terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Moro: - "...minha paciência é infinita"

Uma das frases que Moro usou na entrevista dada ao Roda Viva na edição do dia 20/01/2020 (*) é que a sua “...paciência é infinita”.


De fato, ele precisa dela, pois há uma contradição real entre Moro e Bolsonaro. E muitos torcem para que Moro chegue à sua capacidade limite de engolir sapos e saia do governo por conta própria.

São, praticamente, dois os posicionamentos dos que torcem por isso: (1) o dos rabos-presos, ou seus militantes, que sabem que a saída de Moro do governo não apenas o enfraquecerá, mas, sobretudo, fragilizará a luta contra a corrupção; (2) o dos que, contraditoriamente, gostam de Moro, reconhecem a importância da Lava-Jato e defendem o caráter democrático da luta contra a impunidade, mas acham que a permanência de Moro fortalece a Bolsonaro, que consideram um fascista.

Os “rabos-presos” e seus militantes, diga-se de passagem, formam uma “santa aliança” dos que temem e combatem a Lava-Jato. Estão em toda parte, no governo, no legislativo, no judiciário, e se articulam suprapartidária e supra-ideologicamente à esquerda, ao centro e à direita do espectro político.

Sou dos que defendem a permanência de Moro no governo, mesmo tendo que engolir sapos, porque tudo em política é passageiro, e porque a luta contra a impunidade é um valor permanente da democracia. Como acho que este valor está nas mãos de Moro, e não nas de Bolsonaro, que estou convencido passará rapidamente, mais importante ainda ter calma e paciência até atravessar este mar revolto.

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segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Em defesa de Moro

Um querido amigo, democrata provado, coloca objeções quanto à permanência de Moro no ministério.

Sua preocupação, como entendo, não é porque não reconheça a importância de Moro na luta contra a impunidade dos criminosos de colarinho branco e os incontestáveis resultados alcançados pela Lava-Jato neste objetivo.


Sua preocupação é a de que a continuidade de sua presença no governo colocaria em dúvida o próprio caráter democrático da luta contra a impunidade. Reporta-se ao fato de que as experiências fascistas na Europa da primeira metade do Séc. XX registraram que o combate à corrupção foi uma mera retórica para implantarem, ao final, regimes ainda mais corruptos e totalitários, que levaram à desgraça dos 85 milhões de mortos da 2ª guerra mundial.

Tenho defendido que Moro somente saia do governo se Bolsonaro o mandar embora. Sei que corro o risco de ser criticado por alguns na própria perspectiva dos democratas, mas Moro fez história e hoje tem um apoio na opinião pública maior do que o de Bolsonaro. Por isso assumo o risco. Mantenho o meu apoio a Moro.

A recente rejeição da maioria democrática da sociedade ao “Plano Bolsonaro/Alvim” para a Cultura mostra-nos que vivemos em um outro contexto e que podemos ter fundadas esperanças.

Na verdade, Moro, ao ter deixado a sua carreira de juiz, à qual não pode mais voltar, ficou sem melhor alternativa a não ser resistir a todas as traições de Bolsonaro e ir engolindo os sapos. Ele somente perderia - e todos nós - se saísse por conta própria, como querem os rabos-presos, fazendo o papel de “nervosinho”, “traidinho”, “coitadinho” e “indignadinho”. Não creio que seja de sua personalidade, e isso me faz gostar ainda mais dele.

Por isso, optou por marcar claramente suas posições, contrárias às de Bolsonaro; e, enquanto ele só cresce em apoio, Bolsonaro só cai.

Se persistir, e não cair em nenhuma armadilha, manterá o seu prestígio e lhe estará assegurada, em outro momento, a continuação da missão a que se atribuiu de aperfeiçoar as instituições jurídicas democráticas para acabar com a impunidade. 

Acho que ele deve persistir neste objetivo que lhe deu importância social e política, e aproveito para deixar claro, também, que não estou engajado na sua candidatura a presidente da república!

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Que 2020 vamos deixar para a História?



“Que 2020 vamos deixar para a História?

Senhoras e senhores, meninas e meninos, bem vindos a bordo.

Iniciamos 2020 sem conseguir ainda espantar completamente os fantasmas de 2019, que definitivamente foi um ano marcado por acontecimentos trágicos.

Agora, em poucos dias, Trump ataca o Irã, incêndios florestais devastam a Austrália, um catador de material reciclável é incendiado na Mooca, Bolsonaro diz que os livros didáticos são lixo porque "têm muita coisa escrita"...

Meu Deus, olhai por nós!

Ora, mas se até o Papa Francisco começou o ano dando uns tapas na mão da mulher sem noção que puxou o braço dele, não espere algo muito diferente de nós.

Vamos bater pesado (no sentido figurado, espera-se) em lunáticos e fanáticos de direita ou de esquerda e em puxa-sacos de Bolsonaro, Lula, Doria, Huck e quem mais aparecer por aí como salvador da pátria.

Sim, fazemos oposição ao bolsonarismo. Não, não queremos Lula de volta. Para espanto e incompreensão do raciocínio binário dessa polarização burra e deletéria que toma conta do Brasil, acreditamos que é necessário encontrar uma saída equidistante, equilibrada, sensata e racional entre as quadrilhas petistas e as milícias bolsonaristas.

O mundo vive cada vez mais um clima de guerra. A civilização vem perdendo espaço para a barbárie num ritmo alucinante. Predominam o ódio, o preconceito, a intolerância. Em nome de ideologias, religiões, costumes e interesses, reacionários e obscurantistas fazem apologia de ditaduras, da censura, da tortura e do terror. Não é possível que essa escória seja maioria.

Em 2020, ao menos por aqui, não passarão!

Como disse Rui Barbosa: "A pátria não é ninguém: são todos; e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à ideia, à palavra, à associação. A pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo; é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade."
Em 2020 vamos batalhar por mais sensatez, empatia, solidariedade, altruísmo, racionalidade e inteligência emocional. Por uma consciência ambiental e sustentável, pelo amor à humanidade e aos seres vivos, pela preservação da natureza, pelo respeito à diversidade. Não é por favor ou obrigação, mas até por instinto de sobrevivência.

A vida não é monopólio da direita ou da esquerda. Nem a inteligência. Será que tudo que falamos, pensamos e postamos precisa passar sempre por um filtro partidário, político e ideológico? Ô chatice, sô!

Não é possível que até um "bom dia" ou um "feliz ano novo" gerem polêmica, discussão, agressão. É inadmissível que não possamos ter opiniões divergentes sem sermos xingados, ameaçados, perseguidos.

Se até o cérebro tem dois hemisférios; e o coração, dois ventrículos: o direito e o esquerdo, custa botar os dois juntos para funcionar?”

A traição de Bolsonaro a Moro

A última tacada de Maia e Toffoli, em articulação com Bolsonaro, para retirar de Moro poder de influência e capacidade de combater a impunidade é retirar a Segurança Pública da alçada do seu ministério; com isso ficará sacramentada a traição de Bolsonaro aos seus eleitores, que acreditaram e o elegeram acreditando que ele tinha compromisso com o combate à corrupção.


Depois disso Bolsonaro despencará nas pesquisas de popularidade, e submergirá em descrédito na onda de indignação com a sua propaganda enganosa.

De Andrei Meireles (*):

“Em meados do ano passado, um acordão entre Jair Bolsonaro, Dias Toffoli e Rodrigo Maia por muito pouco não conseguiu derrubar Sérgio Moro e barrar os avanços da Lava Jato e de outras grandes investigações sobre corrupção. Em conversas no alto escalão da República nesse final de ano em Brasília, pelo menos três fontes confirmaram que, em setembro, Bolsonaro resolveu demitir Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Só não consumou o ato por causa das ponderações dos generais Augusto Heleno e Luiz Eduardo Ramos, na época com o cacife em alta no Palácio do Planalto.”

Observação. Eu sei que muitos eleitores ou não de Bolsonaro consideram as notícias relacionadas à existência de um “acórdão” entre Bolsonaro, Maia e Toffoli meramente especulativas. Alguns até a consideram intencionalmente “fake”. Mas eu gostaria de dizer que eu não acho, por isso eu as publico. Aliás, essa tese já vem sendo trazida aqui há vários meses. O comportamento dúbio de Bolsonaro em vários momentos durante o primeiro ano de governo como que insistem em comprovar essa tese. Sou dos que consideram que as ilusões - que negam a realidade - são armadilhas da mente muito mais perigosas. Melhor, sempre, é a realidade objetiva dos fatos, mesmo que inicialmente conhecê-los, e reconhecê-los, possa ser muito doloroso.

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domingo, 5 de janeiro de 2020

A incontestável credibilidade de Moro

A incontestável credibilidade de Moro. Insisto, não é para implicar com ninguém, mas porque julgo que as ilusões não nos ajudarão a construir um Brasil melhor e livre da impunidade. A realidade objetiva será a nossa principal aliada. Se somos sérios, temos que considerá-la.
Ridiculamente, Bolsonaro, hoje, tem menor credibilidade que Lula. Felizmente, em minha opinião, os democratas, que são dezenas de milhões, e a maioria dos brasileiros, estão cada vez mais convencidos de que temos que encontrar, para 2022, uma alternativa aos polos do bolsonarismo e do lulismo.

Este post está baseado em pesquisa do DataFolha (*).

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sábado, 4 de janeiro de 2020

Queremos um 2020 bem redondo!

Minha charge da semana:

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020