domingo, 27 de março de 2016

Einstein e os manifestos

Interessantes os manifestos políticos ditos de intelectuais. Relato um caso famoso, do mundo da ciência, ocorrido na década de 20 do século passado, na Alemanha, quando o partido nazista já se fortalecia.


Einstein, membro da Academia Prussiana de Ciências, e professor da universidade de Berlim, já consagrara-se no mundo da ciência com a sua "teoria geral da relatividade", que concluíra em 1915. Em 1921 já tinha ganho o prêmio Nobel de física.

Mas havia um problema: ele era judeu. Naquele clima de amargor e frustração dos alemães pela derrota, após a 1ª guerra mundial, esse parecia um bode expiatório convincente: os judeus seriam, para os nazistas, um bom culpado e um câncer a ser extirpado! Pululavam por toda parte manifestos e textos contra uma certa "ciência judaica"!

Em certa ocasião, teria sido instado a participar de uma ampla reunião com cientistas alemães para debater a teoria da relatividade; em meio aos discursos inflamados que se sucederam contra a teoria, ele teria dito, simplesmente: - "não sei porque todo esse alvoroço, e aplausos ruidosos aos seus discursos, pois bastaria que apenas um de vocês estivesse certo, e a teoria da relatividade desabaria imediatamente..." (*).

Bem, aqui estamos, a ciência não vive mais sem a teoria da relatividade, e o nazismo foi para o lixo da história!

Desconfiemos, portanto, sempre, de "manifestos políticos" antes de assina-los! Eles, frequentemente, trazem o risco de tratar-nos apenas como rebanho!

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Outro episódio em que Einstein, com sua reconhecida coragem moral e intelectual, já confrontara-se com "manifestos políticos", foi quando, em outubro de 1914, já membro da Academia Prussiana de Ciências e professor da Universidade de Berlim, recusou-se a assinar um manifesto de cientistas e intelectuais alemães em apoio ao militarismo alemão, denominado “Apelo ao mundo culto”. 

Este episódio foi marcante em sua vida, no clima de radicalização da primeira guerra mundial, pois ele foi o único entre os seus pares que recusou-se a ser signatário desse manifesto. Ele estava certo, perante sua consciência e a história!

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(*) Outra versão deste episódio:

Foi publicado na Alemanha, em 1931, um livro chamado “Cem Cientistas Contra Einstein”, que não passava de um panfleto anti-semita. Einstein teria reagido ao mesmo com as seguintes palavras:

- "Se eu estivesse errado, bastaria um."

(Uma breve história do tempo. https://books.google.com.br/books?isbn=8580576474 - Stephen Hawking - 2015)

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