras, o atual Procurador Geral da República. Este é outro capítulo de nossa tragédia.

Mas isto também passará!

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Posicionamento sobre o aborto

Todos os que defendem a vida devem ser a favor do aborto legal da menina de 10 anos estuprada, e contra todo fundamentalismo religioso intolerante, que sempre esteve envolvido, aliás, ao longo da história, com bárbaros crimes contra a humanidade.


segunda-feira, 27 de julho de 2020

O capitão cloroquina


Abaixo, a curva das médias móveis de mortes diárias no Brasil. Um longo patamar persistente acima das 1.000 mortes. Uma curva única, singular, brasileira, sem igual.

Até os eleitores mais esclarecidos do capitão cloroquina já se renderam ao fato de que uma das causas mais importantes para explicar a persistência desse patamar é a influência negativa do presidente e do Ministério da Saúde, que se posicionam contra o isolamento e afastamento social, a única estratégia preventiva efetiva para diminuir o número de casos e de óbitos causados pelo COVID-19 e combater a pandemia.

(Gráfico trazido de Jayme Serva)


sexta-feira, 24 de julho de 2020

Reflexões sobre a felicidade

Felicidade é um sentimento de gostar da vida na perspectiva de quem vive o momento presente olhando com esperança para o futuro.


No limite, se diz que um indivíduo totalmente “sem perspectiva” se sente profundamente infeliz, e por vezes não deseja mais viver.

Felicidade refere-se, sem dúvida, aos sentimentos vinculados ao prazer de viver.

Mas o momento presente, no qual se está vivendo, pode não estar sendo prazeroso: a pessoa pode estar vivendo um momento difícil; pode estar doente; pode ter tido um acidente; pode ter se envolvido em um conflito; pode ter tido perdas irreparáveis de pessoas queridas, estar desempregada e com problemas financeiros. Este momento, entretanto, pode ser, existencialmente, como um instante, e os sentimentos e sofrimentos que ele envolve, mesmo que sejam graves, não sejam breves, ou por vezes pareçam que não terminarão nunca, provavelmente passarão, pois a vida quer e precisa viver. Sobretudo, não necessariamente determinam um sentimento de “infelicidade”.

Exatamente por isso, felicidade refere-se, também, aos sentimentos que expressam os significados maiores - ou valores estratégicos - que cada um atribui à própria vida.

Esses significados, descritos por crenças, sonhos, projetos, valores e objetivos fundamentais, dão aos indivíduos uma visão em perspectiva da própria vida revigorada pela esperança em um futuro melhor.

Como esses significados orientam suas decisões e ações, eles influenciam fortemente os seus sentimentos de felicidade presente ou futura, pois determinam a forma como cada um enfrenta as suas dificuldades presentes e tenta construir o seu futuro.

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Aniversário em tempos de pandemia

Tendo recebido dos amigos virtuais no facebook centenas de felicitações gentis pela passagem de meu aniversário no dia 16 de julho, sensibilizado, postei o meu agradecimento:


Queridos amigos e amigas, quero agradecer a todos os que ajudaram a tornar mais feliz a passagem do meu aniversário. Se o Facebook já não fosse esse instrumento fantástico de aproximar as pessoas distantes para trocar opiniões sobre tudo, ele é, também, um espaço de afetividade.

Já vivemos em um novo mundo de trabalho, estudo, político, cultural, econômico e de relações afetivas à distância. Claro, ele jamais substituirá os abraços, o toque e os beijos de que tanto precisamos, mas a pandemia fez chegar mais rápido o “novo normal” para o qual já caminhávamos.

Certamente, aos 75, com as minhas comorbidades naturais, embora eu tenha sido agraciado com o temperamento de um esperançoso de luta, confesso que depois de passados dois meses de isolamento e afastamento social compreendi que o sentimento que me invadiu, de saber que se o coronavírus me pegasse provavelmente me levaria, não me fez bem.

Percebi-me como que navegando sem rumo num mar tempestuoso. Pois, se a vida quer viver, não nos compraz apenas preservá-la para chegar ao dia seguinte; precisamos, também, dos objetivos maiores que lhe dão significado!

Mas, se não podemos viver como antes, temos que saber transitar mais rápido para esse novo normal. Pessoas de minha idade, e até os mais novos, diria, mesmo, a própria juventude, terão que manter o isolamento e o afastamento social sabe-se lá até quando. Não fico sonhando com a vacina, pois acho que não devemos abaixar a guarda.

Isolamento, máscara, álcool gel e distanciamento vieram para ficar, e não se sabe até quando. Com os novos cuidados teremos que voltar a nos sentir vivendo uma vida de qualidade.

Eu, com minha idade, aposentado, agora tento seguir os ensinamentos de minha filha, Andreia Torres, nutricionista, 45, que há muito tempo trabalha com uma filosofia de “home office”. Ela diz: - Começo a trabalhar seguindo uma rotina. Todo dia eu me arrumo, me maquio e “saio” pra trabalhar. Sigo o protocolo, tantas horas de trabalho pela manhã, pela tarde, hora do almoço e paro à mesma hora todo dia. Faz isso há mais de uma dezena de anos. Claro, tem a hora da caminhada, do exercício físico e da meditação. É casada. E lá vai ela, produtiva e cheia de projetos. Escreve livros, dá consultorias, cursos on-line, atende clientes e participa de Conferências.

Comecei a me sentir melhor. Retomei as atividades físicas, saio pra caminhar, cumpro os protocolos de distanciamento e voltei a estudar e escrever. Claro, cada um tem o seu projeto, adequado à sua história de vida e preferências. E parei de me preocupar com o sentimento da morte iminente, pois, afinal, viver sempre foi uma atividade de riscos! E, para facilitar as coisas, o Bolsonaro nas duas últimas semanas não tem nos assustado com as suas ameaças de golpe!

Um grande abraço a todos vocês, os meus queridos amigos do Facebook.

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Sobre intolerância & intolerantes

Os que nos encontramos nas redes sociais frequentemente nos deparamos com o fenômeno da intolerância.


Cada um de nós tem o direito legítimo de criar um círculo inteligente, afetivo e agradável de amigos que nos ajude a conquistar uma maior qualidade de vida, não importa como a definamos pessoalmente.

Entretanto, um grupo inteligente, afetivo e agradável não é, nem pode ser, de pessoas que pensem igual. O que precisamos combater é a intolerância, ou incapacidade de conviver com os diferentes. Este é um exercício que todos devemos praticar diariamente.

Como identificar intolerantes? Dou abaixo uma pequena lista de características sem a preocupação de ser exaustivo; vocês se lembrarão de outras:

(1) não sustentam opiniões baseadas em argumentos;
(2) ofendem e desrespeitam, muitas vezes usando palavras de baixo calão, aos que proferem opiniões de que discordem;
(3) são propagadores de “posts” fakes produzidos por centrais politicas de desinformação a serviço de suas “facções”;
(4) frequentemente gostam de redigir seus posts em letra maiúscula, como se estivessem “berrando”, falando alto ou impondo seus pontos de vista; excluo apenas, dentre os que redijam assim, os que tenham necessidades visuais especiais;
(4) não conseguem conviver respeitosamente com a divergência, quando se defrontam com textos diametralmente opostos às suas opiniões;
(5) os que se desesperam - e se exasperam - quando vêm que não conseguem “convencer” aos outros da sabedoria, inteligência e lógica “incontestável” de suas opiniões; esquecem-se de que as pessoas não são convencidas, mas “convergem”, ao longo do tempo, em opiniões, a partir de suas próprias experiências de vida, da confiança que tenham no interlocutor, e de suas próprias referências intelectuais, políticas e ideológicas;
(6) os que trabalham com critérios de verdade “absolutos” e não relativos, esquecendo-se que a convergência de opiniões depende da aceitação, com base lógica, de um patamar comum de informações e de valores; muitos, como se sentem o “centro do universo”, consideram que atributos subjetivos, tais como o bom, o bonito, o justo, o moral, o ético, etc., só podem ser medidos pelo seu esquadro.

Essa lista poderia alongar-se; posto-a aqui apenas para abrir a discussão; certamente, devo ter deixado de fora outros aspectos muito importantes.