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sábado, 3 de abril de 2021

POR QUE FOI POSSÍVEL O CAPITÃO CLOROQUINA DAR CREDIBILIDADE À NARRATIVA FAKE DO GOLPE MILITAR?

Uma narrativa falsa, ou fake, em confronto com a realidade, tem sobrevivência por tempo limitado. Em 2022 o capitão cloroquina não existirá mais, sequer, como candidato.


A narrativa de que o capitão teria apoio das FFAA para dar um golpe ganhou verossimilhança pelas seguintes razões:
1. Ele, de fato, quer dar o golpe e governar ditatorialmente;

2. Os militares, realmente, votaram nele, ficaram felizes com a sua vitória e aceitaram participar do seu governo para lhe dar força; é possível, adveio, também, um certo sabor nostálgico da idealização que alguns mantêm do período da ditadura militar;

3. Até recentemente os militares ainda tinham dificuldade de aceitar que o capitão não passava do velho tenente tresloucado e insano que tinham sido obrigados a expulsar da força há trinta anos.
Essas três razões nos têm mantido, a todos os democratas, preocupados e assustados, principalmente porque poucos duvidam que o capitão cloroquina - a 1ª razão -, realmente tem esse objetivo. Por isso, a análise da possibilidade de um golpe precisa ser considerada dentro de um contexto mais amplo, como o contido no artigo “Três hipóteses para analisar as perspectivas políticas” (*).

Com a reforma ministerial que procedeu recentemente, em particular a que levou à substituição traumática do Ministro da Defesa, e ao pedido de demissão conjunta dos comandantes das três forças armadas, o capitão voltou a causar novas apreensões. Sem dúvida, buscou um maior alinhamento das FFAA com o seu posicionamento. Porém, a não ser os que se assustam facilmente, poucos são os que consideram que ele foi vitorioso no seu intento!

A “mitificação” de sua personalidade desabou. O capitão cloroquina não passa de um “balão” vazio, em queda, cuja bucha já queimou. A forma insana como ele enfrentou a pandemia levou os militares à rápida compreensão de que estavam diante do velho tenente; não fossem os seus desatinos talvez isso não tivesse ficado tão evidente e tão rápido.

Logo viram, também, que um dos aspectos em que se revela a sua insanidade é a forma como se diverte em nomear, humilhar e exonerar generais, e de considera-los como o “seu exército”, do qual possa dispor para realizar o seu plano de romper com as instituições democráticas, com a Constituição e com a legalidade.

O saldo positivo desta crise foi revelar cristalinamente que as FFAA, enquanto instituições, jamais estiveram no projeto do golpe. Refletem, naturalmente, a insatisfação dos brasileiros com a ineficácia do sistema político e com a corrupção. Consideram-se Instituições de Estado e não de um governo particular; fazem análises sofisticadas do contexto político, tanto do interno como do internacional, e estão comprometidas com a democracia e com a liberdade.

Portanto, nas FFAA, se têm que ouvir o capitão, pois é o presidente, e principalmente calar, a narrativa do golpe já desmoronou, e desejam vê-lo pelas costas. Seguramente, não consideram conveniente a sua reeleição. Nisto não poderiam ser diferentes da maioria dos brasileiros, que são democratas.


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Um comentário:

  1. A associação desse Governo erratico ao apoio das FFAA não foi o nó de gordio. Ele, espertamente ou não, a depender de laudo psiquiátrico se blindou com elevado número de militares que aceitaram por mais de dois anos esse desmandos, de um tenente irriquieto. Por que levaram dois anos e meio para repensar uma decisão já tomada? Pior e aceitar a promoção de General de brigada para divisão de um ministro que não entende nada de logistica e nenos ainda de saúde. Por conhecer um pouco do passado, creio que os militares da ativa no exercício político ainda seja contra o Regulamento Disciplinar. Os que se envolvem com política governamental e estejam na reserva não devem demonstrar o grau de servilidade que vem sendo observado. Já me manifestei anteriormente: não houve movimento de ditadura em 64. Os estudiosos não lêem que o congresso pediu socorro e que populações imploraram: Jango não. Figueiredo que tinha pavio curto sequer se deu ao trabalho de passar a faixa ao Sarney. Já conhecia a"peça". São visões de dentro para fora e de fora para dentro. Militares da ativa servindo ao Governo não é adequado.

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